Capítulo 5 - I had a few got drunk on you and now i'm wasted

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[POV Sue]

Hoje não teve despertador me acordando, nem sol entrando pela janela (obrigada cortina), nem Jane sonâmbula. Foi uma noite comum, o dormitório até tava mais silencioso que o normal, mas de alguma maneira, mesmo cumprindo minhas oito horas de sono diárias, eu tava exausta. Literalmente, não queria levantar da cama — ok, nenhuma novidade, mas comparado a esses últimos dias, é uma novidade. Desisto de tentar dormir, solto um suspiro alto e pego meu celular embaixo do travesseiro. Observo de canto se Jane não acordou — sinceramente, a garota dormia que era uma pedra, ela não ia acordar com um suspiro, mas enfim, hábitos. Ligo a tela do aparelho e vejo o chat de Ben e Emily — as únicas pessoas com quem eu conversava, além da minha terapeuta. A última mensagem foi da Em, era uma figurinha de um gatinho e diversos coraçõezinhos envolta dele, muito fofa, ela me enviou depois de confirmar que tinha chegado bem em casa. Chegado bem em casa depois de sair do campus e sair do campus depois de eu abraçar ela absolutamente do nada e eu abraçar ela absolutamente do nada porque não consegui me segurar depois que ela me deu um poema da maneira mais fofa e adorável possível. Ok, respira Susan. O poema. O poema que eu atravessei o campus correndo, em direção ao meu quarto, só porque queria ler ele sem nenhum tipo de interrupção. Os versos de Emily, assim como ela, preencheram meus pulmões com ar e meu corpo inteiro com esperança. Sim, a mais pura e genuína esperança, que eu não sentia há tanto tempo — esperança de que ficaria tudo bem. Além disso, eu me senti extremamente especial por ela compartilhar algo tão pessoal comigo, Emi sempre comentava sobre a sua escrita e sempre de maneira muito intensa, pessoal e até... cuidadosa. E ela escreve tão geniosamente bem, é surreal o que um poema conseguiu despertar em mim. Inconscientemente, me pego sorrindo e olhando pro teto, com meu celular em cima do meu peito. Pisco algumas vezes, pego o aparelho e desejo bom dia pra Emily, em seguida mando mensagem pro Ben, pra ver se ele já tá acordado (acho difícil).

[06:53, 23/07/2021] Você: Bom dia

[06:53, 23/07/2021] Você: Pra quem?

[06:54, 23/07/2021] Ben: Pra absolutamente ninguém

[06:55, 23/07/2021] Ben: Vem, vamo tomar café

[06:56, 23/07/2021] Você: Já vou, preciso levantar

Solto uma risada baixinha com a resposta do Ben, é engraçado quando nós dois estamos no mesmo mood de manhã. Da maneira mais silenciosa possível, pego minhas roupas no guarda-roupa e vou pro banheiro me trocar — pela segunda vez no dia, checo se Jane ainda tá dormindo. Fico apresentável e saio do quarto apenas com meu celular no bolso e as chaves na mão. Mando mensagem pro Ben, mas o elevador não para no andar dele. Quando saio do prédio e caminho pro refeitório, consigo ver a silhueta do garoto de longe, sentado em um banco perto da entrada.

- Adorei a escolha da roupa - ele diz, assim que eu me aproximo. - Não existe nada mais "por favor não tente contato, pois já desisti do dia de hoje" do que um conjunto de moletom, ainda mais usando o capuz - pisca debochado, expressando uma fachada com as mãos.

- Alguém já te mandou pra aquele lugar hoje, Newton? - pergunto, puxando a camisa dele pelo ombro como quem diz "levanta, caminha!!", sinceramente só queria tomar um cafézinho logo.

- Ainda não, tá muito cedo - ele diz, se levantando e caminhando pro refeitório.

- É, tá mesmo - espio Ben de canto, ele parecia cansado, caminhava olhando pro chão e suas olheiras estavam enormes. - Ben? - chamo, parando ele na entrada do refeitório - Tu não dormiu essa noite né? - ele acenou negativamente, murmurando um "h-hm". - Quer falar sobre alguma coisa?

900 segundos de tensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora