Capítulo 06. O DESPERTAR

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    Olívia parou em frente a porta, digitou a senha no painel eletrônico ao lado dela, prontamente a voz feminina que ela já conhecia muito bem, pediu a leitura da sua digital, o coração dela batia a uma velocidade que ela jurava está ouvindo, talvez fosse mesmo hora de  perder a "fama de filha boazinha" que sempre teve e finalmente começar a dar dores de cabeça ao pai, não que isso fosse uma razão para orgulhar de si mesmo, mas as coisas com o pai não estavam tão bem.

     A luz sob ela foi acessa, intencionado o frio na barriga e deixando a respiração descompensada.  A placa metálica foi ejetada para fora, a pressão de Olívia certamente já estava nas alturas, ela já poderia sentir o seu corpo pesar mais que o normal, as mãos estavam trêmulas e a visão turva...

– Agora não Olívia, por favor! – Pressionou o abdômen com os olhos fechados, respirou fundo e sorriu. – Vai dar certo!

  O sorriso dela esbanjava pureza, o pai certamente a mataria porque era incapaz de ver a bondade no gesto da filha. Olívia não poderia negar, cogitou desistir, mas não havia como voltar atrás, ela iria morrer lutando pelo que acreditava ser justo, iria morrer pela vida de alguém que manteve a vida dela intacta por anos, e se não desse certo agora ela tentaria outras e outras vezes, estava determinada de uma forma que nunca esteve antes, Violeta causava sentimentos  que nem mesmo ela conseguia entender. 

   Apanhou o pequeno tubo com o sangue do velho pai, ela não tinha o privilégio de erra, o sangue dela certamente liberaria o acesso, mas Olívia não tinha tempo para erros e tudo que ela não precisava era que os alarmes começassem a gritar loucamente por todo o prédio. Ela sabia que o sangue dele não tinha como dar errado, certamente herdou a sabedoria e astúcia do pai.

   O sangue foi jogado sob a agulha, lentamente trilhando o caminho até a placa acoplada a porta, que foi prontamente recolhida para dentro da parede assim que o sangue chegou no seu destino final, logo  em segunda a voz eletrônica ressuou "ACESSO PERMITIDO", o barulho da porta se abrindo permitiu que o coração de Olívia desse uma acalmada. Com dificuldades para se locomover, arrastou–se em direção a um dos computadores, apoiou-se sobre ele e finalmente digitou os comandos para que o líquido de dentro da cápsula fosse drenado. Enquanto ouvia o barulho de líquido escorrendo  andou lentamente até o armário de remédios que ficava do lado direito da cápsula, parou em frente procurando por adrenalina. O frasco minúsculo de líquido transparentes foi encontrado, pegou na gaveta a seringa e  voltou a passos largos para perto da outra, olhou o relógio que marcava 12:20, constatou que não tinha muito tempo até o pai dar por sua falta ou na pior das hipóteses ele desceria ali.

A cápsula finalmente foi aberta, Olívia pode ver  Violeta alí  mantida em estado de coma induzido, sem poder conhecer as belas e as boas coisas da vida, ela talvez deveria sim admitir que o mundo era injusto, perigoso, repleto de gente sem escrúpulos, arrogantes e cheias de si, mas também havia um lado bom. Há uma razão para viver e espera coisas boas uns dos outros no meio dessa devastação toda, e  Olívia só queria poder mostra para ela boa parte das coisas boa que ainda havia no mundo, queria ensina-lá a viver.

Fialmente injetou a adrenalina no pequeno tubo que estava preso no braço da outra, e então pode ver cada detalhe em seu rosto pálido. Tirou uma pequena lanterna do bolso do jaleco para que pudesse analisar os olhos de Violeta e que caralho de olhos ela tinha. Olívia já tinha tanto apresso por aquele belo par de azuis, que facilmente se perdia com tamanha beleza.

 

   O despertar depois de hibernar por toda a vida, era a sensação mais radiante que aquele ser já tivera a oportunidade de sentir, até aquele exato momento.

Ela conseguia enxergar as coisas a sua volta mas com total dificuldade, pois a claridade das diversas lâmpadas faziam as pálpebras pesarem mais do que realmente pesavam. A sensação de utilizar os lindos azuis, pela primeira vez era algo confortante mesmo que nada fizesse sentido algum para ela. Piscou por diversas vezes tentando se adaptar a luz, precisava disso antes de conseguir enxergar a primeira coisa nítida em sua vida. Olívia, foi a primeira coisa que ela conseguiu visualizar nitidamente diante de si.

  – Oi, peq..pequena recém nascida. – Brincou depositando uma mecha do próprio cabelo atrás da orelha. – Consegue me ouvir, me ver?

O tom na voz de Olívia era agradável um tanto doce, os olhos da outra acompanharam meticulosamente todo o contorno do rosto da mulher à sua frente e tudo que havia nele.

– Obviamente deve ouvir, mas não compreende... – Disse mais para si do que para a outra, enquanto tocava delicadamente a testa da outra para  novamente observava os olhos de Violeta com a minúsculo lanterna.

Olívia tinha a respiração descompensada e profunda, o coração estava agitado como nunca havia estado antes, talvez porque não tivesse certeza que estivesse fazendo a coisa certa, não para aquele momento já que ela mal se segurava sobre suas próprias pernas.

A pequena recém nascida, sentiu sua pele úmida e um tanto fria, mas não conseguia assimilar as novas sensações, tudo era um mar de grandes possibilidades e descobertas. Ela ainda mantinha sobre a morena o olhar fixo e mapeava cada detalhe da face da outra que se sentiu um tanto incomodada.

Ter sobre si aquele profundo olhar, era mais que incômodo para Olívia, não de uma maneira totalmente negativa, mas, aqueles olhos causavam conflitos no interior do corpo da mesma. Ela pode sentir-se totalmente despida de corpo e alma, de uma maneira que nunca sentiu antes, um pequeno frio  percorreu toda a espinha do corpo magro e debilitado de Olívia, fazendo os pelos dos seus braços eriçar. Talvez fosse pelo medo de ser pega com “a boca na botija”. O seu pai certamente iria proibir a entrada dela naquela sala, por mais que Olívia quisesse introduzir a cobaia na sociedade em quê eles viviam, ela mesmo admitia que não era uma tarefa fácil a ser feito.

Violeta delicadamente levantou a mão esquerda debilitada pelo tubo de acesso venoso, a mão frente a face de Olívia, e então deslizou sobre os cabelos que teimava em cair sobre o rosto da médica, os levou para trás das orelhas como Olívia havia feito antes,  o toque era leve, inocente e delicado, Olívia afastou-se lentamente, estava inquieta pois não esperava por um contato tão direto e impulsivo. Andou a passos largos até a mesinha que estava poucos centímetros de si, apanhou o pequeno frasco de remédio qua agora conhecia muito bem e com rapidez fez o líquido vermelho entrar na seringa que estava na sua mão, antes que Violeta fizesse mais movimentos injetou o líquido no tubo preso no braço da outra. Viu o líquido vermelho percorrer o pequeno tubo antes de ser introduzindo no corpo de Violeta, ao desviar o olhar para o resto da outra, ainda viu o que parecia ser um pequeno sorriso vindo dos lábios daquele ser inocente e logo em seguida notou seus olhos se fechando novamente.
    Assistir aquela cena  partiu o coração da morena, mas a verdade é que ela ainda não sabia o que fazer, seu pai certamente estaria feliz, afinal de contas ele havia dito a Olívia que as coisas não eram simples como ela simplesmente imaginou.




Oiê, meninas!!! Alguém para me dizer como está ficando a história???
😏🤨🙄😌🤭
Desculpas pelos possível erros, os capítulos estão sem revisão.

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