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Dimitri Belikov
Eu nunca dirigi tão rápido em toda a minha vida. Acho que nunca fiz o trajeto de Helena até Missoula em menos de uma hora e meia. Um caminho que eu geralmente faço em duas horas. Não é para menos, também. Eu já tinha conversado com a Rose em momentos diferentes da vida. Com certeza, a voz dela denunciou tudo e qualquer coisa. Alguma coisa tinha acontecido e eu precisava ir até ela para ter certeza do que tinha acontecido com os meus filhos – e com ela – e tomar decisões que foram deixadas em minhas mãos e da Tasha.
A Tasha estava em Los Angeles de novo. Ela estava voltando para casa apenas nos finais de semana e ainda sim, não era em todos. Alguns outros ela tinha desfiles, sessão de fotos e tantas outras coisas que, honestamente, não sei se quero mais saber. O que fazia essa ideia de ter filhos agora ser ruim. Ela estava atarefada demais, quase nunca estava em casa. Nós só conseguíamos conversar por telefone e algumas vezes o fuso horário atrapalhava muito dependendo de onde ela estivesse. Não vou dizer que me arrependo de ter os meus filhos agora. Depois de tanto tempo... Eu estava mais do que feliz. A Tasha também estava, mas era uma pena que ela não pudesse passar mais tempo por perto.
Não que eu queira que ela abandone o trabalho ou desista de sua carreira porque, finalmente, vamos conseguir ser pais, mas às vezes, eu só queria que ela estivesse mais presente. Também não posso reclamar, porque quando sou eu que preciso viajar, ela não questiona tanto. Fica um pouco irritada por eu não arranjar tempo para viajarmos de férias juntos, mas a verdade é que nós dois realmente nunca tentamos. Foi só agora que ela inventou essa história de uma semana de férias por causa do desfile em Milão. Acho que ela percebeu que com a chegada das crianças, férias e viagens a dois será um luxo que não nos pertencerá mais. Eu realmente não me importava. Amava demais os meus filhos para me incomodar com isso. Algo que é momentâneo, porque eles crescerão e poderemos ir juntos para qualquer lugar desse mundo.
Eu estava aterrorizado de como iríamos de apenas um casal para pais de trigêmeos. Não faço a menor ideia de como isso vai funcionar, se vamos precisar de uma babá, ou duas. O que eu sabia era que já pretendia contar para minha família e pedir para a Vika projetar o quarto das crianças. Eu queria montar um quarto de brinquedos para eles e também precisava de alguém para me ajudar a verificar quais mudanças na casa precisam ser feitas em razão de fazer o nosso lar um lugar seguro para eles. Quem sabe quantas coisas vão precisar ser feitas? Nada podia ser deixado para muito perto do final do ano já que eles estavam previstos para Janeiro.
Além disso, eu estava ansioso para a gestação avançar mais e eu sentir que realmente estava vivendo isso. Que eu vou mesmo ser pai. Eu queria ver a barriga da Rose crescer e se ela me permitir, poder sentir meus bebês mexerem ao menos uma vez. Eu já tinha pensado em começar a enviar mensagens de áudio paraela, assim ela poderia colocar para os bebês ouvirem e reconhecerem a minha voz. Era cedo ainda, eu sei. Eu estava agendando aulas no hospital também, afinal, eu posso ser tio, mas nunca fui pai. Quando meus sobrinhos choravam, eles voltavam para as mães. Eu até cuidava deles, mas nunca passou de vinte e quatro horas. Eu nunca precisei dar banho e com exceção do estrago de uma fralda mal posicionada, nunca as troquei também. Meu trabalho era só olhar e diverti-los. Todo resto era trabalho das minhas irmãs e da minha mãe.
Então, de certa forma, eu estava tão ansioso e preocupado que eu não sabia direito por onde começar. Depois da ligação da Rose, eu descobri o início. Primeiro, eu precisava chegar até ela e saber se, depois de tudo, eu ainda vou ser pai. Vou tentar também ajudá-la. Querendo ou não, Rose é da família. Ela está gerando os meus filhos então não custaria nada eu me dedicar um pouco para ajudá-la. Talvez, ela precisasse de uma carona para casa, ou que alguém fosse buscar os remédios na farmácia, ou de alguém para fazer o jantar, ou simplesmente ter alguém por perto que sabia o que ela estava passando e ela poderia conversar sobre. Bom, e também se o pior tivesse acontecido, seria bom ela ter companhia. Em segundo nenhum passou pela minha cabeça deixá-la sozinha em um momento tão difícil como esse.
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Per te, mi amore
Fiksi PenggemarA vida é difícil. Incrivelmente difícil e pode ser ainda pior quando você está presa a uma promessa de cuidar da sua melhor amiga. Eu não me lembro bem do acidente e muito menos de como eu acabei, no leito de morte dos pais da minha melhor amiga - e...