Capítulo 32

336 30 66
                                    

Janine surgir do inferno para aquele jantar só bagunçou a minha vida. Ela tinha dito aquele monte de merdas que eu ainda não sabia se acreditava, tinha – de certa forma – prejudicado a minha amizade com a Lissa. Quem sabia o quanto eu não queria encontrar com a minha mãe. Ser forçada a isso e ainda receber esse monte de informações tinha criado um mal estar entre nós duas. Eu nunca tinha feito nada para trair a confiança dela e agora, ela tinha me colocado cara-a-cara com a minha mãe. Justamente em uma época que eu estava sensível e me sentindo vulnerável. Eu ainda sentia aquele constante receio do bebê querer nascer, embora eu não sentisse nenhum sinal de que isso fosse acontecer tão em breve. Também, só de pensar no que o excesso de estresse que poderia me causar durante a gestação e os riscos, eu me sentia ainda mais traída.

Se o caos parasse por ai, seria ótimo. O problema é que Janine e Abe, por acharem que agora eu sabia a verdade, eles tinham o direito de me importunar, perseguir, incomodar e daí para pior... Estavam me enlouquecendo e irritando diariamente. Minha mãe até tinha um pouco de noção e me dara espaço, mas Abe não compactuava com sua opinião de me deixar absorver toda aquela merda familiar que fora jogada em cima de mim.

Eu me arrependi até o último suspiro por ter compartilhado o e-mail da minha mãe com o Abe que não fosse por uma merda de papel ainda naquela festa. Porque além de ele ter o meu próprio e-mail, ele também tinha passado para a minha mãe e agora eles também tinham o meu celular. Poucas pessoas tinham o meu número e eu preferia culpar o Christian ou a Tasha, porque as opções que me sobravam que poderia ter passado o meu número para eles era a Lissa e o Dimitri. Meu Camarada, sabendo o quanto eu não queria esse contato, não teria feito isso comigo. A não ser que ele tenha passado o meu contato antes de saber que o Abe era meu pai. Isso tinha mais cara de ter sido a Lissa quem fizera. Ela deve ter passado o meu número para a minha mãe depois do caos do jantar e Janine passou para o meu pai.

Independente de quem foi o infeliz do responsável, eu não tinha mais paz. Até parecia que eu não tinha uma vida para viver, um bebê para gestar e um trabalho para cumprir. Eles estavam desesperados tentando me fazer sentar para conversar, mas eles não entendiam que eu não queria isso agora. Eu precisava do meu tempo. Eles acabaram de contar que a minha vida inteira foi uma mentira, que eles sempre me enganaram, sempre mentiram para mim. Como é suposto que eu deva confiar neles? Eu nem ao menos conseguia ter certeza se eles eram meus pais mesmo.

Tendo o meu próprio bebê agora, eu percebi como eu não teria forças de me afastar dele nunca. Eu fui ingênua de pensar que conseguiria, que o teria para fazer um casal de amigos feliz e conseguiria sair em paz dessa jornal. Que conseguiria sair dessa sem pensar na vida que eu poderia ter tido com o Theo, quem eu tive que deixar partir. Uma obrigação e não uma escolha. Agora, que eu tinha de novo a obrigação de deixar o meu bebê partir, eu não conseguia. Uma obrigação, que na realidade, era quase uma escolhia.

Eu escolhia, preferia correr o risco de ser processada por quebrar o contrato com o casal e a clínica. Passar o resto de cada segundo da minha vida trabalhando para colocar comida na barriga do meu filho e pagar a dívida que eu ganhei para tê-lo e, talvez, morrer de fome do que me afastar dele nem que seja um segundo. Fazia pouco sentido na minha cabeça que meus pais tenham escolhido se afastar de mim e não se arrependido nem por um segundo nos últimos anos para ter tentado algo radical para me ter ao lado deles.

Só de pensar que ainda hoje, com trinta e três semanas e seis dias e o contrato da clínica ainda vigente, eu ainda vou até lá para fazer o meu pré-natal já me enlouquece. Não existe nada mais no mundo que eu queira além de sumir com o meu bebê e fingir que eu nunca entrei nessa loucura de barriga de aluguel. Eu não sabia nem como eu contaria para o Alex, no futuro, essa loucura toda. Eu não queria mentir para ele. Não queria contar uma história de amor linda que nunca existiu, mas eu também não queria que ele pensasse que a mamãe dele tinha em mente vendê-lo. Porcaria, eu amava essa criança desde o segundo que a doutora Olendzki dissera que eu estava esperando trigêmeos. Eu não sei o que eu faria da minha vida, mas eu teria ficado com todos os três sem pensar um segundo a mais. Eu me importaria com a parte financeira depois.

Per te, mi amoreOnde histórias criam vida. Descubra agora