Last Woman

11: Ações

𝐎 𝐡𝐨𝐦𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐯𝐚 𝐀𝐯𝐢𝐥𝐥𝐚 bruscamente, de modo que se notava em sua expressão o quanto estava sufocante. Ele prendeu o antebraço dela as costas enquanto apoiava a faca em seu pescoço de um jeito ameaçador. Ávilla segurava com sua outra mão o antebraço do homem o puxando para baixo tentando sair da situação, mas sem sucesso. Olga e Travis ficaram receosos em atacar, e trocavam olhares tensos que certamente diziam algo, não sabiam o que fazer, claramente o encapuzado estava com os nervos a flor da pele, qualquer atitude errada, poderia deslizar o punhal no pesçoco da futura rainha.

- Senhor, mantenha a calma! Não somos... inimigos, estamos aqui pela mesma causa! - Olga aproximava devagar, tentando apaziguar em palavras, totalmente rendida.

O homem tinha uma voz rouca, mas firme. Falava gravemente e não parecia arrepender do que fazia, não parecia ser tão jovem, aparenta alguém experiente e que sabe lutar - um antigo soldado talvez - quando Olga se aproximou, ele firmou mais o antebraço de Ávilla nas costas fazendo um estralo, consequentemente ela soltou um gemido contido de dor. Começou a brotar gotículas de suor no rosto de Ávilla, ela olhava para Olga e Travis simultaneamente, seus olhos pareciam pedir socorro - façam alguma coisa - mas também passavam outra mensagem - para quê continuar? - dois sentimentos se rebatendo. Mas no fim, o primeiro falava mais alto, o que tomou conta dela: ainda não é hora de morrer.

- Senhor - ela falava baixo, quase não conseguia devido a pressão em sua garganta - não estamos aqui para fazer mal, somos - a voz hesitava - revolucionários.

Revolucionários. A palavra pareceu mexer no íntimo do homem, que tirou um pouco do peso do antebraço. Mesmo assim, não era possível Ávilla dar fuga.

- Quem é você e o que vocês querem? - Ele esbravejou

- Somos feiticeiros, e a menina que está tentando assassinar é filha da Óliver. - Travis respondeu com desdenho

- Filha da Óliver? - O homem caiu em gargalhadas e voltou a pressionar a faca - Isso é hilário! Saiam de trás das paredes cidadões, venham testemunhar esse teatro. - ele gritou, parecia falar com ninguém em específico, mas a partir das suas palavras, foram relevando figuras de trás dos becos e paredes deformadas: homens, mulheres e crianças, moradores de Quatzo. Ou melhor, sobreviventes.

- O que... - Olga falou, tão baixo quanto um murmuro.

- Somos os sobreviventes, nós sim, somos revolucionários - ele forçava Ávilla a encarar todos em volta da praça, as pessoas pareciam assustadas e cochichavam sobre. - prestem atenção, não caíremos em mais mentiras! Não será tão facíl nós ter novamente depois do que eles fizeram com nosso reino. A última vez que cremos em desconhecidos assim, tão bonzinhos quanto vocês estão agora - apontava com o queixo para Olga e Travis - o império virou isso que estão testemunhando. - Como se não bastasse, prosseguiu - Essa menina dita ser filha da nossa adorada rainha Óliver. - as palavras foram suficientes para gerar um zumbido de palavras dos cidadões, discutiam como em um tribunal. A fala de uma senhora se destacava mais que outras - Eu já ouvi um boato sobre a rainha ter escondido sua filha por causa da guerra - gerou mais conflito.

O encapuzado parecia observar, no entanto, deitou o pescoço para trás deixando o capuz cair por si. Ele abaixou a cabeça novamente, revelando um cabelo grisalho jogando para trás - muito bem penteado por sinal - e uma barba média na mesma cor. Como previsto, um homem velho, seus olhos pretos e brilhantes pareciam um buraco negro, seu rosto acompanhava várias marcas e cicatrizes, além de olheiras, que o deixava mais intimidador. Ávilla parecia cansada, e não fazia muito para tentar sair, ela imaginava que a sentença era essa. "Exietem coisas que estão predestinadas a acontecer, você, eu ou qualquer um querendo ou não" - a voz de Olga ecoava em seu interior.