Capítulo 47 🥀

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Victor

Nós já não víamos mais o sol entre as montanhas e mesmo que ainda fosse mais cedo, tenho certeza que não o veríamos por conta da força da nevasca.

A esse ponto eu e a Bárbara já tínhamos desistido de voltar ao hotel hoje, e só começamos a seguir cada vez mais por dentro da floresta, em busca de QUALQUER lugar em que pudéssemos não morrer congelados.

— Nunca m-mais... Faço t-trilhas pela... N-neve. – Falei na esperança de diminuir aquele clima ruim entre nós, mas saiu com dificuldade por eu estar tremendo até a alma.

— A c-culpa é s-sua! – Bárbara me encarou brava.

— Como m-minha?

— V-você f-ficou nos a-atrasando pela tri-trilha Victor! Se ti-tivéssemos ido j-junto com os outros isso n-não teria a-acontecido! – Ela me deu um soco no peito e sei que se ela não estivesse tão agarrada a mim naquele momento ela teria me batido até a morte com a raiva que estava sentindo. – E-eu quero ch-chorar Victor. M-mas tenho m-medo das minhas lá-lágrimas c-congelarem t-também!

— C-calma por favor. – Abracei ela com o resto de força que eu ainda tinha. – Br-brigar não v-vai re-resolver i-isso. Eu s-sei que errei, m-me desculpe.

Acabamos saindo numa clareira, só descobri isso por que paramos de ver árvores a nossa volta. Continuei seguindo e finalmente achei que estivéssemos  perto de algum lugar, talvez até de pessoas. Só que ai eu caí.

— VICTOR! – Bárbara se ajoelhou perto de onde eu cai na neve. – O q-que acon-teceu? V-você se m-machucou?

— E-eu estou bem... – Quando tentei me levantar, passei a mão onde eu estava e senti uma superfície lisa e molhada. – Isso é... G-gelo?

— V-victor eu a-acho que você es-escorregou num l-lago. – Bárbara tentou me puxar pelo braço. – Vem l-logo p-para cá por fa-favor, é perigoso. P-pode rachar.

Com um pouco de dificuldade, por que ali escorregava pra caramba, eu consegui me sentar, alguns lugares ameaçaram rachar e a Bárbara tampou a boca com as mãos.

Tentei ficar calmo e não fazer nenhum movimento brusco, fazendo os movimentos o mais devagar possível. Depois do que pareceu uma eternidade ela me puxou de novo e eu finalmente deitei na margem do lago respirando fundo. Se o gelo tivesse quebrado não teria jeito de eu voltar, foi muita sorte.

— Nossa, e-essa foi por p-pouco... – Bárbara me agarrou quase deitando em cima de mim. – Tudo b-bem meu amor. E-eu tô aqui...

— V-você não i-imagina o meu m-medo de... – Ela estava chorando de verdade agora. – M-me desculpa, me d-desculpa por te c-culpar, eu sei que v-você não t-tinha intenção d-disso Victot...

— Shh, eu sei... C-calma tá t-tudo bem... – Beijei a testa dela, que estava muito fria, e fiquei acariciando seu cabelo e a segurando nos meus braços por um tempo, decidi olhar em volta de onde estávamos nesse tempo e acho que vi algo um pouco ao longe, parecia a estrutura de uma casa. – Ei, aquilo é u-um... Ch-chalé?

Ela se virou para ver também, o que me fez ter uma visão melhor daquilo, parecia ser mesmo um chalé perto da beira do lago. Estava todo apagado.

— Ai gr-graças a Deus. S-será que t-tem alguém l-lá? – Bárbara perguntou esperançosa.

— V-vamos ver! – Nós levantamos com dificuldade e corremos o máximo que a neve funda e nossas pernas congeladas permitiam.

Quando paramos perto da casa percebemos que não era possível ter alguém ali, aquele lugar parecia ter sido abandonado a meses, por causa da neve acumulada na porta, tinha apenas um cômodo mas estava bem fechado, nenhuma janela quebrada e um cadeado na porta.

𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐖𝐄 𝐅𝐄𝐋𝐋 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐕𝐄... || 𝑩𝒂𝒃𝒊𝒄𝒕𝒐𝒓.Onde histórias criam vida. Descubra agora