'Os Provocadores' (Thriller Gay)

Capítulo 5: Dimitri

Ele era gay!

Tudo ficou mais fácil no momento que Dimitri sentiu que Micha era gay. De alguma forma, mesmo vendado, essa possibilidade passou por sua cabeça no momento que Micha limpou o cuspe em seu rosto, mas agora era certeza.

Quando foi vendado e levado ao cativeiro, o cérebro de Dimitri começou a procurar por uma forma de sair por cima neste sequestro. Ele precisava encontrar uma brecha, um ponto fraco no grupo, para que fugisse da situação antes mesmo que seu pai pagasse o resgate. Ele não deixou o ódio da situação tomar conta dele, precisava manter a calma.

Medo, estresse, preocupação, desespero ou qualquer outro sentimento de pessoas fracas não o atingiram. Os imbecis que o sequestraram não o mataria, ele tinha certeza mais que absoluta disso. Ele sabe quando pode ter medo de alguém e, daqueles três, Dimitri sentiu perigo apenas em Branco. A voz dele, a raiva emanando dele era algo preocupante, mas mesmo assim, ele sabia que Branco obedecia e não era o líder do grupo;

A primeira vista, seria mais fácil fugir por Juba. Juba parecia ser uma daquelas pessoas boas, parecia ser um cara justo, mas ele não iria fraquejar, nem deixar-se levar por Dimitri, ele era determinado, dava para sentir na voz dele, parecia um homem perto do desespero, talvez o sequestro fosse sua última saída para o que quer que ele esteja vivendo.

Pépe era um revoltado com a vida, parecia detestar o fato de Dimitri ter muito dinheiro e ele não. Não sentia que ele fosse o elo fraco do trio também.

Branco era o elo fraco, mesmo dando para saber em poucos minutos que ele era alguém completamente descontrolado, Branco poderia ser levado na conversa, trairia os dois companheiros facilmente por alguns mil reais na mão.

Enquanto ele apanhava, Dimitri estava se sentindo humilhado e esse era o pior sentimento que ele poderia sentir sobre si mesmo. Ser humilhado por pessoas que ele nem sabia quem eram. Segurando o ódio e o grito de dor a cada soco e a cada chute que levava, Dimitri ficava apenas dizendo a si mesmo “Não demonstre fraqueza, não demonstre fraqueza”. A dor foi lancinante em alguns momentos, suas costelas doíam muito, a parte interna de sua boca tinha rasgado, sentia que muito sangue jorrava de seu supercílio. Dimitri lutava krav maga, ele sabia controlar a dor que sentia, sabia disfarçar. Se estivesse desamarrado podia acabar com os três juntos, se eles estivessem desarmados. Ele esperava que isso pudesse acontecer em algum momento.

Dimitri teve 100 por cento de certeza que escaparia do sequestro quando ouviu a voz de Micha, aquela fraquejada na primeira palavra que ele disse, foi como se Dimitri fosse um predador em uma floresta e acabasse de farejar sua presa, o medo, a insegurança, a fraqueza, a pequenez estavam ali, justamente o que ele precisava. Micha seria a ovelha que ele, como lobo, atacaria naquele rebanho. Quando percebeu que ele passaria os dias sozinho com Micha, a animação de Dimitri melhorou, se ele tinha 100 por cento de certeza que fugiria, agora tinha 400.

A desconfiança que Micha era gay surgiu com a dica de Branco e com a resposta de Micha. Dimitri sentiu culpa naquelas palavras. Estar no escuro aguçou a percepção do rapaz, isso porque ele já era uma pessoa que percebia mais coisas a sua volta que qualquer ser humano comum.

No momento que Micha deixou o dedo um pouco mais na boca dele, para sentir seus lábios e ouviu uma respiração mais profunda, a certeza que Micha era gay se concretizou. Seria seduzindo Micha que Dimitri sairia daquele cativeiro e deixaria aqueles quatro filhas da puta sem nada.

Tocar a mão de Micha com a boca foi algo excitante, Dimitri curte muito esse tipo de joguinho de sedução, mas algo foi diferente ali, ele não sabia como Micha era, não entendia o porquê ficou excitado. Ele era muito visual para se atrair por alguém que ele não tinha a mínima noção de como era. Devia ser todo o contexto de descobrir que o seu sequestrador era gay, ou a excitação do desafio de saber que, com sexo, poderia fugir do cativeiro.