No vestiário, naquele momento, o que podia-se notar era um clarão advindo da pistola de fogo, além de um som abafado, mesmo sem a pistola do policial contar com silenciador.
À sua frente, o delegado continuava imóvel. Nada havia acontecido com o mesmo.
- Não pode ser! Não pode ser! - exclamava Souza, que agora percebia que as balas postas em sua arma eram de festim.
- Achou mesmo que eu seria tão descuidado? Certifiquei-me na entregas das armas para o dia de trabalho que você receberia a sua com munições falsas.
- Não queria que as coisas acontecessem desse jeito se quer saber. Ambos eram ótimos policias, bem como você é, Souza. Saber da verdade é um fardo muito pesado para carregar, no entanto.
Dito isso, o delegado mira na direção do soldado, que estava abalado, devido a sua tentativa falha.
Seria o fim dele, certamente. Não fosse por conta de um morador da cidade que adentrara na delegacia para receber suporte dos policiais.
- Alô, gostaria de falar com o soldado Souza, ele se encontra? - Diz o cidadão ali naquele recinto.
- Droga! Justo agora essa!? - Bufa o capitão.
O policial encarava-o com um olhar que expressava dúvida. O que faria o superior naquele momento?
- Sei que tem alguém aí, vi duas viaturas lá fora e a porta de entrada estava aberta. Apareçam para me ajudar, por favor.
Não vendo outra forma de resolver a situação, o capitão libera Souza para ir atender o intrometido que ali estava.
- Não ouse fazer nenhuma burrice, você tem sua família a zelar. - Diz surrando.
Como o recado estava dado, sai do vestiário e vai para sua sala, ao tempo que grita para quem estava aguardando, que logo seria atendido pelo subordinado.
O policial se levanta e arruma sua postura. Estava aliviado por um instante. Pega a pasta quem estava com um dos cantos molhados pelo vaso, guarda-a em seu armário pessoal ali no vestiário e vai atender aquele que o chamava.
Talvez por conta da adrenalina, não notara que a voz que ali chamava procurando por ele era familiar. Qual não foi a sua surpresa ao ver o senhor da biblioteca ali, com um sorriso leve no rosto.
- Que demora para me atender, hein, meu jovem? - Diz de maneira descontraída.
- Estava muito ocupado. - Diz o policial, desconfiado, temendo que seu chefe estivesse posto a escutar a conversa.
- Em que posso ajudá-lo?
- Disseram-me que você é um amante da leitura, por isso vim em sua busca para me ajudar a subir às escadas com livros que acabaram de chegar de uma doação.
- Sei que é um pedido um tanto besta para um policial, mas não achei ninguém que pudesse fazer isso por mim.
- Realmente, é um serviço preferível que outro o faça. Como disse, estou muito ocupado aqui. - Fala num tom seco, para afastar quaisquer suspeitas que seu superior pudesse ter.
- Meu expediente acabará as 17:00, pode aguardar até lá?
Eram 11:00 da manhã, mostrava a marcação do relógio do senhor.
- Por mim está ótimo, meu querido. - Responde.
- Aliás, eu tenho alguns livros que gostaria de doar. Importa-se de carregá-los na volta para a biblioteca?
- Se não forem muitos, aposto que consigo. - Brinca.
- São apenas três. Já volto aqui, aguarde um instante.
Indo para seu armário, o guarda pega os três livros, e entre eles havia colocado a pasta com informações sobre o ser misterioso.
Volta para o salão de atendimento e entrega os livros para o senhor.
O comandante ficou de olho em seus passos, mas nada fora do comum pudera notar.
O senhor, que quando havia chamado por Souza, notou a voz do capitão, nada falou a respeito do caso com o soldado para não levantar suspeitas. Nem sequer sabia que em suas mãos estavam informações tão importantes.
Agradece pelos livros e então vai embora.
Os demais policiais voltavam a delegacia nesse mesmo momento. Se a intenção do capitão era mesmo lhe matar, não seria naquele momento, pensava o guarda.
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Não Diga Um A
Mystery / ThrillerQuando um estranho bate à porta, certamente você fica um pouco receoso em atendê-lo, e com razão, afinal, não se deve confiar em pessoas nunca vistas. E se esse, além de desconhecido, for mudo e comunicar-se através de sinais irreconhecíveis? CUIDAD...