Capítulo 28: Michel

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Os primeiros dias vivendo sem Dimitri foram de libertação total para Michel. No momento que ele saiu daquele apartamento, pegou um taxi e foi diretamente para casa de Érique, começou a se sentir livre pela primeira vez na vida.

Não havia mais um Daniel ou um Dimitri para prendê-lo em uma vida que ele não gostava. Michel não se permitiria mais ficar acomodado a uma relação tóxica como se permitira com o irmão ou com o ex-namorado.

Agora tudo seria diferente.

Érique o recebeu de braços abertos em sua casa no dia que Michel fugiu. Porém ele sabia que não podia ficar parasitando no apartamento do amigo. Marcelo estava precisando de uma pessoa para dividir o apartamento e isso foi perfeito para Michel.

Marcelo morava em um apartamento de dois quartos e o antigo rapaz que dividia o apartamento com ele se formou e voltou para o Mato Grosso do Sul.

O segundo passo seria arrumar um emprego. Michel trabalhou em um restaurante de shopping a vida inteira e esse era um tipo de emprego que ele não queria pegar novamente.

Mas ter conhecido Érique, Glauco, Marcelo, Luís e Albiero foi a melhor coisa que acontecera em sua vida. Desde quando ele entrou nessa turma com uma facilidade impressionante, as coisas começaram a acontecer de maneira fácil para ele. Albiero trabalhava na empresa do pai e sabia que tinha uma vaga para Assistente Administrativo no mesmo setor que ele trabalhava.

Isso era perfeito.

Albiero conversou com o pai e logo Michel foi contratado.

Michel se preocupou que descobrissem que seus documentos eram falsos, mas não houve suspeita. O cara que Dimitri arrumou para fazer os documentos falsos era muito bom. Não houve problema com documentação no momento de abrir uma conta bancária, nem no momento de ser contratado na empresa. Tudo correu espantosamente bem.

Michel ficou com medo de depositar todo o seu dinheiro no banco. Ele sabia que podia se ferrar com a Receita Federal se aparecesse com mais de cem mil reais em dinheiro vivo para depositar. Ele também não sabia como poderia lavar esse dinheiro. Por isso alugou um galpão, assim como Dimitri fizera para esconder a bomba, e deixou o dinheiro lá. Ele gastaria aos poucos, era a maneira menos burra de se viver com tanta grana.

Os primeiros dias de trabalho foram bons. Michel aprendeu suas funções que eram bem simples e se sentia muito bem em acordar cedo, colocar uma roupa social, pegar o metrô às 9 horas da manhã e ir pra a empresa.

À noite ele pretendia estudar para fazer vestibular. Ainda não tinha ideia de qual curso fazer, por via das dúvidas ele faria Administração se nada mais específico despertasse sua vontade, mas ele teria alguns meses pela frente.

Em pouco mais de uma semana, tudo já estava encaminhando. A vida estava boa e se afastar do ex-namorado era o suficiente para que o tormento das imagens de Ivan Caprioni e Rodney Brandão aparecessem com menos frequência em sua mente.

Porém tinha um tal de os provocadores Bahia que o incomodava. Uns loucos que homenageavam o "Mestre Newen" que começaram a matar homofóbicos em seu estado. O maior medo de Michel era que essa moda pegasse.

O descanso mental de Michel acabou logo na segunda-feira de manhã, na segunda semana de trabalho, quando estava em seu horário de almoço. Ele estava sentado com Albiero no refeitório da empresa, distraído jogando um joguinho em seu celular, enquanto o amigo estava mexendo em seu celular.

- Puta que pariu! – Albiero exclamou repentinamente.

- O que foi? – Michel perguntou assustado, tirando os olhos de seu joguinho e olhando para o amigo sentado de frente para ele.

'Os Provocadores' (Thriller Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora