Capítulo 34

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JUDE

Aquela ligação há dois meses foi a minha ruína. Eu simplesmente não conseguia acreditar que ela estava me deixando. Por mais que eu tentasse argumentar – e acredite em mim, eu tentei muito – Julia fora irredutível em sua decisão. Ela dissera alguma coisa sobre seguirmos caminhos diferentes, e me garantira que ficaríamos bem. Bem foda-se, quem era ela para decidir isso sozinha?

Nós sabíamos que seria difícil. Nova York era um inferno de um caminho até Austin, e com as viagens da banda que se tornaram mais comuns depois de cada show lotado, ficou impossível nos vermos cada quinze dias como combinamos. Mas eu ligava todos os dias, mandava e-mails, mensagens de voz. Qualquer coisa para que tornasse a saudade mais suportável. Mas nada fora suficiente.

Eu a entendia?

Julia ficara decepcionada quando perdi sua primeira exposição. Tivemos um show em Houston aquela noite, e apesar de todas as minhas tentativas, não consegui fazer nada a respeito. Eu prometi que estaria com ela, e falhei. Mas eu pedi desculpas, isso não vale? Eu queria estar lá, isso não conta? Parece que não. Eu também queria que ela estivesse nos meus shows me apoiando, e embora ela nunca tenha ido, eu entendia que ela tinha coisas que a impediam, assim como eu.

Os dias que se seguiram àquela ligação catastrófica foram uma redoma de caos. Eu ligava varias vezes ao dia. Ligações às quais ela ignorava veemente. Eu peguei o primeiro voo para vê-la, ignorando seu ultimo pedido para que a deixasse em paz. Entretanto, assim como todas as outras tentativas, fora inútil. Julia se recusara a me receber, e a minha conversa com sua porta não resultou em nada de bom para ambos. Mas isso não me desanimou. Inferno, eu queria que ela olhasse na minha cara e dissesse que não me queria mais. Eu merecia mais que levar um pé na bunda através de meia dúzia de inverdades por telefone.

Eu estava mais tenso do que nunca quando cheguei ao apartamento de Monica. Não sei ao certo como cheguei até ali. Depois que passei pela porta do estúdio, meio que entrei no piloto automático. Minha cabeça girava e girava repleta de pensamentos conflituosos. No entanto, uma certeza ofuscava todos eles; eu tomara uma decisão muito antes de vir para Nova York: Julia seria minha de novo. A qualquer custo.

— Jude! — exclamou a amiga de Julia, logo depois de abrir a porta e me encontrar parado no corredor.

— Como vai Monica?

Ela sorriu. — Estou bem. Que surpresa ver você.

— Sim. Me desculpe por isso a propósito. Mas acho que você entende minha situação.

— Sim, — disse ainda sorrindo. — já faz algum tempo que não escuto suas longas e melancólicas mensagens na minha secretária eletrônica.

Eu ri sem humor. — Bom, legal que alguém as ouviu. Imaginei se elas estavam sendo apagadas direto.

— Era um passatempo interessante quando eu chegava do trabalho. Eu não fui a única, sabe.

— Não? — perguntei, torcendo para que não dissesse que o namorado também me vira atingir o nível sênior de patético.

— Ela ouviu todas elas. Algumas mais de uma vez. E depois virava uma bagunça de lágrimas e toda aquela meleca escorrendo pelo nariz. Tentei convencê-la a ligar pra você e resolver logo isso, mas aquela lá tem uma cabeça dura como pedra.

Sem tempo para fazer conjecturas sobre aquilo, respirei fundo e fui ao que me interessava.

— Onde ela esta?

— Ela não te contou né? — disse ela, com uma careta. — Julia se mudou.

O que?

— Se mudou?

Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora