One

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𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗘

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𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗘

"Alles hat ein Ende, nur die Wurst hat zwei."

É uma expressão alemã: "tudo tem um fim, só a linguiça tem dois". É confuso, mas significa que tudo que é bom, acaba.

Venho repassando os últimos dias dessa semana na minha cabeça, não fazem o menor sentido e essa expressão é a única coisa que surge ao topo desses pensamentos. Estou preenchendo papéis de demissão para um emprego que virei noites estudando para conseguir. O chefe de cirurgia tenta não parecer decepcionado, mas para ele, isso aqui é uma falha.

— Certo, Senhorita Hasster, você ainda precisa cumprir o resto dos turnos dessa semana. Depois disso, está livre. — assertivo, estende suas mãos milionárias sobre a mesa de madeira, seu rosto se fecha em uma carranca. Ele, definitivamente, não está apreciando isso.

—Tudo bem, ainda tenho pacientes para ver de qualquer maneira. — afirmo, tentando amenizar o clima pesado que se formou.

Um silêncio astronômico se instala, Dr Fritz evita me encarar nos olhos. Decido dar um fim a minha própria miséria e saio de sua sala em silêncio, não há mais nada a ser feito. Mas eu fiz um juramento e, se não se aplica ao meu próprio irmão, que tipo de medicina eu prego?

—Ele me odeia. — afirmo, abocanhando a barrinha de cereal. Brooks estrala os olhos azuis sobre mim.

— Seu irmão...?

— Claro que não, Fritz. Ele me olhou como olha pros internos burros que ele sabe que serão cortados do programa, essa sou eu agora.

— A parte boa é que ele não pode te cortar do programa, você já tá fora. — aconselha, com um riso preso entre os lábios e dá de ombros.

— Você é uma vaca, Brooks.

— Também vou sentir sua falta, Soph.

Damos um abraço de lado, desajeitado. Não se parece com um abraço, nem deveria chamá-lo assim. Alemães não se abraçam, mas eu cresci na Espanha e Brooks é americana. Não sei ao norte da América, mas, em casa, nós abraçamos.

— E por falar nisso...o que o Lucas achou sobre sua mudança?

Merda. Merda, merda, merda!

O Lucas.

Engulo em seco, tentando não me sentir culpada. Estávamos em uma briga, mas não posso acreditar em mim mesma. Que tipo de namorada esquece de mencionar que vai se mudar de país, por tempo indeterminado, para cuidar do tumor cerebral do irmão?

— Ele...aceitou de boa. — minto, desencostando-me da maca onde tiramos nossas pausas. Eu adoraria um page de qualquer um agora.

— Você esqueceu, não é? — Brooks diz, hilária, gargalhando. Não preciso mencionar que ela não é a maior fã do meu namorado. — Ele trabalha aqui sabe...ainda dá tempo de contar as novidades.

Over᯽Fabio QuartararoOnde histórias criam vida. Descubra agora