Nove

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Continuei em silêncio e sentada à mesa, enquanto a mãe de Sol conversa com ela na sala, e o tio conversa com o Zé no escritório dele.

Estar sozinha com o Ben é tenso, mas agora eu não estou em autodefesa.

Ele encara o chão, com um semblante de sacarmos. Passei a mão no meu cabelo e joguei de lado, mas quase vomitei quando ele se levantou. Mas certeza que minha pressão abaixou quando ele sentou-se do meu lado, encostou em mim e eu encarei o chão igual ele fez.

Não é ele que quer brincar?

Ouço o meu coração que bate fortemente.

— Tu vai para aonde depois? —perguntou me olhando. — Para minha casa, e você para a sua.

Ergui o copo e bebi o que restava, ele deslizou a mão em uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da minha orelha.

— Posso te levar até em casa? —juro que não esperava essa pergunta.

Olhei em seus olhos.

Os seus olhos estão puros, não vejo uma certa malícia, apenas um pedido.

— Sei me defender. —debati, ele riu.

— Eu sei disso —disse. — Eu que não quero ir embora sozinho. —gargalhamos.

— Certo, vou te defender então. —falei.

— Vai mesmo, sou medroso.

Abaixei a cabeça e dei um simples sorriso, ele parou de me encarar e voltou ao seu lugar.

Ele não é tão babaca assim.

A Sol retornou e nos olhou.

— Desculpa abandonar vocês aqui. —neguei com a cabeça.

—Fique tranquila, Sol. —disse o Ben.

— Bom, Laysla... —olhei para ela. — Eu te levo em casa.

— Não, não precisa. Eu levo. —Benjamin respondeu.

Olhei para ele, e passei a língua entre os lábios.

— Ah. Laysla? —olhou-me e dei de ombros. — Certo...

Ela confia em mim, sabe que eu sei o que eu faço.

Mas será que eu sei mesmo?

— Está bem tarde, já leva ela, Ben. —disse e saímos devagar da casa.

Dei tchau para a Sol, e o Benjamin acendeu um cigarro e fomos andando. Ele foi andando na frente.

Caminhei devagar. Uns segundos se passaram e ele olhou para trás, me esperando.

— Tu é advogada? —perguntou sério. — Sim...

— Legal, antes eu queria ser também —contou, fiquei curiosa.

— E o por que não é?

— A vida não quis isso para mim. —finalizou. Entramos em silêncio.

Eu queria tanto saber mais dele, ou pelo menos sentir mais ele.

Fala sério, faz tanto tempo que não sinto conexão com alguém.

Observei os seus lábios e inspirei.

Benjamin parou de andar e me encarou, focado.

— O que foi, Ben? —ele não respondeu.

Os seus olhos deslizam pelo o meu corpo, senti a minha garganta seca. Ele está tão perto de mim, que eu ouço a sua respiração.

Soltos e LeaisOnde histórias criam vida. Descubra agora