'Os Provocadores' (Thriller Gay)

Parte 2 - Os Provocadores: Introdução

Ricardo entrou na sala em que o corpo do filho se encontrava e estava prestes a presenciar a cena mais horrível de toda a sua vida. O corpo estava em uma mesa, coberto por um lençol, o médico legista estava parado ao lado, com um olhar indiferente. Assim que Ricardo se aproximou da mesa o legista puxou o lençol e Ricardo viu o corpo do filho, sem cabeça, sem as mãos, com ferimentos nos dois joelhos e três cortes profundos no abdome.

- Seu filho morreu com a hemorragia sofrida pelos ferimentos no abdome. - Disse o médico legista com uma voz indiferente.

Ricardo estava aterrorizado com a imagem, ver aquele corpo branco, magro, sem cabeça e sem mãos e lembrar-se que já foi o seu filho trouxe uma dor imensa. Muito potencial desperdiçado com o assassinato de seu primogênito. Aliocha era sua filha favorita, porém perder Dimitri assim, por culpa dele, era algo que ele jamais se perdoaria.

Porém Ricardo foi arremessado ao passado, enquanto observava o corpo inerte deitado na mesa fria e se lembrou de um dos piores momentos de sua vida. Ele estava com o detetive particular Ramirez, que tinha contratado para investigar o filho. Após um mês de investigação eles estavam sentados à mesa da sala de trabalho de Ricardo. Ele estava tenso ao ver a quantidade de material colhido: três pastas cheias de papeis, notou também que havia um case com alguns DVDs.

- E aí, detetive, o que temos sobre meu filho? - Perguntou forçando uma descontração para disfarçar todo o nervosismo que sentia no momento.

- Temos um dos casos mais interessantes que eu já peguei, digo, interessante para mim, espero que o Senhor esteja preparado. Ainda há tempo de destruir todo este material colhido.

Ricardo pestanejou, algo dizia para ele parar e não seguir em frente, porém ele quis continuar.

- Vamos ver o que meu filho esconde de mim.

- Por onde quer que eu comece?

- Pelo começo. - Respondeu inseguro.

- Vou começar pela descoberta mais branda até a pior. - Disse o detetive, pegando uma pasta, puxando alguns relatórios.

- Seu filho dorme de três a quatro horas por dia, lê a maior parte do tempo, estuda várias línguas. Ele é muito inteligente. Eu o vi aprendendo romeno em uma velocidade impressionante. Ele começou a estudar a língua no início do mês, estudando quatro horas por noite. Em três semanas ele já estava teclando com alguma dificuldade com romenos em salas de bate papo. Sem contar que ele já estava falando também, abriu webcam com uma romena e ficaram conversando para ele treinar. Eu não entendi nada da conversa, porém ela ria muito do que ele falava.

- Romeno? O que ele vai fazer com romeno na vida dele?

- Seu filho é fluente tcheco e essa língua se mostrou muito importante para ele enquanto o observava.

- Por que ele precisaria saber falar tcheco?

- Chegaremos nessa parte, mas deixe-me seguir meu roteiro aqui. - Ramirez pegou umas folhas grampeadas que estava na primeira pasta e perguntou. - Você sabe o que é Deep Web?

- Não. - Ricardo respondeu.

- Bem. Resumindo a Deep Web é uma internet não indexável, isto é, não se acha no Google. Para se ter acesso a esse tipo de internet você precisa possuir um programa específico, com o programa na máquina, você tem acesso a sites escondidos na internet. Para você ter uma ideia, o conteúdo que temos disponível na web normal, ou surface web, representa menos de 10 por cento do que se acha na Deep Web. E lá tem tudo. Seu filho é um usuário frequente de lá. Como o usuário entra por um endereço disfarçado, seu filho acessa na casa dele, mas há tanta proteção que ninguém consegue achar o real IP dele, ele pode usar um IP de Bangladesh, de Zurik, Helsink, ou qualquer outro lugar do planeta. Na Deep Web as pessoas desenvolvem vírus, vendem órgãos, traficam seres humanos e tudo de mais absurdo que você puder imaginar.