Capítulo 15

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O meu celular estava incansável hoje. Aparentemente, meus amigos estavam vorazes quando eu dei a notícia final: eu não vou à Santa Monica com vocês.

Eu não tinha podido falar muito sobre os meus motivos em não poder ir, mas eu tinha me limitado a dizer que estaria trabalhando e que se eu escolhesse viajar com eles, eu teria que antecipar as minhas férias que eu estava guardando para o final de Janeiro. Mais conhecido como quando os trigêmeos nascerem. Eles ainda não sabiam desse detalhe e também o meu maior motivo de não poder pisar em um avião tão cedo. Quando eu chegar ao segundo trimestre, pode ser que sim, mas não agora. Honestamente, eu também não queria. Eu não sei se foi o efeito psicológico, mas logo no dia seguinte de quando eu soube dos trigêmeos, eu experimentei tudo daquilo que me faz odiar estar grávida: náuseas, vômitos, tonturas, bexiga incapaz de passar uma hora longe do banheiro. Foi como se tivessem aberto a caixa do pesadelo dentro de mim junto com essa notícia.

Eu estava tentando me controlar com o mal estar. Trabalhar em um café dificultava tudo. Hoje só era o quarto dia que eu soubera que eu esperava três e o terceiro dia desde que tudo começou a piorar. Eu já tinha me trancado no banheiro mais vezes do que eu gostaria e isso só acontecia quando eu sentia que poderia vomitar em algum cliente. Seria trágico demais e eu serei demitida se isso chegasse a acontecer. Além dessa tristeza toda de sintomas, eu estava exausta. Não sei dizer se pelo meu constante enjoo, pelos vômitos ou pelo simples fato que meu corpo estava trabalhando para manter quatro pessoas vivas. Outra coisa que não ajudava nenhum pouco no quão difícil podia ser, eram os meus amigos enchendo o meu saco com essa maldita viagem. Eles não entendiam que não é não. Outra pessoa que também não entendia uma negativa era o meu ex-namorado. Aparentemente, eu não ter me imposto no sábado que ele apareceu aqui tinha permitido que ele viesse me atormentar mais vezes. Eu não via a hora do Eddie voltar a trabalhar para impedir esse babaca de entrar.

— O que aquele idiota está fazendo aqui de novo? – Angie rosnou ao meu lado por ver o Jesse passar pela porta com a namorada nova. Já era começo da tarde e o lugar ia começar a encher com o pessoal da faculdade.

— Não sei e espero que ele suma de novo. – Murmurei para nós duas e me controlei para não esfregar a mão contra a minha barriga, mais exatamente, na boca do meu estômago. Odeio ter azia. — Ei, você pode me cobrir enquanto eu como alguma coisa? – Parte difícil de ser garçonete é que eu nunca tinha um horário fixo de almoço e nem muito tempo para isso. Era sempre uma correria em comer alguma coisa logo porque os clientes estavam ficando irritados com a demora.

— Claro. Enquanto isso eu vejo o que o babaca quer.

Ótimo! Era exatamente isso o que eu queria. Quem sabe se eu levar vinte minutos almoçando e dez vomitando – ou tentando não vomitar –, seria tempo o suficiente para ele ir embora. Sonya começou a guardar marmitinhas para nós garçonetes depois que a Angie e o Josh tiveram intoxicação alimentar pela segunda vez no mesmo mês. Se tivéssemos tempo de comer ao longo do turno era uma sorte. Porque geralmente, nós passamos o dia comendo várias bobeiras e levávamos o almoço para jantar ou comíamos antes de ir embora. Como eu morava com o Mase, eu geralmente levava para dividir com ele. Sonya fazia marmitas maiores para mim às escondidas por causa disso. Eu pensei duas vezes se eu deveria almoçar ou comer qualquer bobeira de novo. Meu turno acabaria em duas horas de qualquer forma.

— O que é isso? – Sorri para o prato de comida quentinho que parou à minha frente quando eu perguntei se ela poderia me fazer um lanche. Ao mesmo tempo, eu me perguntei se ela tivesse trocado o meu prato pelo do Joshua. Eu não comia nem metade daquilo. E aquilo que eu digo é salada e vegetais.

Per te, mi amoreOnde histórias criam vida. Descubra agora