Capítulo 12

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Jude


Eu estava acordado. Mas, preferia não estar.

Na minha cabeça, ondulações de dor se formavam a cada pulsação. Definitivamente era como se alguém estivesse tentando abri-la com uma picareta. Dizer que eu me sentia uma merda total seria o maior eufemismo de todos. Não me atrevo a abrir os olhos ainda, pois eu sei que assim que eu fizesse, a sensação pioraria duas vezes mais.

Não sei onde eu estava com a cabeça; ir numa dessas festas de Mike, e ainda por cima bem no meio da semana. Eu merecia mesmo me sentir uma merda total.

Apertei os olhos com força, me preparando para a realidade. Eu sabia que precisava correr para o escritório. E algo me dizia que eu estava atrasado. Mas, quer saber? Eu não estava me importando.

Abri os olhos devagar, como meio de evitar a claridade da manhã direta sobre eles. A cortina devia estar parcialmente fechada, pois apenas uma luz tênue iluminava o quarto. Nem sequer me lembro de ter fechado qualquer cortina ontem à noite. Porra, não sei ao menos como cheguei em casa ontem.

Oh, espera. O teto para o qual estou olhando agora com certeza não é o meu.

Lentamente meu nariz me deixou consciente de um perfume que eu reconheceria em qualquer lugar. Eu não precisava virar a cabeça para saber quem estava ao meu lado, mas fiz mesmo assim.

Julia ainda dormia tranquilamente. Uma mecha grossa de cabelo estava cobrindo parcialmente sua boca e nariz. Coloquei o máximo de delicadeza possível na ponta dos meus dedos, e afastei a mecha, para poder olhá-la melhor. Os fios escorregaram por seu rosto, e instantaneamente Julia sorriu, como se aquele simples toque tivesse enviado ondas de alegria através do seu sono. Ela era perfeita. A suavidade dos seus traços fazia dela simplesmente a coisa mais linda que já tinha visto.

E eu tinha feito de novo. Dormi com ela sem me importar com as conseqüências que afetaria a ambos. Como se não fosse ruim o suficiente, eu sequer me lembrava disso. Julia não merecia esse tipo de merda. Ela precisava ser idolatrada, adorada e amada. E não ter um bêbado tocando-a; um imbecil que agora não tinha a menor ideia de ter ido para cama com ela.

Julia soltou um suspiro lento, e seus olhos se abriram devagar. Quando percebeu que eu a observava, sorriu preguiçosamente.

— Bom dia. — falei, enquanto pensava no que dizer sem parecer um canalha completo. Se é que havia palavras capazes disso.

— Bom dia. — resmungou, mas de um jeito doce, com a voz baixa cheia de sono.

Foi suficiente. Caramba. Um impulso vindo eu não sei de onde, acompanhando de uma vontade de atacá-la tomou conta de mim. Um desejo totalmente louco de rolar sobre ela, prender seu corpo com o meu, e em seguida beijá-la até esquecermos quem éramos e o quanto aquilo não deveria acontecer. Depois possuí-la de todas as formas possíveis.

— Oh, Deus. Você está me olhando de um jeito muito estranho. — Julia falou, quebrando meus pensamentos lascivos. Ela trouxe as duas mãos sobre o rosto, cobrindo-o — Eu estou horrível, né? Me dê só um segundo, eu já volto.

Ela se levantou num pulo e correu, entrando rapidamente no banheiro, e trancando-se lá dentro. Essa foi uma atitude muito inteligente a propósito. Eu estava a ponto de gritar um foda-se para todas as razões que me me impediam de reproduzir em gestos as imagens na minha cabeça.

Deixei minha cabeça cair para trás no travesseiro e bufei. Que diabos estava acontecendo comigo? Pelo amor de Deus, eu uso roupas, ando sobre duas pernas e tenho polegares opositores. Entretanto, perto de Julia eu estava me tornando um animal completamente irracional.

Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora