Em seu primeiro ano de internato, e depois de fugir de irmãos e ex namorados, Sophie sente que tem tudo sobre controle.
Sua carreira caminha como gostaria,suas amizades e até sua vida amorosa, tudo está exatamente como deveria estar. Mas uma manhã a...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝗙𝗔𝗕𝗜𝗢
Estou acostumado a ir do céu ao inferno; se fosse analisar com atenção, passei minha vida com essa dinâmica como única constante, não podia contar com muita estabilidade, mas podia contar com o caos que eram as corridas, elas eram a única parte duradoura e que eu sabia quase exatamente como se passariam.
O caos quase sempre é minha única constante.
Competir em casa era um misto de emoções, mais do que pode ser considerado o suficiente. Eram coisas demais, o brilho da expectativa nos rostos dos fãs, ouvir seu nome em um coro, bandeiras com as cores de meu país, a energia toda constantemente direcionada a mim, os borrões de multidões torciam e vibravam por mim, o que é uma ótima forma de inflar meu ego, mas nada vem de graça, a torcida é acompanhada de pressão e expectativa, talvez eu já tivesse o suficiente dessas. Meu coração estava disparado, a beira de um colapso se me perguntassem, aquela classificatória era o começo da minha volta a briga pelo campeonato, porra, tinha que ser, não tenho mais escolhas, não posso falhar, tenho apenas 8 gps pela frente e nenhum deles é em alguma pista que me dou muito bem normalmente, por isso estou dando tudo de mim e mais nas voltas do Q4, cada vez que passo pela torcida posso escutar seus gritos e fico ainda mais eufórico. Quando faço minha última volta rápida sei que estou na pole, o jogo está de volta e mal posso esperar para vencê-lo.
Estou pronto para comemorar aquela pole como uma vitória, sei que vai me dar uma vantagem em relação ao Marc e às Ducatis, e honestamente estou precisando de qualquer vantagem que conseguir. Estaciono minha moto em frente a todas as outras e o sabor é doce como mel, mas quando me encontro com Tom sei que algo deu errado, ele desvia o olhar antes de me dizer qualquer coisa e sei como ele só faz isso quando tem más notícias, já estou desiludido e amargo quando arranco meu capacete e damos nosso cumprimento tradicional.
— Só fala — peço desanimado, irritado e principalmente decepcionado.
— Vão cancelar sua última volta, fora dos limites. Foi mal cara, sei como queria essa pole, estão esperando pra anunciar.
Corro as mãos pelo meu rosto suado em um ato de desespero, não sei como posso errar mais a cada dia quando deveria estar evoluindo, é uma grande merda se ver falhando e não conseguir mudar isso, por mais que eu tente com tudo que tenho, poucas vezes me senti tão desesperado por algo, menos ainda foram as vezes que senti isso com meus resultados nas corridas.
Do céu ao inferno, em segundos.
— Bom, valeu por me contar antes de eu me humilhar dando entrevistas — agradeço e meu melhor amigo dá tapinhas de consolo em meu ombro. Dispenso falar com qualquer outra pessoa ou dar qualquer entrevista, se pudesse iria até a sala dos fiscais de corrida e discutiria com eles sobre essas regras bizarras, mas Alicia me esganaria na hora, então ao invés de morrer esganado por minha pr, me isolo em meu quarto privado do motorhome da equipe, só existe uma pessoa que gostaria que me consolasse agora, mas não tenho certeza de que poderia chamá-la sem colocar em risco expor nosso segredo, odeio esse segredo, odeio errar, odeio tudo nesse momento.