Dez

7 1 0
                                    

Filipe quebrou o silêncio.

— Tudo aqui é tão bonito. —elogiou.

Ele admira com os seus olhos.

— Você acha? —murmurei.

— Sim, e diferente. —me olhou.

Concordei com a cabeça.

— Eu conheci a cidade grande, e é bem diferente mesmo. —comentei. — As pessoas, a internet.

— Aqui tem celular? —perguntou curioso. — Só telefone de linha.

Ele suspirou, aliviado.

— Veio para cá fazer o que? —sou curiosa mesmo.

— Acredito que quase o mesmo que você foi fazer lá. —sorriu e eu retribui.

— Ah, é? E por que eu fui?

— Se esconder de todos, pelo menos um pouco?

Se entreolhamos e eu não discordei.

— Não é bem isso, mas...

Ele sorriu, tem um olhar direto e desafiador.

— Eu nasci aqui, e amo este lugar. —falei, ele ainda observa a natureza. — Mas eu precisei estudar, para ser independente.

— Sei como é. —disse.

Ele está mentindo feio, não veio para cá simplesmente por vir. Ninguém nunca vem.

E nitidamente não quer nem tocar nesse assunto.

Chegamos ao novo bairro dele.

— Agora ache o número da casa, boa sorte. —falei, e ele segurou no meu braço.

— A gente se vê? —perguntou e eu dei ombros. — Espero que sim.

Ele sorrindo, negou com a cabeça.

— Moro na terceira quadra. —sorri de lado.

Voltei para casa e vi que tem chamadas perdidas da Sol, retornei e conversei uns minutos com ela.

— E como foi com o Benjamin, ontem? —a Sol perguntou curiosa.

— Ah, ele me trouxe em casa e foi para a casa dele. —fingi desinteresse.

— Hum.

Encerrei a conversei e desliguei para conversar com a minha mãe, ela me olhava tensa.

E eu mordi o lábio, nervosa.

— Está tudo bem? —questionei.

— Querida, filha... —tenho até medo. — Eu e o Eduardo voltamos.

Que droga, hein.

Mas menos mal, achei que ela ouviu os barulhos ontem.

— E agorinha, nós dois vamos almoçar em um restaurante... —pausou. — Perto da capital. —finalizou.

— Uau, que legal. —sem palavras.

— Não seja irônica. —pediu seriamente.

Engoli seco e ela tocou a minha mão.

— Olha, mãe... —mordi o meu lábio inferior. — Se senhora está feliz. —dei ombros e sorri amigavelmente.

Não posso julgar.

Mudei o assunto e ela me avisou que a carne está descongelando em cima da pia, e tem feijão cozido.

Olhei o relógio e são dez e meia. A Sol avisou que vem para cá, ela está saindo mais cedo da escola e vem tomar banho de ervas aqui.

Soltos e LeaisOnde histórias criam vida. Descubra agora