Quando a porta se abriu, eu tomei uma última respiração profunda. Torcendo para que o dia passasse rápido. Pior ainda saber que eu seria a vela de dois casais. Por mais que eu não quisesse nenhum relacionamento por hora, eu quase desejei ter podido trazer o Mason. Ele não queria sair para jantar? Então, um almoço de família poderia ajudar. Assim eu teria duas certezas, a primeira de que ele nunca mais gostaria de sair comigo e a segunda de que ele não me beijaria. Ele era bonitinho até e nós tínhamos quase a mesma idade. O problema era que eu não sentia nada além de simpatia por ele. Gostava de tê-lo por perto, ele me fazia rir durante os poucos minutos que tínhamos juntos na cafeteria, mas eu não conseguia imaginar nós dois em um relacionamento. Agora, teria sido muito útil.
Eu também me repreendi por esse pensamento, sentindo-me uma vaca exploradora de homens. Não é como se eu o quisesse por perto por conveniência. Eu gostava dele, mas assumo que me assusta ele desviar seu caminho até a entrada da cidade para ir a uma espelunca como aquele lugar apenas por um café da manhã razoável. Sonya e sua prima que me perdoem, elas são ótimas na cozinha, mas o Mason – baseado nas roupas com que ele sempre aparece por lá – tinha condições de frequentar um lugar melhor que aquele. Ele também não parecia um stalker, mas depois das coisas que passei... Não é tão fácil confiar em qualquer pessoa. De alguma forma, ele sabia que tinha um louco atrás de mim, porque ele sempre deixou claro que o que eu precisasse, poderia ligar. O Eddie tinha resolvido isso por mim naquela época e eu nunca precisei ligar.
— Oi!
Eu poderia vomitar durante todo o resto do final de semana em como os pombinhos se agarraram e beijaram ainda na porta de entrada da mansão. E na minha frente. Nem parecia que eles tinham dormido a noite anterior juntos. A diferença é que hoje cada um dirigiu seu carro em direção à Helena, Christian veio para a casa da tia e Lissa e eu tínhamos ido conhecer a casa nova deles. Ainda assim, eu revirei os olhos por ser obrigada a testemunhar a pegação alheia.
Eu quase me senti com quinze anos quando nós mentíamos para a Rhea de que íamos à casa de uma das antigas amigas da Lissa, Camille Conta. Quando chegávamos lá eu tinha que ficar vigiando se o André apareceria e flagraria ela e o Aaron – seu ex-namorado e primeiro amor – se pegando. Por mais estranho que fosse, foi nostálgico. André era o meu parceiro do crime, mas às vezes ele fazia o papel do irmão mais velho e nos dedurava para os pais deles.
— Caras, vocês não podem esperar estarem sozinhos para se pegarem? – Bufei quando eu tinha esperado quase dois minutos de um tentar engolir o outro. Revirei os olhos. — Até passou a minha fome.
— Sei. Você tem fome de outra coisa, Hathaway. – O tom sarcástico do Christian delatou uma conversa que eu tive com a Lissa não tão recente assim. Tive que controlar tudo que existia em mim para não parecer chocada demais.
Bem, considerando que a minha primeira vez tinha sido, de certa forma, desconhecida para mim, não sei se eu podia me considerar ainda virgem ou não. Pelo meu corpo, não eu não podia, mas na minha cabeça... Era complicado. Eu não sei e nunca soube ao certo, mas aconteceu o que aconteceu. Esse era, certamente, um dos meus maiores arrependimentos. Eu tinha namorado por quase dez meses com o Jesse e acho que se eu não estivesse tão bêbada naquela noite, nada daquilo teria acontecido e eu teria alguma memória do que aconteceu. Mas é o que dizem, às vezes, os traumas deixam uma zona de esquecimento na nossa memória. Com o álcool então, nem se diga...
Não sei dizer muito se acho que isso era bom, porque ao mesmo tempo em que eu não era subjugada por memórias e flashes daquela noite, eu me atormentei por muito tempo para ser capaz de lembrar alguma coisa, algum mísero detalhe. Eu nunca lembrei, no entanto, e talvez tenha sido isso que me manteve naquele relacionamento fodido durante mais tempo além daquele dia. Até nós dois percebermos a situação em que eu estava e em toda a merda que veio depois. Aquela noite, a minha "primeira vez"... Tinha mudado muita coisa em mim e tudo o que aconteceu depois sempre será o meu pesadelo. Felizmente, agora, quase três anos depois, eu não sonhava mais com a tragédia do final do meu relacionamento.
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Per te, mi amore
FanficA vida é difícil. Incrivelmente difícil e pode ser ainda pior quando você está presa a uma promessa de cuidar da sua melhor amiga. Eu não me lembro bem do acidente e muito menos de como eu acabei, no leito de morte dos pais da minha melhor amiga - e...