21, pensamentos e noite do pijama (lua nova)

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O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida.

Ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.

-Percebo que você 'tá mais de boa ultimamente. – Charlie comentou.

Eu assenti.

-Eu tento.

Meu comportamento esteve acima de qualquer reprimenda nesses últimos quatro meses. Depois daquela primeira semana, eu não perdi nem um dia de aula ou de trabalho. Minhas notas estavam perfeitas.

Além disso, Charlie espontaneamente começou a pagar uma psicóloga para mim em Forks, juntamente com consultas mensais na psiquiatra. Fico meio triste ao saber que foi necessário isso tudo ocorrer para que ele percebesse que eu preciso de ajuda, mas no fundo não o julgo, ele não entende totalmente.

-Eu meio vou sair essa noite, com Angela. – Avisei para ele, no dia anterior ela tinha combinado uma noite do pijama aqui em casa, achei legal a ideia.

-Que ótimo! – Ele respondeu animado demais, mas quando percebeu, recolheu-se um pouco. – Mas porque meio que sair?

-Porque vai ser aqui em casa. – Falei, rindo de canto.

-Ela vai dormir aqui? – Eu assenti. – Deixo algum dinheiro?

-Seria legal.

Eu realmente estava um pouco feliz em sair com Angela, mesmo que tivéssemos mentalidades diferentes, acaba que meus ensinamentos e fala influenciam ela de alguma formas, certos ideais e valores estão sendo mudados, isso era legal. Durante a festinha seria provável que falássemos sobre o pessoal da escola, comecemos algo, ouvir música.

[...]

Puxei meu livro de Calculo. Eu o abri na seção que deveríamos estar começando hoje, e tentei entender alguma coisa. Ler matemática era ainda pior do que ouvir, mas eu estava ficando melhor nisso. Nós últimos meses, eu gastei dez vezes mais tempo com Cálculo do que eu já havia gastado com Matemática em toda a minha vida. Como resultado, eu estava conseguindo manter um alto 10. Eu sabia que o Sr. Varner sentia que a minha melhora provinha dos seus métodos superiores de ensino. E se isso fazia ele se sentir feliz, eu não ia estourar a bola dele.

Eu continuei entretida nisso até que o estacionamento já estava lotado, e eu acabei tendo que me apressar para a aula de Inglês. Nós estávamos trabalhando com Revolução dos Bichos, um assunto muito fácil. Achava os ideias comunistas legais, e foi uma mudança bem vinda de todos aqueles romances exaustivos que ficavam bem no currículo. Eu sentei no meu lugar, feliz pela distração do Sr. Berty em sua dissertação.

O tempo se movia facilmente quando eu estava na escola. O sino sempre tocava cedo demais. Eu comecei a arrumar minha bolsa.

-Bella? – Eu reconheci a voz de Angela.

Eu olhei pra cima. Ela estava se inclinando na fila de cadeiras com uma expressão ansiosa.

-Oi. – Dei um leve sorriso.

-Que horas posso chegar hoje?

-Umas sete. – Falei, dando os ombros.

-Levo algo?

-'Tá de boa.

-Ok.

Ela sorriu, acenando uma vez antes de virar as costas.

Eu agarrei o livro de Cálculo com uma expressão severa. Essa era a aula em que eu me sentava perto de Angela. Mais papo sobre a noitinha.

Com um suspiro, eu abri a porta.

crepúsculo (bellice)Onde histórias criam vida. Descubra agora