Depois da tempestade, realmente aparece um arco-íris.
Eu, finalmente, estava me sentindo melhor. O pânico da semana anterior tinha diminuido relativamente bastante. A semana em si tinha sido bem menos pior. Eu consegui dormir melhor algumas noites, mesmo que em muitas delas eu tivesse sonhos de uma vida que não me pertence, com um homem que não é meu e um bebê que... É meu, mas também não é. Essa tinha começado a ser a parte que eu vinha mais sofrendo. Os enjoos ainda estavam por ali – não que eu tenha vomitado muito mais –, o cansaço também, mas eu estava trabalhando no café muito mais do que eu deveria uma vez que eu estava me sentindo melhor. Agora, o que estava sendo difícil era superar essa coisa em relação ao Dimitri.
Ele tinha levado embora a blusa que eu devolvera. Agora, a única coisa que eu tinha para me confortar era o áudio dele e algumas mensagens que eu estava, arduamente, tentando ignorar ou responder da forma mais imparcial possível. Era difícil quando depois ele enviava um "mas, realmente, está tudo bem?". Ele tinha percebido que eu mudara, que eu me afastara um tanto. Honestamente, o que eu poderia fazer? Em vinte e três semanas, quando o bebê nascer, ele vai pegá-lo com a sua esposa e serem felizes. Eu ia ficar daqui, assistindo-os e quem sabe, com sorte, quando isso acontecer esses sentimentos que eu sentia por eles terão sumido... Mas sorte não é o meu forte.
Foi por isso que eu coloquei em prática o meu plano do último sábado. Pesquisei para onde eu poderia me mudar e recomeçar a minha vida. Qualquer lugar que fizesse sol seria bom. Afinal, eu não precisava do clima cinzento de Montana para me deixar ainda mais triste e melancólica. Por isso eu estava considerando tanto o Hawai, ou talvez até a Austrália. Muito sol e o mais longe possível. Não era o que eu queria, nem o ideal, mas o que eu poderia fazer? Ficar aqui e assisti-los ser feliz? Assistir a Tasha ocupar o lugar que eu queria estar?
Eu estava começando a ficar com dor de cabeça em pesquisar por passagens aéreas que eu não tinha dinheiro para comprar, trabalhos do outro lado do mundo e tudo o que eu precisaria para me mudar. Meus planos futuros deverão ser todos alterados se isso for o que eu escolher. Uma parte do dinheiro dos Belikov deverá ser guardado para esse propósito. Talvez, o que faltasse da dívida, eu pagaria com o salário de qualquer trabalho que eu encontrasse por lá. Eu só precisava guardar todo o dinheiro que eu pudesse e então o bebê vai nascer, eu vou tirar as minhas férias – sobreviver a ela e a esse mês sem ele, eles – e quando voltar, eu vou me demitir, pegar a minha mala e partir.
Era um plano, não era um sólido, mas era um para ser construído ao longo das semanas e ser iniciado o mais rápido possível. Meu coração doía a cada dia mais que eu o planejava. Eu queria estar por perto, ver o bebê crescer, vê-lo andar, falar, mas eu tinha perdido esse direito quando eu assinei o maldito contrato. Então a melhor escolha mesmo era ir para longe. Uma coisa eu tinha certeza, não ia sobreviver por perto sabendo que ele não seria meu e quando ele crescer não me considerar dele também. Era doloroso demais.
"Oi, você está bem?" Recebi por mensagem quase na hora de dormir. Pensei em ignorar. A dor de cabeça e a tristeza insistiram que eu deveria me deitar e dormir, mas se eu não respondesse, poderia preocupá-los. Isso levaria a eles me ligarem no meio da madrugada, ou quem sabe pior: bater na minha porta.
"Estamos sim, obrigada." Respondi e contive a minha vontade de mandar de volta, perguntando como ele estava.
"Que bom." Ele mandou e essa sim era uma mensagem que eu poderia ignorar sem preocupá-lo. Exatamente como nos dias anteriores. Eu não podia culpar nenhum dos dois pela minha dor. A médica tinha me avisado que eu ia me apegar e ia sofrer. Eu tinha estado certa que isso não ia acontecer comigo, mas então a semana anterior acabou e eu voltei a pensar sobre apenas eles dois. Eu percebi que a doutora Olendzki esteve sempre certa de algo que eu fui burra demais em não concordar. Era mais do que óbvio que eu ia me apegar. Especialmente, depois de tudo. A mensagem não acabou ali também, para o meu sofrimento. "Quando você puder, me envia uma nova foto? Eu queria enviar para a minha família." Suspirei. Quando eu achava que tinha conseguido engolir aquela dor no peito por ele ser tão doce, ele vinha e piorava tudo.
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Per te, mi amore
FanfictionA vida é difícil. Incrivelmente difícil e pode ser ainda pior quando você está presa a uma promessa de cuidar da sua melhor amiga. Eu não me lembro bem do acidente e muito menos de como eu acabei, no leito de morte dos pais da minha melhor amiga - e...