Rafe me sustentou pela cintura e me fez sentar em seu colo, de frente pra ele. As mãos dele seguravam firme minha cintura e as minhas bagunçavam seu cabelo enquanto seus lábios puxavam os meus, ele sorria entre os beijos e me fazia cócegas. O clima estava leve, mas a um fio de esquentar, não era o mesmo de anos atrás, onde dois pré-adolescentes estavam aprendendo a usar a língua em um beijo, agora nós sabíamos muito bem como usá-las. Meus joelhos estavam cheios de areia, mas isso pouco importava, as mãos de Rafe foram parar dentro da minha blusa e minha pele se arrepiava com as carícias que faziam na minha coluna.
- Bem melhor do que antigamente. - Ele disse quando nos separamos um pouco.
- Eu concordo. - Passei a língua nos lábios e sorri.
- Não faz isso. - Ele negou com a cabeça.
- O quê? - Mordi o lábio.
- Não morde. - Segurou minha nuca. - Deixa que eu faço isso.
- Tá brincando com fogo. - Senti um arrepio e fechei os olhos quando ele puxou levemente os cabelos da minha nuca.
- Eu tive vontade de fazer isso desde que pus os olhos em você naquele restaurante. - Ele puxou meu cabelo com mais força e me beijou.
Eu estava pegando fogo. Definitivamente, não esperava que minha noite fosse terminar assim, não imaginava que com doze horas em Outher Banks estaria beijando o cara dos meus verões, acho que ainda tinha em mim a sensação de que estaria voltando à minha infância, mas nenhum de nós tinha quinze anos e com certeza não éramos as crianças medrosas que achavam que beijar por muito tempo poderia engravidar. Rafe era um homem, alto e muito bonito, tinha mãos firmes que agora passeavam livremente pelo meu tronco, por baixo da minha blusa. Eu já tinha esquecido completamente da raiva que senti de JJ, na verdade, tinha me esquecido do mundo ao redor, estava concentrada na boca rosada com os lábios um pouco inchados agora, que sorria pra mim a cada beijo.
- Preciso ir pra casa. - Eu disse depois de um tempo. Eu não queria ir pra casa, mas, definitivamente, eu precisava. Meu corpo suplicava por uma cama e lençóis quentes.
- Imagino que esteja cansada. - Rafe me abraçou e beijou minha testa.
- Exausta. - Bocejei.
- Vamos. - Ele se levantou e me estendeu a mão. - Espero que não tenha medo de andar de moto.
- Você ainda tem uma moto? - Segurei sua mão e me levantei limpando as pernas.
- Sim. - Ele riu. - Sempre te falei que iria ter uma melhor.
- Eu não levei a sério, você tinha quatorze anos.
- Ganhei de aniversário quando fiz dezoito. - Ele me abraçou de lado e começamos a andar.
- Muito kook. - Brinquei.
- Demais. - Ele riu. A sensação que eu tinha era de que Rafe amava ser reconhecido como uma pessoa muito rica, que enquanto todos brincavam com os termos kook e pogue, ele levava a sério. Mas não posso fazer nada em relação a isso, cada pessoa tem seu jeito e sua criação, se ele me trata bem e não me falta com respeito, tudo bem. - Já andou de moto? - Ele me encarou depois que subiu na moto.
- Tive um namorado que tinha uma. - Peguei o capacete que ele me estendeu. - Trouxe dois capacetes?
- Eu tinha planos de te sequestrar. - Ele piscou pra mim.
- Minha nossa. - Sentei na moto e abracei a cintura. - Devo ter medo?
- Não de mim, não comigo. - Ele disse e ligou a moto. A sensação do vento batendo no rosto era revigorante, eu me sentia segura com Rafe, era como resgatar um sentimento que eu não permiti que existisse em mim quando era mais nova, por que sabia que só tinha trinta dias pra ficar com ele. Agora eu tinha tempo.
- Você tem que me deixar pilotar um dia. - Sorri quando desci da moto.
- Você sabe? - Ele me olhou duvidando.
- Claro que sim, eu sei muitas coisas.
- Hum. - Ele tirou o capacete e me puxou pela cintura. - Vai ficar bem sozinha?
- Está querendo que eu te convide pra entrar? - Brinquei.
- Eu preciso ser convidado? - Se fez de ofendido. - Minha nossa.
- Claro que não. - Sorri e ele me deu um selinho.
- Te vejo amanhã?
- Vou passar o dia na casa da Kie.
- Até amanhã. - Me deu um beijo.
- Vai na casa da Kiara também?
- Não digo, pra garantir que você vá dormir pensando em mim.
- Não vou, só de birra.
- Vai sim. - Ele puxou meu lábio e me deu um beijo demorado. - Tchau, linda.
- Tchau, lindo. - Me afastei e vi Rafe pôr o capacete, dar partida na moto e ir embora.
Entrei na minha casa sem acreditar que tantas coisas haviam acontecido em um espaço de tempo tão curto, mas eu estava bem e leve, o final da minha noite, embora dramático, foi ótimo. Rafe me fez esquecer dos momentos ruins com JJ, o rapaz que não me conhece, mas que já tem uma ideia muito bem formada sobre mim e eu não vou me preocupar em mudar isso, já passei dessa fase. Quem gosta de mim, fica comigo e pronto.
Corri para o banheiro assim que tranquei a porta e as janelas, sei que não é bom lavar os cabelos antes de dormir, mas eles estavam cheios de areia e nós, não tive muita opção. Saí do banheiro e me joguei na cama do jeito que estava, pela primeira vez em toda vida eu não tenho uma colega de quarto chata, posso dormir confortável do jeito que eu quiser. Essa sensação de ter liberdade para fazer o que eu quiser é inexplicável, sei que logo virão as responsabilidades de uma vida adulta, mas é um preço muito pequeno a ser pago se comparado com a liberdade que tenho agora.
Não sei como as coisas vão ficar entre mim, JJ e o pessoal, mas eles me conhecem e sabem que não deixo uma desavença qualquer estragar algo legal. Eu espero mesmo que ele tenha dito tudo aquilo por quê estava bêbado e que sua opinião sobre mim mude com o tempo, mas eu não vou me esforçar nem um pouco por isso. A verdade é que pouco me importando a opinião dele ou de qualquer outra pessoa sobre mim, essa sou eu e me amo desse jeito, somente eu sei a felicidade e a amargura de ser quem eu sou. Então ninguém tem nenhum direito de opinar sobre isso.
Me conheço muito bem para saber que se ele não se dispor a me conhecer melhor, quem vai sair perdendo não sou eu. Eu sou uma pessoa boa, mas tive poucas oportunidades de demonstrar, conheço poucas pessoas e nem mesmo meus pais me conhecem de verdade.