Teste

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"Quanto mais sou nordestino,
mais tenho orgulho de ser."

08 de Outubro — Dia do Nordestino

Dedico esse capítulo aos meus leitores nordestinos. Sim, somos a resistência! Viva o Nordeste que vence toda xenofobia.

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Já era possível observar alguns raios de sol adentrando pelas frestas da janela na residência dos Andrades Viana. Na enorme cama de casal, encolhida como um pacotinho, estava Clara Maria. Os braços de Sarah acolhia seu pequeno corpo e também seu velho companheiro, o Dumbo. Clara agarrava o pequeno lenço branco que não dormia sem e o seu delicado rosto estava enfiado na curva do pescoço de sua mamãe.

Nos lábios da menor, havia um biquinho. Assim como no de Sarah, não era novidade que a sua criação fosse uma cópia autêntica dela. Clara não costumava dormir no quarto de sua mãe, com exceção de pesadelos, saudade ou dor. Dessa vez, não foi a pequena quem sentiu saudades. Foi justamente sua mãe. 

Era domingo, um dia completamente familiar.
Mas também, era o primeiro domingo sem o seu esposo. 

Hoje, certamente, eles fariam toda uma programação juntos.
Almoçariam no Pier Restaurant, levaria a pequena Clara para a praia e depois ao parque. A noite, com a pequena filha já cansada do dia, os dois sairiam juntos para um jantar a dois. Era o típico família perfeita das novelas mexicanas, mas como toda novela, houve a desgraça eminente.

O despertador tocou oito e meia, arrancando resmungos de ambas que imediatamente taparam os ouvidos. Sarah virou-se e desligou o mesmo se espreguiçando na cama, viu sua filha ali, ainda adormecida. Um sorriso involuntário saiu de seus lábios e logo levantou-se para fazer sua higiene pessoal.

— Amor, levanta. — Andrade beijou os cabelos macios de Clara — Filha...

— Me deixa, mamãe. — Resmungou, colocando o cobertor no rosto.

— Então não vamos ao parquinho hoje.

Imediatamente, a pequena Clara retirou o cobertor do rosto e saltou da cama. Seu rostinho amassado e os cabeços bagunçados denunciavam o sono que ainda rondava seus pensamentos.

— Mamãe...

Aquela pequena manha matinal animava os dias de Sarah que se derretia inteiramente por sua cópia mirim. Com os bracinhos esticados e os olhos fechados, Clara recebeu um abraço apertado de Sarah que a colocou no colo e encheu-lhe de beijos estralados.

— Vamos escovar esses dentinhos e tomar um bom banho, hum? — Ela a colocou no chão, vendo Clara coçar os próprios olhos.

Obedientemente, Clara foi até o banheiro de sua mãe e com auxílio da mesma, fez tudo o que precisava. Sarah deu graças ao bom Deus por sua filha ter acordado em paz hoje, já que era muito difícil retirá-la da cama pela manhã.

— Vovó! — Foi a primeira coisa que ela falou assim que desceu a escadaria. Correu para seus braços e Abadia repetiu o mesmo ato que outrora. A beijou e abraçou forte. — Bom dia, vovó. 

— Dormiu bem, meu anjo loiro?

— Eu dormi com a mamãe hoje, ela tem cheiro de baunilha. 

— Sério? Olha! — Abadia riu gentilmente — Tudo bem, filha?

Sarah apenas assentiu.
Sua mãe sabia exatamente o que se passava naquele coração, não é a toa que tinha lhe carregado por nove meses e ajudado na formação do seu caráter.

— E o empadão? — Clara frisou suas palavras — Pode?

— Pode, amor. 

 Na mesa, nunca se fazia silêncio. Clara simplesmente não se contentava em ficar quieta, necessitava sempre fazer algum comentário ou encher às duas mulheres de perguntas muitas vezes complexas.

Reinício | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora