36, faculdade (eclipse)

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Eu passei os meus dedos pela página, sentindo as marcas de cada pequena letrinha.

Bella,

Me desculpe sumir esses tempos, eu de verdade estou confusa sobre meus sentimentos, e acredito que você também esteja.

O que tivemos durante esses meses significaram muito para mim, e eu não conseguirei superar tão facilmente, mesmo que você não tenha decidido, sei que sua decisão é bastante tendenciosa para Alice, e tudo bem, eu quero ver você feliz, mas tenha cuidado, você sabe que não acabou tão bem da última vez.

Jacob tem estado muito estressado sobre isso tudo, e Alice tem razão de te querer longe dele, ele ainda é novo, não sabe lidar muito com o temperamento, então pelo seu bem, e pelo bem do acordo, a distância realmente é a melhor solução.

Eu sinto muito a sua falta, e espero que em breve possamos nos ver, você é uma pessoa incrível, não quero te perder.

Abraços,

Leah.

Eu podia imaginá-la escrevendo isso, eu podia imaginar a frustração fazendo as sobrancelhas dela se apertarem e enrugando a sua testa. Se eu estivesse lá, eu iria rir de sua carranca.

Rir era a última coisa que eu tinha vontade de fazer enquanto relia as palavras que eu quase já tinha memorizado.

O que mais me surpreendia era o quanto aquelas linhas rabiscadas haviam me machucado, como se a ponta das letras tivessem superfícies cortantes. Mais do que isso, por trás de cada palavra raivosa se escondia uma piscina de dor, a dor de Leah me cortou mais profundamente do que a minha própria.

Enquanto eu estava pensando nisso, eu senti o cheiro inconfundível de alguma coisa queimando na cozinha.

Em outra casa, o fato de que alguém que não fosse eu estava cozinhando não causaria muito pânico.

Eu enfiei o papel amassado no meu bolso de trás e saí correndo.

Eu cheguei ao fim das escadas quase sem tempo. O recipiente de molho de espaguete que Charlie tinha enfiado no micro-ondas estava apenas no início da revolução quando eu abri a porta e o tirei de lá.

-O que eu fiz de errado? – Charlie quis saber.

-Você tinha que ter tirado a tampa antes, pai. Metal não é bom em microondas. – Eu rapidamente removi a tampa enquanto falava, derramei metade do molho em uma tigela, depois coloquei a tigela de volta no microondas e guardei o resto de volta no congelador, arrumei o tempo e apertei o botão start.

Charlie observou os meus arranjos com os lábios torcidos.

-Eu fiz o macarrão direito?

Eu olhei para a panela no fogão, a fonte do cheiro que havia me alertado.

-Mexer ajuda. – Eu disse à meia voz. Eu encontrei uma colher e tentei desgrudar a massa que estava pegada no fundo.

Charlie suspirou.

-Então, pra que é tudo isso? – Eu perguntei a ele.

Ele cruzou os braços no peito e olhou, pela janela dos fundos, para a chuva caindo.

-Eu não sei do que você está falando. – Ele rosnou.

Eu estava confusa. Charlie cozinhando? Qual era o motivo da sua atitude ranzinza?

-Eu perdi alguma coisa? Desde quando você faz o jantar? – Perguntei, provocando-o – Ou será que eu devo dizer 'tenta' fazer o jantar?

Charlie levantou os ombros.

crepúsculo (bellice)Onde histórias criam vida. Descubra agora