Cap 31/

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- Eu amo lugares assim. - Caio diz enquanto andava com a mão no bolso. Estávamos num parque, o sol estava indo embora. As árvores balançavam lentamente, pessoas sorrindo e crianças passando correndo. - Você não deveria está na faculdade de psicologia esse horário?. - Seus olhos verde me observaram.

- Hoje não tem, dedetização na faculdade. - Falo cruzando os braços porque estava ficando frio. Olho para o Caio de relance e vejo ele tira seu casaco de moletom preto e estende pra mim. - O que está fazendo?. - Pergunto olhando confusa enquanto via ele passando a mão no seu cabelo tentando arrumar ele.

- Está frio, pode usar. - Ele diz estendendo pra mim enquanto pararmos de andar.

- Não precisa Caio, você também está com frio, pode fica. - Falo olhando para ele.

- Fica Oliva. - Ele insiste enquanto eu olhava para ele. - Vai... - Caio estende o casaco pra mim.

- Está bem. - Falo totalmente vencida e pego o casaco.

Coloco ele, pelo menos tento. Logo Caio me ajuda colocar o casaco depois de eu me enrolar toda com ele. Quando enfim consigo reparo que estávamos próximos demais e clarão do sol bateu nos seus olhos enquanto ele olhava pra mim.

- Você apareceu lá em casa bem no momento em que meu pai saiu... - Ele diz se afastando e andando, logo depois sentando na grama à frente. Faço o mesmo sentando ao seu lado e colocando as minhas mãos no bolso do seu casaco.

- Cris me avisou. - Falo olhando pra frente enquanto ventava, me encolhi mais. - Nosso primeiro encontro não deu muito certo, prefiro manter um pouco de distância. - Digo tremendo um pouco enquanto Caio me olhava.

- Meu pai é complicado as vezes. - Ele diz me olhando e se aproximando de mim. - Com licença. - Caio diz abraçando meus ombros e eu chego mais perto aproveitando o calor do seu corpo.

- Obrigada. - Falo baixo, espero que ele tenha escutado. - Acho que seu pai não gostou muito de mim... - Digo apoiando minha cabeça no seu ombro.

- O importante é que eu gosto de você Olivia. - Ouço ele dizer e levanto a cabeça olhando para ele. - Você é uma ótima amiga. - Caio conclui enquanto eu observa seus olhos, eram lindos.

- Seu pai parecia não aceitar muito que você queria ser um médico um dia. - Falo olhando para ele que me olhava. - Ele não aceita? - Pergunto o olhando e vejo o mesmo tirando os braços do meu ombro e olhando para frente.

- Isso é uma história muito complicada que eu não estou afim de comentar. - Ele diz brincando com a grama e eu apenas fiquei surpresa pela a forma que ele falou comigo. Pelo jeito era um assunto que ele não gostava de tocar.

- Tudo bem, não queria me meter. - Falo olhando para chão.

- Desculpa Olivia. Eu só não gosto de falar sobre isso. - Ele diz e toca na minha mão fazendo eu o olhar - Meu pai sempre foi complicado demais. Ele queria que eu fosse alguém como ele, mas eu queria ser quem eu sempre desejei desde criança, um cirurgião. Um bom médico, poder ajudar pessoas na medida do possível. Porque o Senhor nos capacita para ajudar, mas ele que salva as vidas. - Caio diz enquanto eu só prestava atenção.

- Isso é lindo... seu pai não concordou?. - Pergunto e ele nega.

- Nunca aceitou. Ele disse que queria que eu fosse maior do que pensava que eu queria ser um dia, mas costumo dizer que na verdade ele queria ter uma marionete que pudesse controlar, moldar e transformar do seu jeito, no caso do jeito dele. - Ele diz olhando para o nada. - Mas eu não queria ser esse alguém. Então ele passou a me pressionar a vida toda. Ele queria que eu fosse o futuro dono da empresa da família, queria que eu estudasse administração, fizesse tudo o possível para ajudar, me colocou no mais caros e "melhores" cursos. Porque nos projetos deles e não meus, eu seria um grande chefe e dono um dia, e ia morar nos Estados Unidos e formar minha vida lá, porque ele ficaria com a mãe no Brasil, faria uma filial na nossa empresa aqui e enquanto eu formava minha vida lá. - Caio diz e eu olho pra ele.

- Você sabia disso?. - Pergunto.

- Sim e não, tudo pra mim era confuso Olivia. Desde criança eu ouço o que eu devia fazer e não quem eu queria ser ou se eu queria ser quem meu pai queria que eu fosse. - Caio diz. - Logo que ele viu que não ia me convencer foi para os Estados Unidos ficar na frente da empresa, mas ele nunca aceitou, continua me perturbando, fazendo o possível para ferrar minha vida com a medicina porque ele conhecia muita gente. Então não aguentei a pressão e fui embora do país e estudar lá em Portugal. - Ele conta enquanto e eu olho. - Talvez o pior erro da minha vida, deixar minha mãe e minha irmã aqui, sendo que elas já estavam sofrendo com a ida do meu pai e depois a minha. É só que, eu estava cansando Olivia. - Vi seus olhos se enchendo de lágrimas e apertei forte sua mão.

- Eu só era uma criança, eu nem sabia quem era eu de verdade. Até antes de ir para Portugal eu não sabia, porque eu fui criado para ser alguém que eu não queira ser. - Lágrimas caiam no seu rosto.

- E quando eu achava que as coisas estavam dando certo ele volta para o Brasil e volta a me pressionar, quando ele disse da minha nota no almoço ele estava querendo dizer "viu.. poderia ter sido alguém que eu queria que fosse". - Lágrimas e lágrimas caiam do seu rosto. - O pior que eu tenho medo de não conseguir ser Médico, não passar na prova e não entra na escola francesa e...

- Isso não vai acontecer. - Interrompi ele e entrelaço nossas mãos. - Porque eu vejo o quanto você estuda e se esforça pra isso e se eu vejo, imagina Deus que vê todas as coisas, até o seu mais profundo. Você vai ser um ótimo médico cirurgião, tudo que você está fazendo, está abandonando e estudando para ser algo que você almejar ser, você vai consegui Caio, pode anotar aí. - Falo olhando para ele. - Só não desiste, eu sei que seu pai não te apoia e o apoio dos pais sempre é o mais necessários das nossas vidas. Mas lembre sua mãe te apoia, sua irmã, eu e muita gente. Então quando pensar em desistir lembre dessas pessoas que te apoiam e lembra de tudo isso que você disse pra mim, que você quer ajudar as pessoas e quando pensa em abandonar tudo para ser alguém que seu pai quer que você seja, lembre do que você disse também. Você não é marionete de ninguém Caio, você pode ser quem você quiser ser, só coloque Deus na frente. - Sorriu para ele que sorri enquanto lágrimas caem do seu rosto. - Eu acredito em você. - Termino e mesmo sorri antes de soluçar e começa a chorar. Abraço ele fortemente enquanto sinto o seu casaco molhar e passo a mão tranquilamente nas suas costas.

- Obrigado Olivia... - Ele diz com voz abafada por conta do abraço.

- Eu vou cobrar, quero que me deixe em casa. - Brinco e escuto sua risada que tanto sentia falta.

Caio se solta de mim e sorri me olhando. Logo se levanta e estende à mão para mim que aceito e me levanto com sua ajuda.

- Claro que sim Senhorita. - Ele diz puxando minha mão e colocando debaixo do seu braço e logo começamos andar e conversando sobre assuntos aleatórios.

For a Wait I (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora