***
Edson acorda ainda à noite no hospital. Dessa vez já havia um policial de prontidão em seu quarto. Não havia o que temer.
- Boa noite, cidadão. - Diz o guarda.
- Boa noite, senhor policial. - Responde Edson.
- Como está se sentindo?
- Estou com uma tontura e muita dor no ombro, além disso acho que quebrei o nariz. Essa droga não importa, me conte sobre minha mulher, a encontraram?
- Apenas fiquei vigiando você no hospital, Sr. Edson. Infelizmente não tenho nenhuma atualização sobre o caso para lhe passar.
- Entendo. - Dizia enquanto se esforçava pra levantar da cama. Cada movimento que movesse o ombro o fazia sentir uma grande dor.
- Aonde pensa que vai?
- Não é óbvio? Tenho que ir atrás da minha amada, não posso ficar deitado numa cama de hospital, simplesmente.
- O senhor não vai a lugar algum até receber alta. Poderia ter perdido sua vida ao desobedecer a ordem do delegado de ficar afastado de sua residência.
- Mas eu preciso fazer algo, você me entende, não é? Vejo que tem uma aliança em seu dedo. Não faria o mesmo pela sua mulher?
- Meu caro, aproveite o resto de sua noite aqui no hospital. Com sorte terá alta pela manhã, e poderá voltar para seu hotel.
Encontrando-se sem saída, Edson volta a se acomodar na cama. No quarto havia uma TV, a qual ele pede para o policial ligar e colocar no canal 5, decidiu que assistiria sua novela para tentar se distrair um pouco. Não havia mais nada que pudesse fazer naquele momento, afinal.
- Será que Joaquim realmente é gay? - Pergunta o policial a Edson.
- Então você também assiste a novela. Não esperava por isso. E sim, acredito que ele tenha um caso com o motorista.
- Depois de muito suspense, acredito que hoje será revelado esse provável fato.
- Estou esperando por isso a dias. - Disse Edson, que aparentemente estava um pouco mais distraído naquele momento.
- Eu também, então vamos ver o que acontecerá agora.
- Vamos sim.
A novela começa já no ponto da revelação, a verdade seria jogada na mesa de Joaquim, no jantar em família.
Neste momento, no entanto o telefone do policial começa a tocar, e ele sai do quarto para atender a ligação.
Ao voltar, encontra o cubículo vazio, Edson já não estava presente nele. O policial então vai em direção à janela e fica surpreendido ao ver o paciente andar ao trancos pela rua. Havia ele saltado o primeiro andar do hospital, e caíra num arbusto, que amortecera a queda.
O policial não sabia o que era pior naquele momento, perder a revelação da novela ou o homem que estava sobe seu cuidado. Com certeza era o segundo, afinal, isto poderia lhe render alguma punição. Então sai do hospital a procura do paciente foragido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Diga Um A
Misterio / SuspensoQuando um estranho bate à porta, certamente você fica um pouco receoso em atendê-lo, e com razão, afinal, não se deve confiar em pessoas nunca vistas. E se esse, além de desconhecido, for mudo e comunicar-se através de sinais irreconhecíveis? CUIDAD...