Em seu primeiro ano de internato, e depois de fugir de irmãos e ex namorados, Sophie sente que tem tudo sobre controle.
Sua carreira caminha como gostaria,suas amizades e até sua vida amorosa, tudo está exatamente como deveria estar. Mas uma manhã a...
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𝗙𝗔𝗕𝗜𝗢
Saio de lá com o gosto mais amargo que já senti na língua. Minhas veias estão pulsando forte e minha respiração se resume a sopros irregulares, também sinto que mãos estão cerradas em um punho, acho que poderia socar o mauricinho sentado em meu sofá, literalmente pensei nisso quando vi sua cara de babaca na porta, mas lembrei que Sophie não gostaria disso e também que não saio socando pessoas. Talvez eu devesse, assim não teria que ouvir o cara praticamente pedindo ela em casamento debaixo do meu teto, bem, pelo menos ele tem culhões.
Sophie entra no quarto fazendo o mínimo barulho possível como se só sua presença incomodasse, ela anda nas pontas dos pés e seu rosto está impassível, nenhum brilho nos olhos, parecendo que a conversa tinha sugado todas suas emoções. Arrumo minha postura para o que virá a seguir, não sei se más notícias ou boas, não sei nem se tem algo de bom a sair disso até onde entendi ela pode estar noiva agora, porra, como é que isso acontece? Como as coisas passam de totalmente bem para totalmente fodidas em um piscar de olhos?
— E então, o que o super doutor queria? — Pergunto e soou mais irritado do que quero, acho uma das bolinhas de tênis de Tom e a jogo na parede, ela volta exatamente em minha mão e por um milionésimo de segundo me sinto aliviado, jogo a bola novamente esperando uma resposta.
— Bom, ele quer voltar comigo — responde totalmente sem jeito, como nas primeiras vezes que conversamos em nossa vida, não sei o que ela pensava de mim, mas corava toda vez que visitava sua casa, e quando me respondia qualquer coisa era sempre com o tom mais desconcertado que já presenciei.
— E o que você respondeu?
Assim que faço essa pergunta me arrependo, na realidade não sei se quero ouvir sua resposta, taco a bola na parede com mais força e ela volta ainda mais rápido para mim. Não consigo virar o pescoço e ver seu rosto, porque sei que seus olhos diziam tudo que preciso saber e não quero.
— Que eu preciso pensar. Eu não sei o que fazer, Fabio. Ele não quer só voltar, falou de casamento e de morar na Espanha e outras milhões de coisas, eu não sei o que fazer. — Como esperado sua resposta me quebra em um milhão de pedaços, não quero ser injusto mas eu sei exatamente o que ela deveria fazer, não tem forma alguma que ela ame aquele cara, mas talvez seja só presunção minha achar que ela me ama. Quando não respondo, ela agarra minha mão com a sua minúscula e delicada, cesso meu jogo com a bolinha e sou obrigado a encará-la, o que sempre foi uma das minhas coisas preferidas do mundo, encarar Sophie costuma ser incrível, irritante de tão incrível, mas agora só sinto dor porque pode ser uma das últimas vez que faço isso.
Meu peito dói apertado e flagro lágrimas presas em seus olhos azuis, ela pressiona ainda mais sua palma sobre a minha e aperto meus lábios pela cólera que domina meu corpo. É exatamente como a noite que a perdi pela primeira vez, exatamente. Talvez seja porque estou prestes a perdê-la de novo.