Wow! Bem que chamam aquilo de "gatilho para ovulação" porque foi quase um tiro mesmo. Uma loucura! Um pesadelo!
Eu estava mais do que feliz em usar a minha última injeção. Feliz porque, finalmente, era a última. Tinha doído que só o inferno. Eu provavelmente deveria ter tirado da geladeira uns minutos – ou horas – antes por que... Meu Deus! Foi horrível. Ao menos, era a última. Eu tinha pesquisado todo o tipo de dica para ajudar. Gelo antes da aplicação, massagem depois, tirar alguns minutos antes da geladeira, não deixar na geladeira e mesmo assim, tinha doído e eu estava começando a ficar um tanto roxa na região das aplicações. Algo que eu culparia os comprimidos de Aspirina, mas eu sabia que era só porque eu estava fazendo algo de errado ou era o esperado que acontecesse. De qualquer forma, essa era a última injeção e se dessa vez a inseminação não funcionasse, eu ia culpar o Dimitri e seus nadadores preguiçosos.
— Hoje é o grande dia? – Nikolai perguntou quando eu quase me joguei no banco de traz do carro. Eu não sei se a minha barriga inchada era dos remédios, da revolução hormonal acontecendo dentro de mim ou do tanto que eu comi feito doida durante esses últimos dez dias.
Se nas vezes anteriores eu não tinha ido de pijama para a clínica, dessa vez eu estava indo. Não porque o sol ainda não tinha nascido, muito pelo contrário. Já passava do meio dia, mas eu estava com a barriga tão inchada e tão dolorida que nenhuma calça jeans me servia sem me irritar. Eu podia jurar que eu já estava com quase dez semanas e grávida de quadrigêmeos. Meu Deus, que horror! Só consigo pensar quando eu já tiver trinta semanas e com quadrigêmeos. Seria muita maldade da natureza me castigar dessa forma. Já estava sendo horrível antes mesmo de estar grávida, imagine quando realmente acontecer? E se eu tiver sorte, dessa vez vai dar certo, porque não tem contrato que me faça passar por isso uma segunda vez.
Honestamente, eu acho mais do que justo a natureza ser gentil comigo e me poupar. Eu já estava fazendo algo bastante altruísta que era engravidar para um casal que sonhava em ter filhos. Eu também já tinha me submetido àqueles remédios que mais pareciam Chernobyl em forma líquida. Nada mais justo que a natureza acatasse um dos meus pedidos: um bebê só. Um bebê era tudo o que eles precisavam. Se tudo der certo, um bebê era tudo o que eu daria a eles.
— Espero que seja. – Reclamei e abri a janela do carro. Não tenho certeza se era pelo calor, pela minha ansiedade ou por estar enjoada o suficiente para refletir com mais cuidado sobre vomitar. Aquela última injeção não foi brincadeira! — Vai ser o único também!
Para a minha surpresa, dessa vez não teve comitiva. Ou eu tinha ido até a clínica no dia errado, ou tinha aparecido na hora errada ou estava com sorte de não ter a Tasha e nem o Dimitri para aumentar a minha ansiedade. Aparentemente, ele tinha mandado alguém entregar a amostra dele mais cedo. O que eu achei bastante nojento e estranho. Qual secretária faria isso? Especialmente em um sábado, na hora do almoço? Pobre mulher. Espero que ela não saiba o que estava transportando. Na verdade, espero que ela saiba sim e tenha tomado cuidado, porque se não for hoje... Comigo, não vai ser nunca mais. A não ser que eles queiram tentar novamente e sem remédios. Eu juro que a Deirdre deve ter me dado o diagnóstico de maluca baseado na nossa reunião da noite anterior. Espero que ela entenda que eu estou à base de muitos hormônios para não estar pensando claramente.
— Rose? – Olhei para cima só para encontrar a médica. Eu estava me distraindo no Instagram enquanto aguardava. Estava sendo mais tranquilo que a vez anterior. Isso, eu adéquo ao fato da ausência dos pais dessa possível criança. — Pronta?
— Já? – Perguntei surpresa. Esperava que fosse demorar tanto quanto a vez anterior.
— Sim. Só estamos esperando por você. – Ela disse e eu a segui com um aceno.
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Per te, mi amore
FanfictionA vida é difícil. Incrivelmente difícil e pode ser ainda pior quando você está presa a uma promessa de cuidar da sua melhor amiga. Eu não me lembro bem do acidente e muito menos de como eu acabei, no leito de morte dos pais da minha melhor amiga - e...