20, um adeus, fogueiras e lanches (lua nova)

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Eu me sentia absolutamente péssima de manhã. Eu não tinha dormido bem, meu braço queimava, e minha cabeça doía. Assim que abri os olhos Alice virou-me para ela.

-Vou indo para casa, tudo bem? – Ela falou, seu rosto estava sério, mórbido.

Eu apenas assenti, e ela desapareceu em minha janela como um espírito.

A ansiedade pareceu aumentar ainda mais a intensidade da dor na minha cabeça.

O que estava havendo com ela?

[...]

Alice estava esperando por mim na escola, como sempre, mas ainda havia algo errado no seu rosto. Ainda havia alguma coisa enterrado nos seus olhos da qual eu não tinha certeza, e isso me assustava.

Eu não quis falar no assunto na noite passada, mas eu não tinha certeza se evitar falar no assunto seria pior.

Ela abriu minha porta pra mim.

-Como você se sente?

-Dolorida.

-Tomou remédio? – Ela questionou, preocupada.

Eu assenti.

Nós andamos em silêncio o resto do caminho, ela diminuiu seu passo pra alcançar a velocidade do meu.

-Onde está Jasper? – Perguntei, quebrando o silêncio.

-Ele vai passar um tempo fora. – Ela falou, e eu poderia sentir o bolo que formou em sua garganta. – Edward está com ele, uma espécie de reabilitação.

Qual era a razão dessa sensação tenaz, instintiva de medo que eu sentia, e que aparentemente não conseguia esquecer?

A manhã se passou devagar. Eu estava impaciente para saber tudo que Alice estava vendo, eu sabia que ela estava constantemente percebendo as coisas.

Eu perguntei enquanto ela me acompanhava, silenciosamente, até a minha caminhonete:

-O que você vai fazer hoje?

-Caçar. – Ela falou, por fim, dura.

-Ok.

Ela beijou minha testa de novo antes de fechar a porta pra mim. Então ela me deu as costas e foi andando graciosamente até o seu carro.

Eu consegui sair do estacionamento antes do pânico realmente bater, mas eu já estava com os pensamentos a mil quando cheguei em casa.

Estava pensando... Se isso ajudasse, eu ficaria longe da grande casa branca perto do rio, eu nunca pisaria lá de novo. Não me importava.

Eu ainda iria ver Alice na escola. E ela ia pra minha casa o tempo todo de novo. Ela não ia querer machucar os sentimentos de Charlie ficando longe.

Afinal, o que aconteceu ontem não foi nada.

Nada aconteceu. Então eu me senti mal, era a história da minha vida. Comparado com o que aconteceu primavera passada, isso parecia especialmente sem importância. James me deixou quebrada e praticamente morta por perda de sangue, e ainda assim, Alice aguentou comigo as semanas de hospital muito melhor que isso.

Será que era porque dessa vez não era de um inimigo que ele precisava me proteger? Porque era o irmão dela?

Talvez fosse melhor se ela me levasse embora, ao invés da família dele se separar. Eu fui ficando um pouco menos deprimida enquanto considerava tudo isso sem interrupções durante algum tempo.

Se ela fosse capaz de esperar até o término do ano escolar, Charlie não seria capaz de se opor. Nós iriamos embora para a faculdade, ou fingir que era isso que estávamos fazendo, como Rosalie e Emmett.

crepúsculo (bellice)Onde histórias criam vida. Descubra agora