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Judy

Esperei encolhida atrás do banco até que ele voltasse da delegacia, o calor estava de matar e já podia sentir o suor escorrendo por minha testa e minhas costas.

Agarrei mais minha mala quando ouvi a porta se abrir. Ele deu a partida e dirigiu o que pareceu ser meio segundo.

⸻ Já volto. ⸻ sussurrou antes de sair.

Esperei, esperei lutando com a ansiedade. Quando aquela droga iria terminar? Talvez se eu me entregasse, o tal John seria legal comigo como era com ele... Mas eu sabia que não ficaria presa ali, meu caso era bem mais complicado que o dele... E a polícia, era o menor dos meus problemas.

Alguns minutos depois, ele abriu a porta colocando uma caixa no banco do motorista e levantando o banco onde eu estava escondida.

⸻ Ela vai te levar, mas tem que ser depois das 5, quando fecha o mercado, disse que pode deixar você nos estoques até lá.

Agarrei minha mala com mais força. ⸻ Tem certeza? Ela não perguntou nada?

Me estendendo a mão, ele abriu aquele lindo sorriso tranquilizador. ⸻ Eu só disse que precisava de uma carona. Pode confiar. Além disso, vai conhecer a Lis, nem vai ver o tempo passar.

Segurei sua mão para me levantar e percebi que estava em uma garagem, uma área de descarga do mercado, imaginei.

Saí do carro e olhei para ele, como se quisesse gravar aquele rosto pra sempre. Eu não queria ir...

Ele olhou em volta e segurou meu queixo me dando um beijo rápido. ⸻ Boa sorte para você, boneca.

⸻ Ian... ⸻ tremi.

⸻ Não fala... Não é uma despedida se a gente não quiser. ⸻ sussurrou baixando os olhos. ⸻ A gente se vê. ⸻ disse me dando um empurrãozinho para pegar a caixa e colocar no banco do carona.

⸻ Você liga? ⸻ perguntei me afastando.

⸻ Ligo, Mari vai me deixar usar o telefone. Então, toda sexta por esse horário, a gente se fala, tá?

Pela primeira vez me senti confiante. Eu não tinha escolha sobre ir, mas ter uma âncora, um porto seguro... Era diferente para mim, me dava ânimo para seguir e talvez um dia, voltar.

⸻ Vou esperar. ⸻ sorri lhe dei um beijo rápido que fez meu coração palpitar, e corri para dentro da porta que ele indicou.

Ouvi o som do carro se afastando, e foi tão brutal, que meu corpo sentiu a tensão de estar sozinha de novo. Meu corpo que nem sabia o que era aquilo dias atrás agora sentia a dor da separação. E era errado, era tão errado me sentir daquele jeito, sabendo que, na verdade, não havia chance nenhuma de eu vê-lo de novo. Só esperava que ele também soubesse disso.

Procurei um cantinho entre as caixas e me sentei, o lugar cheirava a pão fresco, o que fez minha barriga roncar. Apertei meu celular com mais força e o liguei.

Tirei o som antes que ele fizesse qualquer ruído, e um segundo depois um monte de mensagens começaram a aparecer na tela. Eram todas dos números que minha mãe costumava usar.

"Judy, pelo amor de Deus, me diz que você está bem"

Era a última delas, e era de se esperar, todos os dias eu costumava mandar qualquer coisa, nem que fosse uma única figurinha para não preocupá-la, mas na casa do Ian, isso não foi possível.

Digitei rapidamente.

"Estou bem, mãe, fiquei sem sinal, estou tentando chegar ao homem que me falou, mas ainda não sei como fazer isso".

Se dessa vez Você Ficar Onde histórias criam vida. Descubra agora