Reinício | Sariette

Mamãe

Pov Narrador

Em um hospital da cidade, Sarah estava sentada em um sofá branco, ao lado de Juliette estirada na maca.

Após passar mal ao receber a notícia repentina de que a mesma estava grávida, Sarah fez questão de levá-la ao hospital enquanto Clara ficou com a avó, no restaurante.

O celular de Juliette estava em suas mãos e a loira torcia para que ao menos, uma pessoa ligasse pra ela. Até porque, seu celular tinha senha e não havia como avisar de forma alguma o que tinha acontecido.

Enquanto nada ocorria, Andrade se permitiu olhar para o semblante da morena deitada. Talvez ela tenha sido a mulher mais bonita que Sarah tenha visto até agora, com seus trinta anos de idade.

— Oi, mãe. Aconteceu alguma coisa? — Sarah falou no celular.

— Está tudo bem por aí? A moça ficou bem?

A loira sorriu por um instante. Sua mãe era a mulher mais bondosa que já tinha conhecido!

— Ela está tomando soro nesse exato momento. Altas emoções!

— Vai ficar com ela aí?

A voz de Abadia soou preocupada, porém, diferente. E isso não passou despercebido.

— Se importa em ficar com a Clara um tempinho?

— Oh não, claro que não. Por mais que ela esteja chamando por você e perguntando da moça do abraço quentinho.

— Moça do abraço quentinho? — Sarah riu com tamanha fofura — Volto assim que der, não quero deixar ela sozinha aqui.

— Amo seu coração, filha! Se cuida. Beijos.

— Beijos, mãe.

— Você não deveria estar aqui. — Sarah ouviu uma voz doce e baixa ressoar no quarto.

Imediatamente levantou-se do sofá e foi até Juliette que estava com seus olhos bem abertos, mas com um semblante cansado.

— Como se sente? — Perguntou ignorando a afirmação anterior.

— Acho que eu tive um sonho que você me dizia o seguinte...

— Que você estava grávida?

— É. — Franziu o cenho — Como sabe?

Sarah a olhou e mordeu os próprios lábios. Não sabia se contava de uma vez ou esperava ela cair na real.

— Não foi um sonho, né? — Afundou as mãos em seus cabelos — Meu Deus...

— O médico disse que você está grávida há cinco semanas. Você tem um pequeno cavalo marinho bem aqui. — Pousou sua mão na barriga da morena — Está desenvolvendo a cabeça, os bracinhos e as pernas.

Juliette sorriu.

— Você fala como se fosse a melhor coisa do mundo ter uma pessoa crescendo dentro de você.

O aspecto calmo de Sarah transformou-se como da água para o vinho. Ela sinceramente não entendia como pessoas não conseguiam ver a magia disso tudo.

— Digo... — Juliette suspirou — É estranho.

— Você tem quantos anos?

— Trinta.

Sarah assentiu.

— Não deveria falar assim. De fato, é a melhor coisa do mundo ter um bebê dentro de você. Seu filho.

— Apenas quando é consentido por ambos, não quando é fruto de um erro.

— Você acha que seu filho é fruto de um erro, Juliette? — A postura de Sarah tornou-se ameaçadora.