Capítulo 7

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Dimitri Belikov

— Eu já disse que não. – Resmunguei de novo ao celular. Quase desejando atacá-lo contra a parede.

Eu tinha acabado de chegar em casa e a paz e o silêncio que fazia era desigual. Ao mesmo tempo em que eu amava isso, também me doía. Não que eu quisesse a Tasha me esperando sempre de braços abertos e feliz em me receber de volta toda noite. Esse era um silêncio de solidão. Apenas eu e essa casa enorme. Uma que eu fui contra desde o início. Tasha e eu não precisávamos de um lugar tão grande assim, mesmo que nós esperássemos ter a sorte de gêmeos com a fertilização. Honestamente, para essa casa aparentar estar menos vazia, nós teríamos que torcer para vir um time de basquete inteiro, porque nem os gêmeos dariam conta de ocupar um lugar tão grande quanto esse.

Claro, eu entendia que seria um lugar incrível para os nossos filhos. Tendo uma piscina à disposição, nós poderíamos fazer uma casa na árvore para eles, um parquinho. Minha irmã planejaria quartos divertidos para eles, quem sabe até com escorregador e piscina de bolinhas... Nós faríamos qualquer coisa que eles quisessem e ter um lugar grande era melhor do que um limitado, onde, no futuro, nós teríamos que nos planejar para fazer a mesma coisa: comprar um lugar maior.

Eu ficaria feliz o suficiente se nós pudéssemos ter, ao menos, um cachorro. Não me importava que a minha esposa não pudesse ter filhos, não me importava que a Tasha não tinha conseguido passar pelo tratamento de fertilização, não me importava que não estivéssemos tendo sorte com a barriga de aluguel. Enquanto nós dois estivéssemos felizes juntos e bastássemos um para o outro, eu também estaria feliz. Amo crianças, mas posso viver sem as minhas. Por mim, tudo bem ser apenas tio, mesmo que isso afogasse um pouco da minha vontade de ser pai. Eu poderia abrir mão da paternidade sabendo o quão triste a minha esposa fica com esse assunto. Cada vez que uma das mulheres que estava quase para assinar o contrato desistia, Tasha ficava desolada. Ela sendo a mulher forte que é, geralmente, não demonstrava essa chateação. Não depois de algumas horas da notícia.

No entanto, em momentos como esse em que ou eu ou a Tasha estávamos viajando e o outro estava sozinho em casa, era solitário demais. Poderíamos ter um cachorro para animar um pouco mais as coisas. Os empregados cuidariam dele durante o dia enquanto estaríamos trabalhando, mas a Tasha não queria um. Ela dizia ter dó em deixar o bicho para trás quando nós tivéssemos que viajar. Ou que o pobre coitado passaria o dia inteiro com saudades enquanto estivéssemos trabalhando ou viajando. Ou até que nós deixaríamos de viajar por causa dele. Eram tantas desculpas que eu entendi de imediato. A verdade é que ela não queria um cachorro, mas também não queria me negar de vez.

As coisas estavam um pouco confusas e estressantes entre nós agora. Nem sempre tinha sido assim. No começo do nosso casamento, tinha sido incrível. Nós ainda éramos novos, então viajávamos sempre que possível, mas quando as responsabilidades começaram a aparecer ainda mais, nós nos ocupamos com o trabalho. A Tasha estava sendo bem sucedida com novas coleções e campanhas que ela era chamada para ser modelo. Honestamente, eu não entendo quando o assunto "filhos" surgiu. Talvez quando a Zoya, filha da Sonya nasceu. Eu ainda não tinha sentido a necessidade de ter filhos naquela época, mas conforme ela ficou obcecada com esse assunto, foi difícil para eu não concordar com ela de que eu também queria um. Ou dois.

Nós tentamos, quase dia e noite por dois anos, até que começamos a desconfiar de que talvez, não fôssemos conseguir sem ajuda médica. Foi a Tasha quem veio com a resposta de que ela não poderia ser mãe. Ela me explicou, mostrou exames e eu aceitei. Pensei que aquela seria a nossa sentença, mas então ela veio com a ideia do tratamento de fertilização. Eu tinha sido um pouco contra ela tomar aquelas injeções e remédios que a fazia se sentir mal e estavam até mesmo atrapalhando seu trabalho. Nós conversamos e concordamos que não estava sendo saudável para nós dois continuar com isso.

Per te, mi amoreOnde histórias criam vida. Descubra agora