Comemoração

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No capítulo anterior...

— Ela fez o que? A voz grossa de Sarah rompeu o silêncio.

E foi só então que na cabeça de Juliette se passou uma única coisa:

Fudeu.

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— Sarah, calma. — Juliette se colocou na frente de Clara.

— Calma? — Ela riu irônica — Você está me pedindo calma, Juliette?

Freire sabia que não podia fazer muita coisa naquele momento, mas não a deixaria explodir sem antes ouvir.

— Primeiro, se tranca no quarto. Depois, me morde e destrata você. Agora, te prende no banheiro e põe em risco sua vida e o bebê. — Ela falava tomada de ódio — E você me pede calma?

— Mamãe... Eu...

— Quieta, Clara Maria. — Seu tom de voz mudou como da água para o vinho — Eu vou arrumar essas malas e você vai ficar na  cama, quieta. Entendeu?

Clara apenas assentiu, dando uma última olhada pra Juliette que deixou um beijo em seu rosto.

— Sah...

— Não quero conversar agora, Juliette. Por favor.

A morena apenas assentiu, observando-a arrumar suas malas. Estava pensativa, Juliette podia ouvir sua mente gritando de onde estava.

Freire tinha ficado abraçada à Clara até ela dormir, convencendo-a que sua mãe a amava muito e não gritaria mais com ela. Clara tinha aprendido sim, sua lição. Mas temia a consequência disso.

— Não vai dormir? — Juliette tocou suavemente em suas costas, olhando para o mesmo ponto que ela.

Sarah estava na varanda, debruçada no vidro enquanto tomava sua terceira xícara de café. Não falou com ninguém até então, nem reagia às coisas. Ela estava muito mais que magoada, estava com raiva.

— Eu sei que ela errou muito, Sarah. Você também sabe disso. Mas você precisa ouvir ela.

Sarah não falou nada. Mas a puxou para seus braços, abraçando forte o seu corpo.

— Tenta não pegar pesado com ela, está me ouvindo? Vocês duas estão machucadas. E não se cura nada com agressão.

Sarah suspirou.

— Tudo bem. — Falou por fim — Desculpa mais uma vez, por tudo isso.

Ela nem deixou Juliette responder e logo se desvencilhou de seus braços, indo pra cama. A morena dormiu longe de Andrade, que sequer fechou seus olhos durante a noite.

Era cinco da manhã quando Juliette já a viu de pé, fechando mais uma mochila. Desde ontem que não via um sorriso autêntico em seus lábios ou ter uma conversa com mais de dois minutos.

— Bom dia, amor. — Sarah beijou seus lábios assim que a viu sair do banheiro — Amanheceu melhor?

— Me sinto quebrada, amor. — Resmungou manhosa — Senti falta de você na cama.

— Desculpa, só precisei pensar um pouco durante a noite.

— Você não dormiu?

— Não...

Sua voz saiu triste.
Dentro dela, a situação não estava nada bem.

— Vamos tomar café da manhã no aeroporto, tudo bem por você?

Reinício | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora