11 Namorada?

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Judy

Ele não ligou, e todo aquele mistério estava me deixando maluca, por que ele receberia a liberdade de ir a um festival?

De qualquer forma, eu não conseguiria esperar mais uma semana, já estava perto, passaria o fim de semana em Cliver e tentaria chegar até lá de táxi, precisava checar o terreno, ver se ainda procuravam a ladra de carros ou se eu já podia aparecer.

***

Na segunda-feira de manhã, fui a uma cafeteria, e na saída cruzei com um taxista. Fiz algumas perguntas, deixei ele ter uma boa visão do meu decote, o distrai arrancando algumas informações, nada de muito útil, mas depois que conquistei sua confiança, pedi a corrida.

Mais que prontamente, pegamos a estrada e algumas horas depois, avistei a casa, meu coração espancou meu peito. Era a primeira vez que eu voltava para um lugar que eu queria tanto estar. Paguei a ele com dinheiro e um beijo na bochecha, ele me deu seu cartão e desci de seu carro carregando minha mala.

Outra vez afundei os calçados na areia fofa, mas isso nem me chateou. Estava indo direto para a varanda quando ouvi música vindo do galpão. Uma música única, misturava batidas de hip hop, com doces acordes de música clássica. Era bonito e totalmente incomum.

Abri uma fresta da porta enorme e o vi de costas. Ele estava de calça jeans e uma camisa vinho meio desbotada, estava descalço naquele chão de madeira. A sua frente, cinco meninas pulavam e dançavam.

Ele... Era isso, então? O motivo de ele não sair da cidade. Ele... Ensinava balé... Eu jamais imaginaria. Pisquei atordoada tentando buscar todas as palavras que me remetiam a balé.

⸻ Isso, Lis, agora aqui na frente, faz aquela que a gente combinou. ⸻ falou se abaixando.

Um segundo depois, Lis saltou alto completando uma parte da coreografia.

Aquilo era tão lindo, como... Como podia... Ele ser aquela pessoa? Como alguém como ele tinha cometido algum crime? Não era possível.

Lis deu a volta nele, mas quando estava indo para sua posição novamente, ela me viu.

⸻ Bo! Olha, sua amiga... ⸻ apontou.

No mesmo instante ele se virou, e seu semblante confuso se tornou um sorriso lindo instantâneamente.

Passei pela porta, um pouco tímida, não sabia se eu devia estar ali sem avisar ou...

Mas minhas dúvidas morreram assim que ele começou a vir na minha direção, deixando garotinhas confusas atrás dele.

Estava preparada para um oi, mas ele me agarrou pela cintura como se precisasse acreditar que eu estava mesmo ali.

⸻ Me desculpa por não ter ligado, foi uma droga... ⸻ se apressou a dizer. ⸻ mas se soubesse que era só te dar o cano na ligação pra te fazer voltar, teria feito antes.

Sorri apoiando minhas mãos em seus ombros. ⸻Bo... Bol-shoi? ⸻ dei um beijinho em seus lábios.

Seus olhos se arregalaram. ⸻ Quem te contou?

Gargalhei ⸻ Você. Foi uma tentativa, depois vou querer saber a história, mas... ⸻ fiz sinal com a cabeça. ⸻ Acho que acabamos de quebrar o coração de cinco menininhas.

Ele não se importou em me beijar outra vez, me apertando mais ⸻ Eu conserto. Vem, vem conhecer minha galera.

Não consegui não rir, tudo era tão fofo, elas usavam saia de tule rosa e as mesmas camisetas que vi Lis usar. Aparentemente era o uniforme delas. Ele destoava tanto ali que tudo ficava ainda mais perfeito. Eu realmente adorava as pessoas dessa cidade. Amava como confiavam nele.

Se dessa vez Você Ficar Onde histórias criam vida. Descubra agora