Capítulo 55 🥀

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Victor

Eu passei a estudar sozinho depois que soube que Bárbara iria embora, não por que eu queria que ela tivesse tempo para pensar, ou por que seria mais fácil ela ir se não me visse sempre, meus motivos eram completamente egoístas.

Eu achava que seria mais fácil deixá-la ir se não a visse sempre, eu tinha certeza que se a olhasse nos olhos começaria a chorar e a imploraria para não ir. Porra eu não queria que ela fosse, eu não queria terminar. Mas eu sei que é o sonho dela ser bióloga e eu jamais teria coragem de tirar a oportunidade dela de estudar em uma das melhores universidades do mundo. Se bem que com a capacidade dela ela passa em qualquer faculdade que ela queira fácil.

Passei o fim de semana trancado no quarto apenas estudando, a semana de provas enfim chegou e eu pensei que bombaria em tudo pelo meu estado depressivo, mas eu lembrei do esforço da Bárbara em me ajudar e disse para mim mesmo que eu passaria para o último ano. Por mim e por ela.

Só que é mais fácil falar do que fazer, por que a primeira prova já me deu vertigens, eu vi todos aqueles números e letras misturados (quem inventou isso pode ir se foder, obrigado), curvatura da luz, do som (era prova de física) e senti vontade de vomitar. Então de novo eu pensei na garota que eu amo, sempre rindo das minhas besteiras enquanto estudávamos e batendo palmas feliz quando eu acertava as respostas, isso me fez sorrir instantâneamente.

— O que é tão engraçado Sr Marrin? – A professora perguntou me tirando do meu lugar feliz.

— Não nada, eu apenas fiquei muito feliz por essa prova maravilhosa que a Sra fez. – Sorri mais a vendo revirar os olhos e algumas pessoas perto de mim rirem.

— Vamos ver se vai ficar tão feliz assim com sua nota. Agora concentre-se.

Tratei logo de me calar antes que tivesse problemas. Comecei a ler as questões e por incrível que pareça eu havia estudado tudo aquilo com a Bárbara, quase dancei de alegria, mas me contive por que a professora estava andando pela sala.

Cada dia da semana que passava e a cada prova que eu fazia, eu não sabia se ficava mais tranquilo ou mais preocupado, algumas provas estavam muito fáceis mas dizem que quanto mais fácil mais errado você tá fazendo e em comparação outras eu só tinha certeza de uma resposta, meu nome (que eu revisava pelo menos duas vezes para saber se tinha escrito certo).

E enfim chegou a última prova, matemática. Por que deixam essa por último você me pergunta? POR QUE É A PROVA MAIS CRUEL DA HUMANIDADE! Tinha certeza que algumas pessoas sairiam daquela sala numa maca direto para o hospício mais próximo.

Enquanto eu apenas lia aquela prova eu tinha certeza que já estava começando a ficar meio verde e pensei em perguntar para a professora se ela não tinha escrito a prova em árabe, mas assim que olhei para o lado tudo simplesmente sumiu. Bárbara estava me olhando, ela deve ter percebido meu desespero por que me mandou respirar fundo silenciosamente e depois sorriu de um jeito que sempre me acalmava, desde pequenos, e apenas aquele sorriso conseguiu fazer eu esquecer tudo e quando eu voltei meu olhar de volta para a prova eu respirei fundo como ela mandou e comecei a responder.

Assim que sai da sala eu queria me ajoelhar e agradecer por ter finalmente acabado aquela semana infernal, mas resolvi não comemorar antes de saber se havia passado ou não.

Iria guardar minhas coisas correndo e sair logo da escola. Tinha certeza que não havia mais ninguém ali aquele horário por que eu tinha sido o último a sair da sala, mas eu estava enganado.

— Oi.

— Marcos? Estava me esperando? – Perguntei confuso o vendo ali no corredor.

— Pois é, digamos que a Lena meio que me obrigou a falar com você. – Começamos a andar juntos até meu armário.

— Aé? E por que? – Na realidade eu sabia o por que mas não tinha coragem de dizer.

— Bárbara. – Ele disse coçando a cabeça. – An vocês brigaram?

— Eu não sei. – Disse depois de um tempo, quando chegamos finalmente ao corredor dos armários. – Você já deve saber né?

— Da viagem? Sei sim, ela nos contou uns dias atrás. E como você está?

Suspirei e me sentei no chão, derrotado.

— Quer a verdade? Eu estou morrendo por dentro amigo. Eu levei quase 10 anos para perceber que aquela garota é o amor da minha vida e finalmente quando tudo parece perfeito, ela vai me deixar, dessa vez talvez para sempre.

— Victor...

— Eu sei, são “apenas” 6 anos mas você acha que todo esse tempo lá não vai fazê-la se apaixonar ainda mais pela Austrália? Ou por algum australiano intelectual que ela conheça lá? E se ela achar que simplesmente não vale mais a pena voltar por um talvez jogador de basquete? Se eu tiver sorte para ser profissional.

— Ah cala a boca. – Ele apontou o dedo na minha cara. – Você é mais do que capaz para ser jogador profissional de QUALQUER time do mundo me ouviu? E desde quando a Bárbara, SUA Bárbara, acharia que você não vale a pena? Vocês se amam porra! Todo mundo sempre notou isso, desde pequenos e não é uma faculdade do outro lado do mundo que vai separar meu OTP!

— Que? – Sorri por conta do “OTP”.

— Foi a Lena que disse. – Ele fez um sinal para eu esquecer. – O lance é que você me entendeu, o que vocês dois tem, é único cara, para de ser pessimista antes que eu chame o  e nós dois te damos uma surra!

Ele levantou e estendeu a mão para mim me ajudando a levantar também e me dando uns tapinhas no ombro.

— Tá mas e agora o que eu faço? – Perguntei.

— Ué, vai lá e se resolve com ela.

— Sei lá cara, eu queria dar um espaço para ela resolver tudo entende?

— Sinceramente? Não. – Ele deu de ombros. – Para mim você tá sendo é muito burro, sua namorada vai embora. Não quero nem pensar se fosse eu...

— Poxa muito obrigado. – Disse irônico.

— Mas... SE fosse eu, eu não desgrudaria dela um segundo sequer até ela ir. E você aqui evitando ela. Sabe que o tempo não para não é?

— É... Acho que eu sou um idiota né?

— Você ainda dúvida disso? Vai logo atrás da sua garota caramba. E não sai mais de perto dela. – Sorri para o Marcos e corri para o estacionamento já pensando em um discurso de desculpas para fazer quando eu chegasse a casa dela, mas nem foi preciso esperar tanto, por que ela estava encostada na lateral do meu carro olhando para baixo.

— Bárbara... – A chamei e ela levantou os olhos para mim.

— Victor eu... Eu queria falar com você...

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𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐖𝐄 𝐅𝐄𝐋𝐋 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐕𝐄... || 𝑩𝒂𝒃𝒊𝒄𝒕𝒐𝒓.Onde histórias criam vida. Descubra agora