'Os Provocadores' (Thriller Gay)

Capítulo 2: Dimitri

Eles acabaram de transar, o cara se jogou na cama e não demorou muito para dormir. A mente de Dimitri fluía rápido demais para se desligar naquele momento. O sexo tinha sido bom, muito bom na verdade. Cássio era o nome dele. Com certeza ele estava em terceiro lugar na escadinha de melhores transas que Dimitri já teve.

Isso era uma posição muito boa, visto a quantidade de pessoas que Dimitri transava. Sexo era a segunda melhor coisa em sua vida. Dimitri se sentia vivo enquanto transava com alguém. Ele não tinha problema em repetir os caras que ele ficava, mas não conseguia dizer "não" a uma novidade.

O carinha de hoje foi encontrado na internet. Era gostoso, aqueles bombadinhos de academia, desesperados por atenção e por alguém que infle o ego deles. Pelo o menos este sabia fazer tudo direitinho na cama e por isso teve o ego inflado. Dimitri iria querer mais vezes com ele.

Cássio o abraçou, ficando de conchinha e começou a roncar de leve. Dimitri não estava com sono naquele momento, decidiu ir para o escritório comprar algum livro. Ler era a terceira melhor coisa em sua vida. Porém ele não gostava de livros comuns, gostava de ler ensaios, teses e livros antigos dos grandes autores que já passaram no planeta, sempre na língua original. Uma das paixões dele, além de pornografia, e outras coisas, era pesquisar por livros raros nos mercados negros na Deep Web [1].

Ele entrou no Tor,[2] conectou-se no submundo da internet e entrou na página que costumava comprar livros raros, "perdidos" e roubados.

Após meia hora de busca, encontrou um livro da primeira edição em inglês de Prince, era claro que ele já lera O Príncipe de Maquiavel na escola, mas valia a pena gastar 30 mil libras e reler aquela edição raríssima de 1640. Ele ficou com tesão pelo livro. Levaria mais de um mês para que chegasse aquela obra prima em seu apartamento, mas Dimitri sabia que era um tempo e dinheiro bem gasto.

Como ele não tinha nada novo para ler no momento, decidiu estudar Sueco. Esta era a décima oitava língua que ele aprenderia. Aprender línguas era a quinta e última coisa que Dimitri mais gostava no mundo.

Já eram cinco da manhã quando veio à necessidade de dormir. Dimitri não era como os outros que precisava dormir oito ou nove horas por dia, para ele, assim como para Napoleão, bastava três horinhas de sono e já estava pronto para um novo dia.

Cássio dormia na mesma posição ainda, Dimitri se aconchegou nele, ficando de costas para o rapaz e passando o braço dele por cima de si mesmo e adormeceu rapidamente.

Quando acordou no dia seguinte, viu que estava sozinho na cama. Ouviu barulhos vindos da cozinha e presumiu que o cara estava comendo alguma coisa. Dimitri se levantou, arrumou a cama, pegou as roupas Cássio e suas jogadas no chão e as dobrou. Nesse momento a carteira do rapaz caiu do bolso da calça. Dimitri abriu para analisar a foto da identidade do cara, quando viu que o nome dele era Marcus.

Dimitri era a pessoa que mentia para os outros, não os outros que mentiam para ele. Sendo o terceiro melhor sexo da vida dele ou não, Marcus perdeu o privilégio de transar mais vezes com ele pela mentira. Inventar nomes era algo tão 15 anos de idade. Dimitri agiria normalmente com Marcus até se despedirem, mas nunca mais apareceria na vida desse cara.

A companhia de Marcus, que acabou confessando tarde demais que mentira o nome, era até agradável, os dois transaram mais uma vez em baixo do chuveiro, saíram para almoçar, conversaram razoavelmente bem. Porém, assim que Dimitri o deixou em casa, olhou pelo retrovisor para vislumbrar aquele corpo pela última vez se despedindo, não o veria mais.

Neste momento ele notou que o mesmo cara na moto verde estava andando atrás dele. Dimitri teve a impressão que um homem em uma motoverde estava o seguindo há algumas semanas, mas nada tinha acontecido ainda. Entretanto dessa vez isso o incomodou. Dimitri não sentia medo, ele estava acima do medo, não via o cara da moto como uma ameaça.