Pressa

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Dia 19 de Junho, apartamento de Atsuo Watanabe, 22:32

— Quanta coisa... minha cabeça vai explodir. Preciso de um remé-

Mike entra pela porta:

— Sonia, Iori?

— Oi, qual a boa? 

— Eles conseguiram. Mas tem um problema pequeno: O soco só vai atingir a velocidade que eu quiser após carregar. E eu só tenho uma chance, não é muito animador.

— Uma chance porque depois disso os mecanismos abrem para resfriar, né.

— Né... e o Iori? Pera, e aquela janela?

— Eu... beijei o Iori de surpresa, ele perguntou se era a primeira vez que eu tinha beijado, me irritei e soquei ele até atravessar a janela. Depois ele voltou aqui, e saiu de novo.

— Pavio curto você hein. Enfim, o que temos?

— A galera está quase que voando atrás dos dois, e até agora só temos uma informação útil. Tem uma fábrica abandonada que produzia bonecas sexuais que recentemente algumas pessoas viram dois homens entraram lá. E até agora é isso que temos. 

Após a finalização da fala, os dois se aquietam, não havia muito mais a ser dito ou a se fazer, por hora ficar calado mesmo que gerasse uma situação constrangedora, era a melhor escolha. Como sempre, as coisas do cotidiano fluíam como corrente de água em riacho: A chuva continuava a cair sem parar, vulgo torrencialmente, os carros letreiro ainda anunciavam produtos de beleza, próteses e remédios e até mesmo vida fora do oriente. Lá em baixo, nas ruas, soldados da Watanabe continuavam a intervir em entregas de outras organizações, e o número de mortes mantinha-se o mesmo, sempre entorno de 200 pessoas a cada 24 horas eram mortas em conflitos de clãs (ou gangues, clans, etc).

Se fosse para escolher a "carta de paus" dessa história toda, com certeza seriam os Watanabe. Seus programas de recrutamento são os mais efetivos, ou seja, geram mais (e melhores) soldados que os outros competidores, com a proposta firme de trazer os dias normais de volta ao Japão. Visto isso, podia se dizer que havia uma "guerra mundial de território curto", conceito já utilizado na tomada da África anos atrás pelos Alemães. Basicamente o conceito de uma G.M.T.C é quando vários países se juntam em um mesmo local, alocando-se lá para poder confrontar raivais em prol de um interesse próprio. Na África, a Alemanha invade em busca de utilizar melhor os recursos naturais do país, mesma ideia dos Estados Unidos e do Brasil.

Também não era só na sala onde os dois representantes da Watanabe estavam que a calmaria predominava. Ao redor do mundo todo, parecia que havia uma certa euforia silenciosa que tomava conta de tudo. Era difícil explicar este sentimento, parecia algo que refletia o atual momento leve de paz que o mundo passava: A quarta guerra mundial havia acabado com o Reich de Von Bauer obliterando toda força rival, e estabelecendo uma nova aliança mundial, o eixo Alemanha-Japão (Reich e família Watanabe). Ainda assim, o fim da guerra se parecia mais com a calmaria antes do que depois da tempestade.

— Tempos difíceis, né? — diz Sonia com as mãos no bolso do moletom.

— Você que me diga. De todos que conheço você é a que pode me falar melhor de maus presságios. — responde Mike sentado no sofá.

— É bom, como posso dizer, está com cara mesmo. Parece que o barulho da chuva caindo guarda um certo grito que é ofuscado pelo próprio som da água caindo. Eu senti que com o fim da guerra as coisas acalmariam, mas parece que é o contrário agora?

— Eu também não entendo. A chuva cai em rajadas, eu nunca vi isso acontecer aqui.

— É... parece até que tem alguém tentando nos dizer algo, mas dessa forma eu chego a ficar com medo, parece que está gritando conosco.

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