𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗘
— Podem não se matar enquanto saio? — Tom, pediu, enquanto rodava as chaves entre os dedos.
Me considero uma pacifista, mas o francês espalhado no sofá jogando videogame com um dos braços em uma tala, parecia fortemente comprometido em me converter ao outro lado.
Estávamos em sua casa, em Andorra, o pequeno principado entre a França e a Espanha, cercada por uma cadeia de montanhas com os picos tomados por neves. O clima me lembrava casa, a Alemanha, o que era terrível já que estava a quilômetros das terras germânicas.
— Sem dúvidas eu posso fazer esse esforço se ele colaborar. — afirmei, me sentando à ponta do sofá, Fabio apoiou seus pés em meu colo, terrível, irritante em cada fio de cabelo.
— Eu sou uma ótima companhia como você sabe, Tomzinho, sua irmã não vai matar ninguém. — garantiu, com um sorriso charmoso que me fazia querer rir.
Meu irmão voltou a nos encarar, ponderando se sairia ou não pela porta deixando um evidente problema em casa. Mas eu sabia exatamente para onde ele iria, e ambos sabíamos que ele não poderia deixar de ir. A cada dia seu corpo reagia mais a sua condição, a fadiga, dores de cabeça, perda de equilíbrio. Eu mesma garanti que fizesse exames a cada semana. Ele sorriu nostálgico e sumiu pela porta de alguns metros de altura.
— Você é o pior. — afirmei, empurrando seus pés.
Poucas coisas podem ser pior do que ficar trancafiada em uma casa fria, de paredes frias, móveis frios, e com dois corpos quentes. Sendo um deles, seu ex inconveniente, enquanto seu irmão mais velho te deixa nervosa todos os dias andando como uma bomba prestes a explodir.
— Você poderia dar um descanso para os seus dedos. — pedi, encarando o controle pesando em sua mão.
— Tudo bem, mas você, querida Sophie, vai se encarregar de me entreter, ou vou morrer de tédio. — retrucou, me desafiando com os olhos castanhos.
Lufei, pensando em como era o paciente mais difícil que já lidei — lembrando que fiz estágios na pediatria antes desse momento.
— Claro, posso chamar um palhaço ou te fazer um balão em formato de cachorrinho. — ironizei.
— Um balão seria interessante. — afirmou, se ajeitando no sofá, agora estávamos lado a lado, de forma que podia sentir sua presença, o calor de seu corpo contra o meu. Me levantei de supetão o que fez o francês me lançar olhares confusos.
— Essa casa é tão... — passeei os dedos pelas pilhas de revistas na mesa de vidro. — Impessoal.
— É? Por que diz isso? — questionou, com olhos ameaçadores que me desafiavam a responder o que ele queria.
— Não sei. — menti, tentando parecer banal. — Apenas é.
O francês riu novamente, de forma horripilante que fazia meus pelos arrepiarem.
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Over᯽Fabio Quartararo
FanficEm seu primeiro ano de internato, e depois de fugir de irmãos e ex namorados, Sophie sente que tem tudo sobre controle. Sua carreira caminha como gostaria,suas amizades e até sua vida amorosa, tudo está exatamente como deveria estar. Mas uma manhã a...