Capítulo 31

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Julia

Nossos amigos não ficaram muitos satisfeitos com a notícia de que minha partida havia sido antecipada, e menos ainda por compartilha-la tão em cima da hora. De qualquer modo eles encontraram uma forma de me surpreender com uma festa de despedida muito animada horas antes do meu voo, e logo depois nos acompanharam até o Bergstrom International Airport, e estenderam a parte da despedida até lá.

Nosso último adeus foi regado a muitos desejos de boa sorte e lágrimas. Essa última, um acréscimo especial meu e de Melanie. O que já era esperado. Surpreendente mesmo foi quando Mike tentou nos empurrar a velha desculpa do cisco no olho para explicar seus olhos verdes marejados. Depois disso, me sufocou em seu abraço de urso costumeiro, e me fez chorar mais um pouco.

Com a promessa de nos vermos logo, me separei da minha família, rumo á minha nova vida. Novas lágrimas ameaçaram rolar sobre meu rosto já úmido enquanto eu me dirigia pelo corredor. Depois de dar as costas a rostos ansiosos e cheios de expectativa, uma mão grande e forte agarrou meus dedos, entrelaçando-os. Quando levantei a cabeça e encarei aqueles olhos que eu tanto amava, eu sorri e eles me sorriram de volta.

Eu não estava sozinha...

... Por duas semanas, pelo menos.

Logo que Jude e eu pisamos no Aeroporto JFK em Nova York, fomos alegremente recebidos por Monica e seu namorado. Finalmente Jude e Mon se conheceram de maneira adequada como eu queria há tempos. Como qualquer fêmea, Monica ficara encantada com os olhos cor de chocolate e fora enfeitiçada pela voz cálida e doce do meu namorado. No entanto, eu sabia que ela era inofensiva. Não que eu estivesse preocupada, é claro. Em poucos dias pude notar o casal que nos hospedara era loucamente apaixonado. Fala serio, o cara lamberia o chão que Monica pisasse, e faria com um amplo sorriso no rosto.

Naqueles dias repeti com Jude quase todos os passeios que Monica e eu fizemos meses atrás. Fomos a vários pontos turísticos conhecidos, e outros que não eram tão visitados. Também fizemos compras e Jude me ajudou a decorar o quarto que Monica gentilmente cedera. Além disso, aproveitamos muito bem as noites nova-iorquinas. Saímos para jantar e dançar, e nos demos conta de que até aquele momento não tínhamos tido um encontro de verdade. No entanto, isso foi logo resolvido.

Na ultima noite de Jude em Nova York, ele me comprou flores e me levou para jantar em um lugar chamado Daniel; um restaurante que gritava palavras como chique e caro logo que se via sua fachada requintada. O fato de que o mesmo ficava localizado no Upper East Side serviu apenas para validar minhas suspeitas. Apesar dos meus protestos, Jude insistiu que devíamos a entrar.

A noite não poderia ter sido mais perfeita. Jude logo elogiou o vestido preto de corte reto que eu havia escolhido, e ficou o tempo todo repetindo o quanto me amava e o quanto eu o fazia feliz. A mesa redonda elegantemente disposta para duas pessoas estava parada bem debaixo de um lustre grande e abobadado. O modo como as luzes orbitavam em volta do rosto de Jude deixavam suas feições ainda mais suaves e lindas. Eu era uma garota de muita sorte.

Quando voltamos ao apartamento nós fizemos amor. De forma doce e lenta. Sem pressa. Com mãos e lábios Jude me dissera o quanto me desejava, e me fizera sentir tão amada e especial como nunca.

Por tudo isso, naquela manhã de domingo, uma dor me acompanhava enquanto caminhávamos de mãos dadas através do chão liso do aeroporto. Duas semanas passaram voando. Eu sentia meu estômago afundar e minhas vísceras se contorcerem. Jude estava voltando para Austin, e dessa vez eu não iria com ele.

Assim que alcançamos o corredor que o levaria direto ao seu avião, ele se virou e segurou meu rosto delicadamente entre as mãos.

- Bem, - disse ele, me olhando com olhos gentis. - está na hora.

Seu rosto perfeito nadou em meus olhos cheios com as lágrimas que eu havia bravamente conseguido evitar até agora, e que encontraram saída finalmente. Alguns rostos estavam me encarando, mas nenhum deles importava.

- Julia, não chora. - pediu, beijando as lágrimas fujonas que molhavam meu rosto. - Eu estou fazendo o que eu posso para não desabar aqui.

- Ai meu Deus, isso dói tanto. - funguei, e passei os braços ao redor do seu pescoço, segurando-o com força, como se aquilo fosse capaz de levar a dor da despedida embora. - Eu vou sentir tanta saudade.

- Eu também, amor. - falou, a voz saiu sufocada quando ele escondeu a cabeça na curva do meu pescoço. - Mas prometemos nos falar todos os dias. Eu sei que isso está longe de ser o ideal, mas é o que temos agora, pequena.

- Você promete? Promete me ligar todos os dias?

- Ligações, Skype, mensagens de texto e qualquer coisa que consiga tornar essa maldita distância mais suportável. Eu prometo.

Me afastei, e olhei para cima, encarando seu rosto bonito que transbordava emoções.

- Eu te amo, Jude Cole. Amo demais.

Ele não respondeu, ou melhor, sua resposta foi um beijo. Longo e profundo. O calor do seu corpo intensificava-se à medida que me puxava para mais junto dele. Apesar da tensão em seus lábios, eles foram suaves e doces como sempre. Deus, eu ia sentir falta disso. Não havia hesitação ou medo. Isto não era um beijo simplesmente, mas uma declaração. Onde dizia o quanto eu era amada e especial. Única. E somente dele.

A voz mecânica da mulher avisando que aquela era a ultima chamada para o vôo com destino a Austin nos interrompeu cedo demais.

- Eu te vejo logo, ok? - disse ele. Consegui assentir. - Amo você, pequena.

Com um último - e muito breve - beijo, ele se virou e caminhou para longe de mim. Enquanto eu observava o movimento de suas costas, meu coração parecia ter desistido finalmente, e o ar não tinha força suficiente para chegar aos meus pulmões. Ainda assim, consegui um sorriso quando Jude se virou e me ofereceu aquele sorriso que fazia meus órgãos internos adquirirem a consistência de gelatina, pouco antes de dobrar o corredor e o perder de vista.

Eu o amava, com cada grama de força do meu ser. E naquele breve momento eu permiti ser otimista e acreditar que isso era o bastante. Mike estava errado, o amor tinha que ser o suficiente.

Enquanto eu me virava e caminhava para fora algo dentro de mim gritava, berrava, tentando me alertar, mas eu não dei ouvidos. Saí carregada de sonhos; esperando que tudo daria certo como Jude prometera. Que nada poderia nos alcançar. Que conseguiríamos suportar essa distância e ficaríamos bem.

Deus, eu estava tão errada.


Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora