Capítulo 6

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Jude


Maybe I'm a different breed. Maybe I'm not listening. So blame it on my A.D.D. baby... Sail! Sail!*

Os acordes se juntam a voz de Aaron Bruno, e compõem a melodia da minha música preferida. Sail está tocando, enquanto a corrente de água quente corre por meu corpo. Mantenho minhas mãos apoiadas na parede úmida, e deixo o jato de água escaldante cair sobre minhas costas, desejando que ele desfaça os nós apertados e que pesam como pedras. Ao mesmo tempo, deixo minha voz cantar essa letra, que não poderia descrever melhor minha vida agora.

Covarde. Mentiroso. Culpado.

Algumas dessas palavras já estão rondando o vocabulário da minha vida há algum tempo. Outras, no entanto, são novas. Bem como o sentimento de impotência que elas carregam.

Nesse momento sou alguém que não reconheço. Não reconheço esses pensamentos, ou essas vontades e muito menos esses sentimentos.

Como um covarde, tenho culpado os outros. Culpo meu pai, que está me empurrando mais e mais, só para provar a si próprio que ele pode. Culpo os seus planos para mim, os quais ele orquestrou da melhor forma para que saia do seu jeito, e que no final o resultado seja óbvio: que eu me torne como ele.

Também me tornei um mentiroso, enganando a mim, a eles e a todo mundo. E não estou falando apenas sobre a faculdade, ou sobre meu emprego. É tudo. Tenho mentido sobre tudo.

Mentido para meus pais. Fazendo-os acreditar que estou feliz. Mentido para meus amigos, dizendo que serei capaz de conciliar as coisas. Mentido para a garota que tem estado comigo há tantos anos. Matando sonhos e promessas que fizemos. E por fim, mentindo pra mim mesmo, me levando a acreditar que Julianne Saunders não foi nada. Que eu sou forte suficiente pra seguir em frente, e nunca mais pensar nela. Mentira. Isso foi provado a menos de uma hora atrás, quando a única maneira que encontrei de fazer sexo com a minha namorada, foi depois que fechei os olhos e comecei a imaginar um belo par de olhos castanhos brilhando de desejo. Uma boca pequena e rosada, formando um "o" delicado, emitindo os sons mais sexys existentes, enquanto me tinha dentro dela. Sou um babaca, eu sei. E estou me sentindo um lixo humano por enganar Laura desse jeito.

Mas a quem eu quero enganar? Eu quero Julia. Todo meu corpo a deseja.

Penso nela desde a hora que acordo, até a hora em que o sono me consome. E então, eu sonho com ela.

Tenho ido bem menos ao Pete, por que não quero acabar cometendo outro erro estupido. Por que eu quero estar com ela novamente. Essa é a única verdade que consigo assumir pra mim mesmo.

Quero senti-la novamente. Quero de volta todos aqueles choques elétricos provocados pelo encontro dos nossos corpos. É insano querer tanto isso, a ponto de inventar situações para tocá-la. Pois um simples esbarrão em sua pele de seda, é capaz de mover o inferno em mim.

Saio do box, e enrolo a toalha em minha cintura. Direciono-me silenciosamente até a cômoda onde guardo minhas cuecas e shorts. De repente não parece mais certo me deitar com Laura sem roupa. Sinto-me sujo pelo que fiz com ela.

Com a testa franzida, observo-a dormindo tranquilamente, vestindo sua camisola preferida. Ter a imagem de uma linda mulher, vestindo apenas uma camisola de cetim vermelha sobre sua cama, é o que qualquer cara gostaria. Mas não sou um deles hoje. Por que, porra, eu sou um filho da puta que não sabe dar valor ao que tem. Vê-la desse jeito, sobre minha cama, era o suficiente para acender as faíscas, e depois incendiaríamos a cama com elas. Mas agora, eu não sinto nada. Não sinto meu corpo aquecer. Não quero tocá-la. Pergunto-me se isso veio depois de Julia, ou se eu só comecei a reparar desde então.

Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora