(Hiato) O Príncipe Da Gucci. ~Kim Taehyung~

19 - me transformo quando estou com vc.

* visão Tae*

A mulher que saí do quarto de Soon-hee vestia preto da cabeça aos pés.
Taehyung a oferece o braço, sentindo um prazer ridículo ao pensar que ela realmente aceitaria seu convite.
– Curve-se um pouco – sugere, enquanto caminhavam pelo corredor.
– Minha tia tem 73 anos.
O véu estremece quando ela balança a cabeça. – Já estou com bastante dificuldade. Não dá para ver onde piso. Como ela consegue enxergar assim?
– Ela está de luto há muito tempo – explica Taehyung.
– Quanto tempo?
– Cinquenta anos, mais ou menos.
Silêncio. – Você está pensando que ela exagerou no luto.
– Eu nunca julgaria uma princesa – diz Soon-hee num tom sério, embora ele soubesse que aquilo era mentira e que por debaixo daquele véu ela tinha um sorriso irônico nos lábios macios.
– Foi uma escolha muito inteligente, na verdade – declara ele. – Meu avô teria arranjado outro marido para ela, mas minha tia caiu numa tristeza tão grande que ninguém se casaria com ela.
— Presumo que seu sofrimento não fosse tanto assim.
— Meus primos e eu adorávamos ir ao quarto dela. Jogávamos canastra e apostávamos caroços de cereja. Ela me apresentou ao conhaque e me deu muitos bons conselhos.
— De que tipo?
— Ela adorava pensar em situações improváveis. Por exemplo, e se o Grande Dilúvio acontecesse novamente? Como sobreviveríamos?
— Boa pergunta – reconhece Soon. – E tinha a resposta?
— Concluímos que um bom barco com o porão cheio de frutas secas nos salvaria. Quando eu era pequeno, roubava avelãs da mesa para ela montar um suprimento. Suponho que as comesse escondido. Mas titia nunca me desiludiu. Toda vez que chovia, eu ficava feliz ao pensar nas vastas reservas de comida que havia embaixo da sua cama.
— Que gentil da parte dela – diz Soon. – O que ela diria sobre as filhas de criadores de porcos?
— “Fique longe delas” – responde ele na mesma hora.
— Meu pai, sem dúvida, diria o mesmo sobre cantores bonitos que estão no auge da fama. – replica ela.
Os dois desciam a grande escadaria agora. – Um último grupo de empregados e estaremos livres – sussurra ele.
— Devo fingir que manco?
— Não precisa. Thanreo não está aqui, e ele é o único que notaria. Vou colocá-la no carro e assumir eu mesmo a direção. Avisarei quando estivermos longe o bastante para não nos verem da porta. Sairemos da estrada imediatamente.

No momento em que ele dá o aviso, Soon-hee puxa o véu e o arranca da cabeça.
— Como isso é quente! – grita. Seu rosto estava vermelho e...
— Uma peruca? – pergunta Taehyung, desapontado. Ela havia ficado tão molhada na noite anterior que ele não distinguira qual era exatamente a cor dos cabelos de Soon-hee, mas imaginava que fossem louros, num tom entre o mostarda e o vinho branco envelhecido.
— Sempre uso peruca – responde ela, com firmeza. Então olha para ele e ri. E Taehyung sente um desejo tão feroz que quase solta o volante.
— Meu cabelo é meu único trunfo. Prefiro guardá-lo para quando puder ser eu mesma, Soon-hee, e não Victoria a secretária da rainha Gucci.
— Você hoje é Soon-hee – afirma ele.
— Não, não sou. Só aceitei vir a este passeio com você porque Victoria é um tantinho devassa – diz ela, com um sorrisinho maldoso. – Eu mesma nunca faria algo assim.
— O que costuma fazer, então? – indaga ele, muito curioso.
— Um pouco de cada coisa – diz ela, num tom despreocupado. Houve alguns segundos de silêncio enquanto ele conduzia o carro para fora da estrada e entrava numa pequena trilha que serpenteava no entorno do terreno da mansão, logo abaixo dos muros.

— Que tipo de coisas? – insiste ele. – Cuidar de porcos?
— Na verdade, não há nenhum porco em minha vida – responde ela. – Animador, não? Quando eu me sinto oprimida, imagino como teria sido minha vida antes.
— Você se sente oprimida?
— Às vezes – fala Soon-hee, distraidamente. – Mas minha madrinha tem me protegido todos esses anos, e da próxima vez que me ver estarei vivendo de modo respeitável na França, com Isabella ao meu lado.
“A Channel deve ter dado uma oportunidade melhor do que a Gucci”, pensa Taehyung, “uma atitude digna da parte dela.” Embora ele odiasse a ideia de ver Soon-hee flertando com aqueles pomposos Franceses. Na verdade, sua vontade era raptá-la e... Agir como o príncipe malvado dos contos de fadas. Meu Deus.
— Você parece estar com calor – observa Soon-hee. – Onde fica esse museu, afinal?
— Não estamos indo a um museu. Daremos a volta na mansão e entraremos em um jardim secreto.
— Um jardim secreto... Como você o descobriu? Não me diga que uma fada mostrou o caminho.
— Me entregaram a chave. É secreto apenas porque o portão dá para a área externa da mansão e não para o pátio, então ninguém se dá o trabalho de ir até lá. Nem mesmo Thanreo investigou aquela área.
Seguiram por mais alguns minutos. Por fim, Taehyung para o carro debaixo de uma árvore e sai. Depois, pega uma cesta de dentro da mala do carro e se vira para abrir a porta para Soon-hee, mas ela já havia saído.