HEATHENS, draken

Chapter twenty three;

— Se metendo em confusão de novo, Izana.

Você disse enquanto passava soro pelo machucado do menino que fazia uma careta cada vez em que a gaze tocava a pele ferida, Izana sempre gostava de se meter em confusões, principalmente quando tratava de você.

— Eu só estava te defendendo. — recrutou.

Você riu terminado de colocar os últimos curativos, depositou um beijo na bochecha do menino que ficou levemente corado.

— Obrigada, mas sabe que sei me defender sozinha.

— Claro que sei, mas enquanto tiver a mim não vai precisar mexer um dedo. — disse sorrindo. — Eu sempre vou estar lá para te proteger.

— Sempre?

— Sempre

Vocês juntaram os medinhos rindo, olhou para o menino que parecia tão alegre, mas algo parecia estranho, já havia vivido isso.

Isso é um sonho?

Sim, é um sonho, a última coisa que se lembra e de estar estirada no chão sangrando após ter sido atropelada.

Sentia saudades desse Izana, o que te protegia, o que te amava, o que aconteceu com ele?

É verdade o acidente.

O acidente daquela noite mudou ele.

☾

Seus olhos se abriram de uma vez e um pulo você se sentou na cama, novamente em um hospital, levou a mão até a barriga e olhou para o lado encontrando Draken sentado em uma poltrona, ele dormia, havia alguns copos com café em cima da mesa.

Por quanto tempo ficou apagada?

— Draken. — o chamou fazendo com que ele se assustasse. — O bebê está bem?

Perguntou no impulso, após ver a cara de confuso dele se lembrou que ainda não havia contado.

— Que beb... — foi interrompido antes de concluir a frase pelo médico que entrou no quarto.

— Senhorita, você acordou. — ele foi até você. — Como você se sente?

— Eu estou bem, mas quero saber do meu bebê.

O médico te olhou, aquele olhar já dizia tudo.

— Que bebê, [Nome]? — o loiro perguntou em um tom mais elevado fazendo com que você encolhesse os ombros.

— Vou deixar vocês conversarem, depois volto para explicar tudo.

O médico disse saindo do quarto os deixando a sós, você respirou fundo levando a mão até a cabeça percebendo que havia uma faixa na mesma, Draken ainda te olhava querendo explicações.

— Eu estava grávida, Draken. — você reuniu forças para falar. — Descobri a pouco tempo e...

— Quando pretendia me contar?

— Eu estava indo te contar. — sentiu seus olhos encherem de água. — Era isso que eu estava fazendo.

Você começou a chorar, agarrou suas pernas colocando a cabeça entre elas, por mais que ainda não soubesse se iria ficar ou não com aquela criança, era uma vida.

Uma vida que foi tirada de você sem seu consentimento.

E você jamais perdoaria o Izana por isso.

Sentiu o loiro sentando na cama próximo a você, sentiu os braços dele envolvendo seu corpo.

— O que importa é que você está bem. — ele passou a mão em seus cabelos. — Quando te vi naquele chão, quando eu vi todo aquele sangue, eu pensei que ia te perder.

— Não, não é isso que importa. — se afastou dele balançando a cabeça várias vezes. — Ele não tinha esse direito, não tinha.

— Ele? Ele quem [Nome]?

— Não importa, nada importa agora. — virou o rosto olhando para grande janela, ainda chovia. — Quer saber, vai embora Ryuguji, não quero ter que suportar o peso de te olhar agora.

Ele te olhou confuso se levantando, mas logo ele tinha uma expressão de raiva no rosto.

— Não, não me mande embora [Nome], não agora.

Disse com a voz ligeiramente embargada, poderia até dizer que ele estava chorando, mas você não sabia pois não estava o olhando.

— Por favor, não torne as coisas mais difíceis.

Respondeu ainda olhando as gotas de chuva que caiam do lado de fora,escutou a porta se abrindo olhou para frente vendo que ele realmente tinha ido embora, um lado seu não queria que ele tivesse ido, queria que ele tivesse te xingado, te beijado e falado que não, que ele iria ficar.

Mas o outro lado, o lado da culpa, não suportava mais olhar a cara dele.

[...]

O médico entrou na sala e te explicou tudo que havia acontecido, mas sinceramente você não escutou metade, apenas entendeu que o feto era muito pequeno e nem considerado vida era, estava com mais de um mês, seis semanas para ser mais exata, também explicou que mesmo que a gravidez tivesse vingado seria de risco.

"Foi melhor assim", como o mesmo disse.

Por sorte você apenas teve machucados pelo seu corpo que só te causariam algumas cicatrizes, mas algumas para a coleção que você já tinha.

O resto da noite Senju passou com você, ela tentava te confortar da maneira dela, afinal ela te conhecia e sabia da sua força.

Havia passado por tanta coisa e com certeza passaria por isso também.