XLII

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JJ Maybank

O filme estava rolando a mais ou menos meia hora, todos estavam entretidos, mas eu bebi refrigerante demais e precisei ir no banheiro.

- Preciso ir ao banheiro. - Sussurrei pra Gaia.

- Traz uma porção de batatas pra mim? - Ela fez um biquinho lindo para o qual eu nunca consigo dizer não.

- Tudo que você quiser. - Lhe dei um selinho e me levantei.

- Vai pra onde? - Jhon B perguntou.

- Banheiro. - Respondi e sai andando.

Passei pela multidão, desviando dos grupos de cadeiras e das pessoas bêbadas que vagavam como almas penadas. Finalmente cheguei ao banheiro, muito agradecido por não ter uma fila muito grande.

- Você não esperou nem o corpo esfriar. - Ouvi a voz de Rafe quando sai.

- Como é? - Me virei pra ele.

- Ficou em cima da Gaia igual um urubu. - Ele riu amargo.

- Você só pode ser maluco. - Me virei de costas na tentativa de ir embora.

- Sabe que cheguei primeiro, não sabe? - Respirei fundo e pensei bem antes de olhar pra ele de novo.

- Acho bom tomar cuidado com suas palavras. - Tentei manter a calma.

- Tudo aquilo, foi tudo meu. - Ele me olhava com um sorriso presunçoso. - Peguei assim que ela chegou.

- Cara, olha como você ta falando dela? - Dei um passo em direção a ele. - Cala a boca.

- Dói ouvir isso? - Ele também deu um passo em minha direção. - Que tudo que você tem já foi usado por mim antes?

- Usado? - Eu estava perdendo a paciência. - Estamos falando de uma pessoa, seu imbecil. Mais especificamente da minha garota, então acho melhor dobrar a porra da sua língua.

- Ela vai voltar pra mim. - Ele disse com toda certeza. - E você vai voltar a ser o idiota que sempre foi.

- Eu nunca deixei de ser idiota, ela que me quis assim. - Dei de ombros e ele se irritou.

- Vocês são tão nojentos, encheram a cabeça dela de besteiras. Pogues de merda. - Rafe cuspia as palavras em mim com nojo.

- Porra mano, vai viver sua vida. - Respirei fundo. - Seu lance com a Gaia acabou, você estragou isso.

- Ela escolheu o lado errado, mas ainda dá tempo de mudar.

- Cara, acho que a cocaína fodeu o seu cérebro. - Ri. - Não entende que você estragou tudo sendo um preconceituoso do caralho?

- Você precisa controlar a sua língua, antes que eu corte ela fora. - Ele avançou em mim e parou quase encostando a testa na minha.

- Vai me beijar? - Debochei. - Gaia não vai curtir não.

- Aproveita enquanto ela ainda é cega por você.

- Ela tem aproveitado bastante comigo. - Sorri. Grande mentira, mal ficamos juntos.

- Eu te mato, seu desgraçado! - Ele segurou a gola inexistente da minha camiseta, droga, vai esticar.

- Aceita que ela está comigo, Rafe. E está bastante satisfeita.

- Ei! O que tá acontecendo aqui? - Jhon B apareceu e logo tirou Rafe de cima de mim.

- Esse cara tem sérios problemas. - Ajeitei minha camisa enquanto falava.

- Sabe, eu só estava dizendo pro seu amiguinho aproveitar bem o material, por quê em breve ela vai voltar a sentar em mim. - Meus olhos não enxergaram Rafe. Eu só me vi em cima dele, socando sua cara de kook idiota e Jhon B desesperado tentando me tirar de cima dele.

- Ele não vale a pena JJ. - Ele conseguiu me arrancar de cima dele. - Vai brigar com a Gaia por causa disso aí? - Ele apontou pra Rafe que se levantava e ria.

- Eu vou voltar pra perto da minha garota, Rafe. - Sorri pra ele. - E você pra sua cocaína. Acho que sabemos quem está melhor.

Virei de costas pra ele e saí andando com Jhon B, minha cabeça fervia e eu queria muito voltar lá e quebrar a cara dele no meio, eu não podia voltar pra perto de Gaia desse jeito, ela ia perceber tudo e me perguntaria e eu não respondo bem quando estou nervoso, não consigo usar as palavras direito e acabo estragando tudo. Precisava esfriar a cabeça e depois contaria tudo pra ela sem nenhum problema.

- Cara, eu vou pra orla um pouco, eu volto em cinco minutos, vou esfriar a cabeça.

- O que digo pra Gaia? - Ele perguntou.

- Só fala onde eu tô e diz que volto rapidinho. - Ele assentiu e se virou pra voltar ao nosso lugar. - E, Jhon B.

- Fala. - Ele me encarou.

- Não conta nada pra ela sobre o que aconteceu, deixa que eu explico.

- Beleza cara.

Caminhei até as enormes pedras que cercavam essa parte da orla. Estava com raiva, não por Rafe ter tentado fazer ciúmes, mas pelo modo como falou dela, nossa, eu queria muito ter quebrado todos os dentes dele e feito engolir a língua pra nunca mais falar sobre ninguém do jeito que falou. Nunca fui um cara que costumava controlar a impulsividade, mas consegui me controlar por quê sabia que ela não gostava de violência, uma opinião muito comum entre a maioria das pessoas, eu poderia ter desmontado o Rafe igual um quebra cabeças quando me joguei em cima dele, mas eu teria parado mesmo se Jhon B não tivesse aparecido. Eu sabia que não valia a pena, sabia que ela ficaria magoada, não por eu ter respondido aos insultos dele, mas por ter respondido com violência, ela é inteligente demais pra isso e me considera assim também, embora eu saiba que a qualquer momento posso quebrar o nariz de Rafe Cameron.

O mar estava lindo, todo iluminado pela lua, sem ondas, quase um espelho. Decidi entrar, afinal, o que é melhor pra esfriar a cabeça do que água fria? Deixei minha camisa presa em uma fenda entra duas rochas e tirei os sapatos, não poderia tirar a bermuda, embora fosse jeans e pesada, mas eu não estava nem ai. O contato com a água fria fez meu corpo inteiro arrepiar, mergulhei de uma vez pra esfriar me adaptar a temperatura e fiquei fazendo isso por um tempo. Depois de um tempo, esqueci até o nome de Rafe Cameron, principalmente depois que vi uma certa pessoa entrando na água em minha direção, o vestido branco colando ao seu corpo a medida que entrava em contato com a água, ela mergulhou e pouco depois emergiu bem próxima a mim. Aí eu me lembrei, calcinha fio dental de renda e sem sutiã, por quê eu podia ver os mamilos rígidos com o frio.

Essa mulher é o próprio inferno.

AYO - JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora