JJ Maybank
Ela disse que me ama. Eu a amava também, desde a primeira vez que nos beijamos, mas não queria assustá-la dizendo isso tão cedo. Mas eu não precisei dizer, ela me disse, ela quis dizer que me amava, realmente eu não poderia estar mais feliz. Ficamos até tarde na praia, conversamos, comemos, nos beijamos e fizemos planos, estava tão bom que eu cheguei a pedir para o tempo parar. Fomos para a cada dela de madrugada e nem foi preciso que pedisse duas vezes para que eu aceitasse dormir lá, minhas melhores noites de sono eram sempre as que eu dormia abraçado com ela. Na manhã seguinte eu fui trabalhar e de lá para a casa do Jhon B, que agora também era minha casa. Desde aquele dia horrível, não piso na casa do meu pai e minha vida só tem sido melhor.
- Ela disse que te ama? - Meu amigo perguntou animado. Estávamos eu, ele e Pope conversando nao terraço.
- Falou cara. - Respondi todo feliz.
- E você vai chorar? - Pope perguntou.
- Ah, cala a boca. - Dei dedo pra ele. - Jhon B pediu a Sarah em casamento e ninguém fez bullying com ele.
- É por quê o Jhon B é louco. - Pope deu de ombros.
- Eu a pedi em namoro. - Contei pra eles. - Não que isso fosse necessário, eu acho. Mas eu não queria deixar nada subentendido.
- Ela aceitou?
- Mas que pergunta en, Jhon B. - Pope bateu na cabeça dele. - A garota disse que ama esse idiota.
- É, ela me ama. - Repeti. As vezes a minha cabeça se recusava a acreditar que tinha sido real.
- Gaia deve ter algum problema mental muito sério. - Jhon B disse. - Ela anda com a gente e namora o JJ, por livre e espontânea vontade.
- Calem a boca, não abram os olhos dela pra isso.
- Relaxa cara, depois que você der a moto pra ela, ela não te larga mais. - Pope sorriu, idiota.
- Falando nisso, como ta indo? - Jhon B perguntou.
- Estou quase terminando, só falta algumas peças menores e a pintura. - A moto estava escondida na garagem do meu chefe, eu não podia deixar na casa de Jhon B por quê ela veria, então, era o único lugar seguro.
- Ela vai surtar. - Pope riu. - E depois vai nos atropelar.
- A parte ruim é que ela não vai precisar da minha carona.
- Você vive com a cara enfiada no meio das pernas dela, seu idiota. - Jhon B me bateu. - Uma carona não é nada.
- Ei, não fala assim dela. - Lhe dei um tabefe.
Precisei ir do lado Pogue da ilha algumas horas depois de conversar com os meninos. A moto de Gaia estava quase pronta, só precisava pintar e adesivar. Ela não curtia cores muito femininas, então tive trabalho pra decidir de qual cor pintar a moto dela. No fim, decidi pintar com as cores que mais a vejo usar, preto e verde oliva, ela parecia uma militar de vez em quando. A única loja que vendia materiais de qualidade e de procedência segura ficava perto da casa do meu chefe, o que era bastante conveniente por quê a moto estava escondida na garagem dele.
- Boa tarde, Eliza. - Fui simpático com a menina que ficava no caixa. Eu não gostava muito de Eliza, ela era atirada de um jeito esquisito, um dia ela deu em cima de Jhon B mesmo com a Sarah do lado dele, deu sorte que conseguimos segurá-la enquanto ela corria.
- Oi JJ. - Ela abriu um sorriso um pouco extravagante demais. - Reformando a moto? - Perguntou quando viu as tintas.
- Não, estou montando uma nova. - Respondi simples.
- Trabalhando em uma oficina agora, gato? - Ela me olhou esperançosa.
- Não Eliza, é pra minha namorada. - O sorriso dela murchou no mesmo instante.
- Namorada, hum? - Ela finalmente parou de medir meu corpo de cima a baixo e se concentrou em passar minhas compras no caixa. - É preciso ser muita coisa pra prender você.
- Ela é incrível mesmo. - Comentei sem olha pra ela, estava pegando a carteira no bolso.
- É aquela garota nova, Gaia? - Ela parecia interessada demais.
- Ela mesma. - Sorri sem mostrar os dentes enquanto lhe entregava o dinheiro.
- Deve ter alguma coisa de outro mundo nela, primeiro o Rafe e agora você. - Ela não pareceu comentar com maldade, mas me incomodou.
- Rafe foi um engano. - Ela me estendeu as sacolas e soltou uma risada.
- Eu queria ter cometido esse engano. - Garota chata. - Tchau JJ. - Ela acenou.
- Tchau Eliza. - Acenei de volta.
Saí da loja apressado, precisava passas duas camadas de tinta na moto, esperar secar e adesivar, era um trabalho lento e eu só tinha esse fim de semana, o aniversário dela cai na terça-feira. Estava tentando arrumar um jeito de levar as sacolas na moto quando ouvi um barulho de motor, não prestei atenção por quê estava no estacionamento, pessoas passavam por lá com seus carros, mas precisei parar pra olhar quando senti a presença de alguém atrás de mim.
- JJ. - Rafe estava sentado em sua moto, me olhava com um sorriso estranho no rosto.
- O que você quer, cara? - Não consegui controlar o impulso de revirar os olhos.
- Ouvi você lá na loja. - Ele disse. - Finalmente conseguiu namorar a minha garota.
- Sua garota? - Respondi sem dar importância. - Me poupe.
- Sabe que isso não vai durar, não é? - Ele riu, mas eu não me dei ao trabalho de lhe encarar, estava ocupado tentando prender as sacolas na moto. - Ela vai te largar e voltar pra mim em breve.
- Se pensar assim te deixar mais confortável cara. - Lembrei de uma frase que as meninas viviam falando uma pra outra. - É sobre isso, e ta tudo bem.
- Aproveita. - O sorriso presunçoso dele não se abalou, o cara me dava arrepios. - O tempo ta passando.
Rafe foi embora e eu tive uma crise de riso, porra, o cara era uma piada ambulante. Vivia pela ilha contando sobre como eu, na cabeça desequilibrada dele, havia enchido a cabeça da namorada dele de besteiras até que ela o deixou e eu tive uma chance. A melhor parte é que os amigos esquisitos dele acreditavam nisso, por quê cheirar cocaína e ter duas personalidades era perfeitamente mais aceitável do que a Gaia cair na real e terminar com o Rafe. Espantei esses pensamentos e subi na moto, provavelmente passaria a noite terminando os detalhes da pintura da moto dela e teria que lhe dar uma desculpa para não dormir na sua casa. Estava cansado do trabalho, mas já podia ver a carinha de felicidade dela quando visse a moto, depois ela iria brigar comigo achando que a comprei e depois vai ficar mais feliz ainda por saber que eu a montei. Gaia dava muito valor a coisas feitas à mão, para ela, são as mais importantes, por quê demandam tempo, carinho e dedicação. E isso é tudo que eu mais tenho para dar a ela.