Capítulo 28

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Não fazia nem cinco dias que o Dimitri e a Vika tinham estado em casa pela última vez. Cá estava eu, a caminho de Helena para passar o Natal com eles. Tínhamos feito o mesmo esquema do ano anterior. Vim com o Mase até Anaconda e daqui iria até Helena, ganharia uma carona até a cidade com a Lissa. O Christian ficaria terminando de preparar a ceia e ela viria me buscar. Eu insisti que poderia ir de ônibus até a cidade. Não era muito mais que uma hora de viagem e foi exatamente o que ela me dissera. "Se não é muito mais que uma hora de viagem, por que eu não posso ir te buscar?" No fim, acabei concordando. Seria mais confortável e eu não precisaria sair de madrugada para ir até a rodoviária.

— Bom dia, Rose. Está com fome? – A mãe do Mason perguntou quando eu me dignei a levantar da cama. Tinha trabalhado bastante o resto da semana para conseguir a folga de Natal de novo. Como sempre, a Angie e o Josh me salvando por não quererem voltar para a cidade deles. — Deve estar. – A mulher falou antes que eu respondesse. — Vem, sente-se! Eu não assei biscoitos hoje, mas ainda tem os de ontem. Você gostaria de um pouco de leite?

— Bom dia, senhora Ashford. – Sorri, achando engraçado como mãe e filho se pareciam tanto. Às vezes, o Mason queria tanto me agradar que nem ao menos me deixava pensar na resposta que eu queria dar. Ele realmente tinha a quem puxar. — Não precisa se preocupar comigo.

— Já conversamos sobre o "senhora", huh? – A mulher me deu um sorriso gentil. Não que ela fosse velha, muito pelo contrário, mas era apenas uma questão de hábito e educação. — E não é exatamente com você que estou preocupada.

— Ah! – Eu ri e acariciei a minha barriga. Ainda ontem quando chegamos da viagem, que a mãe do Mason descobriu que eu estava grávida, expliquei antes que ela pensasse que seria avó. Foi a segunda vez que eu tinha colocado em palavras o famoso "sou barriga de aluguel para um casal de amigos" e tinha me machucado muito mais que a primeira vez. Afoguei um pouco dessa dor nos biscoitos de Natal deliciosos que a mãe dele fizera e no chocolate quente que me lembrava tanto o dele. Parece que isso seria tudo o que eu faria nos próximos dias: afogar a dor em comida. Se eu, ao menos, conseguisse... — Não acho que ele vá me deixar comer alguma coisa agora. – Sorri minimamente, por fim. — Você precisa de alguma ajuda? – Ofereci, observando a senhora a picar um monte de coisas que provavelmente será parte da ceia dessa noite. — Posso lavar a louça... – Dei a ideia, vendo o quão acumulada estava a pia.

— Não, não. – A mulher me afastou balançando as mãos. — Você vai ficar pouco tempo conosco e ainda quer trabalhar?

— Não é incômodo nenhum. Não tenho nada para fazer... – Dei de ombros.

— Me diga, Rose, quantas vezes você tem a oportunidade de não fazer nada? – A mulher me deu um sorrisinho, algo bem típico do Mase também.

— E quantas vezes a senhora tem ajuda na cozinha? – Devolvi, rindo.

Ao menos, eu tinha convencido-a. Ela estava cozinhando tanta coisa. Dividida entre preparar o almoço para esse tanto de gente, adiantar o jantar e dar conta de alimentar quase dez pessoas – considerando que eu equivalho por duas no momento –. Absolutamente, não me custava nada ajudar um pouco. Tirar a louça do caminho era o mínimo que eu poderia fazer. Quem sabe com o cheiro de comida gostosa sendo preparada o Alexander me deixasse ter apetite o suficiente para roubar uns biscoitos antes do almoço. Nem todas as manhãs eram tão fáceis. Algumas, eu ainda era pega de surpresa, embora eu soubesse que muito fosse por causa da minha ansiedade em poder ver o Dimitri essa noite e a decepção comigo mesma de não conseguir me manter afastada desses sentimentos e continuar desejando-o mesmo sabendo que estarei de frente com sua esposa em breve.

— Agora eu entendo porque ele gosta tanto de você. – A mulher falou ao meu lado, tirando-me de meus pensamentos. Refleti em como responder. Era perigoso irritar uma mãe quando ela tinha uma faca na mão.

Per te, mi amoreOnde histórias criam vida. Descubra agora