𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐖𝐄 𝐅𝐄𝐋𝐋 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐕𝐄... || 𝑩𝒂𝒃𝒊𝒄𝒕𝒐𝒓.

Capítulo 3 🥀

Bárbara

Estava eu em pé, bem em frente ao portão de embarque, enquanto esperava, uma voz falou ao fundo:

“VOO 237 RUMO A AUSTRÁLIA EMBARQUE IMEDIATO, PORTÃO 9”.

Suspirei e me virei para os meus amigos e meus pais.

Me despedi primeiro dos meus pais, os abracei apertado e deixei cair algumas lágrimas.

— Eu amo muito vocês, vou ligar todo dia, vou me comportar e dormir cedo e tudo o mais que vocês mandaram, mas prometam não mudar nada enquanto eu estiver fora. – Pedi chorando.

— Claro que não querida, vai estar tudo do jeitinho que você deixou. – Mamãe disse.

— Te amamos. – Sorri para eles, os abracei de novo e fui em direção aos meus amigos.

Abracei Marcos e Adam ao mesmo tempo, que me deram um beijo na bochecha, um de cada lado, me fazendo rir, mesmo não sendo tão próxima a eles eu ainda sentiria muita falta.

— Você vê se toma alguma atitude com a Lena. – Disse ao Marcos que corou. – E você, deixa de ser vagabundo Adam.

Ele riu e assentiu, fiquei feliz, apesar de saber que era mentira. Em seguida aquelas duas me puxaram.

— Eu vou sentir tantas saudades. – As abracei apertado e Lena não parava de chorar.

— Vai f-falar com a gente todo dia né? É para isso q-que a internet e-existe. – Ela disse com dificuldade.

— Sim, claro que sim Lena. – Disse chorando também.

— Se acalmem, é só um ano, quando vermos já acabou e você vai estar de volta. – A Tainá tentava segurar, mas algumas lágrimas também caiam, afinal, praticamente nascemos juntas então estava sendo bem difícil.

— Eu amo as duas como se fossem minhas irmãs... Não, vocês SÃO minhas irmãs ok?

Não queria soltá-las mas eu só tinha poucos minutos até embarcar e precisava fazer uma pergunta.

— O Victor veio? – Tinha esperança dele vir pelo menos me dizer um tchau, esperei elas falarem algo como, “ele esta no banheiro” ou “ele foi comprar um lanche”, mas no fundo eu sabia que ele não viria.

Ele não falou comigo nem uma vez no último mês, nem foi na festa de despedida que meus pais prepararam ontem e até a mãe dele veio. Isso deveria me deixar com raiva eu sei mas sinceramente eu só fiquei triste, eu sabia que ele estava magoado, mas achei que ele pelo menos ia querer se despedir.

— Ele não... – O celular da Lena apitou e ela pegou arregalando os olhos. – Ele tá vindo?

— O que? Como assim?

— Ele me disse para te segurar que ele tá chegando...

— Bárbara! – Virei e o Victor corria na minha direção, quando chegou perto me abraçou sem nem dar a chance de eu falar qualquer coisa, quase nos derrubando no chão, mas eu não ligava contanto que ele estivesse aqui. – Eu... Me desculpe. Eu fui infantil e imaturo, deveria ter aproveitado nossas últimas semanas juntos. Eu perdi todo o tempo que ainda nos restava. Por favor me perdoa?

— Tudo bem Victor, o importante é que você esta aqui agora. – O apertei ainda mais desejando que esse momento nunca terminasse.

Quando ele se afastou percebi os olhos dele marejados, ele segurou meu rosto fazendo meu coração bater descompassado.

— Você tem mesmo que ir Bárbara? Você sabe que não precisa...

— Não faz isso Victor. – O interrompi, colocando a mão sobre a sua boca.

— Por que?

— Por que se você pedir para eu ficar, eu vou ficar e eu tenho que ir, é muito importante para mim, é o meu sonho. – Ele respirou fundo e se afastou um pouco de mim.

— Tudo bem eu entendi, é que o que eu disse antes era mentira, sou eu que não vou conseguir sobreviver aqui sem você. – Senti meu coração disparar quando ele disse isso.

— Você vai ficar bem, tem todos os nossos amigos. – Olhei para todos sorrindo em meio às lágrimas.

— Todos eles não são você. Você é única para mim Babi.

— Você também é único para mim Victor. – Será que eu deveria contar como me sinto? Talvez eu nunca tenha outra chance, só deus sabe o que vai acontecer nesse ano. – Victor, e-eu tenho, não, eu preciso te falar uma coisa.

— Fala. – Ele sorriu me incentivando.

— É que eu... Eu sou...

“ÚLTIMA CHAMADA PARA O VOO 237 RUMO A AUSTRÁLIA, EMBARQUE IMEDIATO PORTÃO 9”.

É sério isso? Adeus carga de coragem.

— Você o que?

— Eu... Eu estou tão feliz que você veio... – Encarei o chão me sentindo completamente idiota.

— Eu também... E quase esqueci... – Ele puxou uma coisa do bolso e levantou na altura dos meus olhos, era uma correntinha dourada com um pingente que tinha a letra V. – Um presentinho para você não se esquecer de mim. Desculpa não ter trazido na caixinha, é que não sobrou dinheiro para comprar.

— Você não fez isso... Victor, é linda! – Ele me virou pôs em mim. – Como você comprou isso? Deve ter custado uma fortuna.

— Que nada, foram só 50 dólares. – Olhei para ele incrédula.

— Mas Victor, e o carro?

— As vezes aparecem coisas mais importantes que um carro. – Ele deu de ombros como se não fosse nada de mais, como se ele não tivesse gastado todas as suas economias em um colar para mim. – Faz par com a minha só para você saber.

— O que?

Ele me mostrou a que ele usava, que eu não tinha notado até agora, era igual a minha só que o pingente era um B.

— Eu te amo, e quero que me traga uma camiseta, com um desenho de coala. – Ele me abraçou apertado e mais lágrimas desceram misturadas com uma risada.

— Eu também te amo Victor. – Mais do que você imagina seu tonto. – Tchau.

Ele me deu um beijo na testa e se afastou para ficar com os outros.

— Bom gente é isso, vejo vocês daqui um ano.

Peguei minha mala, caminhei até o portão e olhei todos eles de novo uma última vez, antes de por fim embarcar.

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