Capítulo 17. Efeitos

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Matheú estava agora estático, sentado do lado direto da cama observando Olívia ainda desacordada, sabia a fúria que provocaria quando ela despertasse, conhecida perfeitamente as razões da mulher que amava, e por vezes, deu a ela um "desconto" por entende-lá mesmo contra sua próprio vontade. Ele admitia que ela estava certa, seus argumentos eram válidos, mas não eram considerados suficientes, uma vez que custaria sua vida.

- Quando ela acordar... - Levantou, direcionado o olhar para Violeta parada próxima a eles. - Cuide dela até que eu voltar!

Disse depois de depositar um beijo demorado nos lábios da moça desacordada, logo em seguida saiu sem dizer nada mais e sem olhar para trás.
Horas depois, Olívia acordou sentindo fios sobre parte do seu rosto, lábios delicados pressionados aos seus. Era lábios macios, desajeitados e exageradamente quentes, aquilo foi a coisa mais incrível que Olívia teve o privilégio de sentir e por um curto momento achou estar sonhando. Ainda imóvel, abriu os olhos se deparando com Violeta debruçada sobre seu corpo, por um segundo se questionou sobre aquilo, literalmente apenas por um segundo pois voltou a fechou os olhos e tremeu ao sentir o toque delicado da mão da mais jovem sobre a sua, que delicadamente passeava por toda a extensão de pele desde a sua mão até alcançar seu ombro.
Sentiu seu corpo aquecer, apenas por ter os lábios dela sobre os seus, desejou coragem naquele momento para que pudesse intensificar o beijo, desejou coragem, mas seu pedido não foi atendido.
Seu coração pulsou um pouco mais forte, por causa da excitação que Violeta lhes causava. Fazendo então com que a mesma se afastasse. Olívia finalmente abriu os olhos e se deparou com aquela imensidão azuis sobre si, o corpo ainda emitindo sinais de excitação, uma corrente elétrica ainda percorria toda extensão da sua coluna. Respirou fundo e levantou seu tronco sentando-se, Violeta manteve-se alí mesmo, parada, observando a mais velha de uma forma desconcertante para Olívia, que sorriu tímida. Não havia expressão no rosto dela sobre o que ela havia feito, Olívia não conseguiu distinguir se sua feição era de culpa, de medo, dúvida ou se aquilo não significou nada, agarrou-se a última opção para que não fosse iludida apenas por suas próprias vontades.

- Não me olhe assim... - Desviou o olhar, paralisando em seguida, assim que sentiu o incomodo sobre seu ombro esquerdo . "Não, não Matheú... De novo não." Respirou fundo, tateou o acesso venoso, incrédula, acompanhou com os olhos o tubo que transpassava o líquido vermelho até alcançar a bolsa de sangue que estava quase chegando ao fim. Suspirou tentando não deixar transparecer o ódio que sentiu do homem.

- Como? - Questionou Violeta, dando a volta em torno da cama e sentando-se aos pé da mesma. - O que há de errado?

Olívia foi envolvida com a pergunta, sorriu sorrateira, imediatamente desistiu da ideia de retirar o acesso e fixou sua atenção sobre a outra que lhes olhava sobre o ombro.

- Não há nada de errado... - Arrumou uma mecha do próprio cabelo para trás da orelha. - É só que... A forma que você olha para mim, me deixa intrigada.

- Intrigada? - Torceu o rosto em uma expressão singela, por não saber o significado de tal palavra. - O que quer dizer?

- Bem... - Olívia sorriu, cativada pela inocência da mais jovem. - É o mesmo que curiosa!

- Sobre o quê? - Voltou os braços para trás, levantou a cabeça e fechou os olhos, dando visão da pele alva do seu pescoço totalmente exposta. - Se definitivamente você sabe mais sobre mim, do que eu mesma. - Suspirou desconfortável voltando o olhar para a morena. - Sobre o quê?

- Tudo! - Foi direta, vendo pela primeira vez uma atitude similar as suas. - Tudo em você me deixa intrigada, confesso que sinto um desejo descontrolado... - Engoliu a seco.- De saber sobre as coisas que você pensa, sobre o que você quer, o que deseja...

A conversa foi interrompida por um Matheú sorridente ao vê-la bem, ele foi se aproximando lentamente pois sabia o perigo que estava correndo por ter feito o que fez.

O que está fazendo aqui? - Questionou aleatória sem se dar ao trabalho de olhar para ele. - O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?

-Olívia, eu não tive escolha. -Tentou argumentar mas foi interrompido. - Você sabe que...

- Não... Não... - Arrancou de uma só vez, todos os conectores ligado a ela. - PORQUE FEZ ISSO? - Ela achava engraçado que toda a calmaria que Violeta trazia era facilmente dispersa pela presença dele. - Não importa o que aconteça comigo, nunca mais faça isso, ENTENDEU?

- VOCÊ TEM QUE PARAR DE SER EGOÍSTA, ACHA QUE SE MATANDO VAI SALVA-LA? - Esbravejou impaciente. - Não sei o que você está pretendendo, mas a única coisa que estamos tentando fazer é cuidar de você, e olha ela... - Apontou na direção em que Violeta estava tranquilamente observando. -Acha mesmo que ela não daria a porcaria do sangue dela voluntariamente sabendo que é a única coisa que te mantém de pé?

Violeta apenas ouvia os berros ora vindos dele, ora vindos dela. Entendia perfeitamente a discussão, mas não sabia como interferir.

- Você é totalmente igual ao meu pai, alega me amar, mas vive fazendo tudo que me machuca, simplesmente pra alimentar seu próprio ego. - Respirou fundado, desviando os olhos entre ele e a mais jovem que a observava com atenção. - NÃO SEI O QUE VOCÊ ESTÁ PLANEJANDO, MAS CHEGA! Eu não te quero mais na minha vida. Quero que vá embora.

Não foi difícil ouvir, mas as últimas palavras fizeram o efeito desejado, porque ele deu a volta em torno dos próprios pés e saiu batendo a porta sem ao menos dizer uma palavra a mais. Ainda enfurecida, coberta com um sangue que não era seu, Olívia tentou se levantar, mas foi impedida por duas mãos delicadas sobre seus ombros. Levantou a cabeça e foi surpreendida por olhos carregados de afeto.

- Não sei dizer se conseguir entender o teor da conversa. - Se aproximou ainda mais da cama, apoiando o joelho esquerdo no colchão. - Mas, consigo ver que ainda não está em condições de se manter de pé.

As mãos que antes estavam sobre os ombros, lentamente desceram até alcançar a barra da blusa que Olívia usava, completamente encharcada por sangue, Violeta suspendeu sobre a cabeça da mais velha, arrancando o tecido do corpo magro. Os olhos meticulosamente estudava cada pedaço de pele no seu campo de visão, o volume confinado no tecido negro era foco principal, não havia más intenções, mas ser observada com tanta veemência deixou Olívia instigada. E antes que pudesse raciocinar, viu Violeta se afastar, ainda sentindo o efeito da proximidade de antes, sentiu o calor que a situação inspirava, tentou tranquilizar seu coração, pois não poderia reagir da maneira que desejava, considerado a inocência em cada atitude da outra. Levou as duas mãos aos fios negros e puxou desesperadamente pressionando os olhos fechados com força, forcando sua mente espairecer a ideia louca que surgiu.

Capítulo curto só pra deixar alguns corações quentinho. 🤫🤭

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