24, a seita e adrenalina (lua nova)

210 32 0
                                    

Eu não tinha certeza do que diabos eu estava fazendo aqui. Será que eu estava tentando me jogar de volta naquele torpor? Eu virei masoquista? Eu devia ter ido direto pra La Push onde eu me sentia muito, muito mais saudável perto de Jacob. Essa não era uma coisa saudável a fazer.

Mas eu continuei a dirigir lentamente pela rua coberta de vegetação, virando entre as árvores que se contorciam por cima de mim como um túnel verde, vivo. Minhas mãos estavam tremendo, então eu apertei elas no volante.

Eu sabia que parte pra eu estar fazendo isso era o pesadelo, agora que eu estava realmente acordada, o nada do sonho roía meus nervos, como um cão roendo um osso.

Havia uma coisa pra procurar. Inacessível e impossível, sem se importar e distraída... mas ela estava lá, em algum lugar. Eu tinha que acreditar nisso.

A outra parte era a estranha sensação de repetição que eu sendo nomeu dia na escola hoje, a coincidência da data. O sentimento de que eu estava recomeçando, talvez do jeito como o meu dia primeiro teria sido se eu realmente fosse a pessoa mais incomum na cafeteria naquela tarde.

As palavras corriam na minha cabeça, sem som, como se eu estivesse lendo elas ao invés de ouvi-las.

Será como se eu nunca tivesse existido.

Eu estava mentindo pra mim mesma quando dividi o meu motivo pra vir aqui em duas partes. Eu não queria admitir a minha motivação mais forte. Porque eu estava mentalmente deteriorada.

A verdade é que eu queria ouvir a voz dela. Por um breve momento, quando a voz dela veio de outra parte consciente da minha memória, quando a voz dela era perfeita e suave como o mel e não pálida como as outras memórias que eu costumava reproduzir, eu fui capaz de lembrar sem sentir dor.

Não durou muito, a dor me encontrou, assim como eu tinha certeza que faria com esse meu passeio bobo. Mas aqueles momentos preciosos quando eu pude ouvir a voz dele de novo eram um chamariz irresistível.

Então eu estava indo para a casa dela, um lugar onde eu não tinha ido desde a festa catastrófica do meu aniversário, há tantos meses atrás.

A grossa quase floresta crescia e passava pelas minhas janelas. A viagem continuou e continuou. Eu comecei a ir mais rápido, ficando nervosa. Por quanto tempo eu estive dirigindo? Eu já não devia ter chegado na casa? A rua estava tão coberta de vegetação que quase não me parecia familiar.

E se eu não conseguisse achar? Eu tremi. E se não houvessem provas tangíveis?

Então, lá estava a entrada entre as árvores que eu estava procurando, só que ela já não se pronunciava tanto como antes.

A flora aqui não demorava muito pra reclamar qualquer terreno que estivesse sem cuidados. As altas samambaias haviam infestado a clareira que cercava a casa, se aglomerando nas árvores, mesmo na grande varanda.

E havia uma casa lá, mas ela não era a mesma.

Apesar de nada ter mudado do lado de fora, o vazio gritava pelas janelas brancas. Era arrepiante. Pela primeira vez desde que eu vi a linda casa, ela me pareceu um local apropriado para vampiros.

Eu pisei no freio, desviando o olhar. Eu estava com medo de ir mais em frente. Então eu deixei o motor ligado e pulei pra fora no mar de grama.

Eu me aproximei da entrada estéril, vaga, lentamente, minha caminhonete tremendo num barulho reconfortante atrás de mim. Eu parei quando cheguei nas escadas da entrada, porque não havia nada aqui. Nenhum senso demorado de presença... da presença dela.

A casa estava solidamente ali, mas isso significava pouco. Essa concreta realidade não ia afastar o vazio dos meus sonhos. Eu não cheguei mais perto. Eu não queria olhar pela janela. Eu não tinha certeza do que seria mais difícil de ver. Se os quartos estivessem vazios, ecoando o vazio do chão até o teto, isso certamente ia doer.

crepúsculo (bellice)Onde histórias criam vida. Descubra agora