Capítulo 4. A pessoa a qual você ensinou

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(Em revisão )

         Ao por os pés para fora daquele prédio, pode sentir o ar leve e um tanto fresco, por cauda da fraca chuva que ainda caia delicadamente, molhando suas madeixas negras. Inspirou e expirou várias e várias vezes na tentativa frustrante de buscar o alivio, mesmo que fosse temporário. Dentro da sua BMW X6 preta, a qual tinha ganhado do pai um ano atrás, sentiu se desolada. Pegou o celular na bolsa e ligou para a única pessoa que tiraria ela desse estado. E antes que a pessoa do outro lado pudesse dizer "Alô!" Olívia foi mais rápida.

— Estive pensando na sua  proposta... —Ela se encostou no banco e descansou o cotovelo no apoio de braço. — Estou te esperando aqui no estacionamento, não demore. E desligou, a ideia de deixar que o outro falasse qualquer coisa tiraria a única alternativa que encontrou para fugir.
Ela iria pensar sobre o assunto, iria mesmo, mas no momento estava mentalmente abalada para o fazer. Ligou o som do carro que no momento tocava YOU AND ME do MEMPHIS MAY FIRE. Talvez  sentir-se  assim tão inútil e impotente não passase de um grande delírio dela, no entanto não sabia como lidar com o turbilhão de sentimentos que a invadia nesse momento.

Minutos depois o moreno de olhos claros entra no carro, sentando-se ao lado dela que mantinha o olhar fixo no retrovisor.

— O que houve? — Matheú perguntou de repente, ajeitando-se ao banco. — Aconteceu alguma coisa, posso ver na sua expressão.

Olívia matem o olhar no espelho retrovisor enquanto prendia o sinto e continuou focada na música que tocava em um volume agradável.

— O seu pai? — Matheú colocou o sinto vendo que Olívia acabara de dar ré no carro. — O "Grande" encontro foi um fiasco?

— Agora não quero falar sobre isso. — Foi sincera sem usar de arrogância, olhando para ele na tentativa de mostrar que não achou a pergunta idiota mesmo achando. — Sua casa ou a minha?

O sorriso cafajeste na cara dele não poderia deixar Olívia mais triste do que já estava, se alguém iria ser usado sexualmente certamente não seria ela . Ela olha aleatoriamente e fixa para a estrada diante deles desejando que chegassem logo, mordendo os lábios inferior demostrando toda a tenção que esta sobre ela por causa de tudo e do silêncio, não fosse pelo som no carro que agora tocava LIFE SCREAMS da LACEY STRUM.

— Tire a roupa. — Disse assim que o Homem atrás de si fechou a porta do apartamento em que morava. E ele o fez, Olívia olhou para ele com deleite e por alguns momentos esqueceu do pesadelo que sua vida estava.

(Me nego a narra o que vem a seguir... kkkk meu psicológico é fraco)

***

O silêncio pareava em casa, conversas durante as poucas refeições que pai e filha faziam juntos, eram raras. Ela não sentia mais  tanto apreço pelo pai, estaria sendo egoísmo da parte dela? Ou talvez aquela história devesse mesmo ficar assim??!

Olívia havia passado os últimos meses em uma profunda reflexão, pois não sabia o que iria fazer para retirar aquela garota daquele estado vegetativo. Durante esse tempo em que ela esteve tentando convencer seu pai de que do outro lado daquele vidro havia uma pessoa, assim como ela. Um ser humano que merecia a vida tanto quanto ela, Olívia se empenhou em desenvolver um soro e com isso passou a ficar mais tempo na sala em que a cobaia era mantida.

***

Já havia se passado 4 meses, desde o aniversário de Olívia. Ela estava na sua sala, cabeça baixa e focada no seu trabalho, estava tentando a todo custo criar um soro baseado no sangue da cobaia, não queria de forma nenhuma continuar usando ela, apesar de ainda depender da mesma. Alguém dar leves batidas na porta.
— Entre! — Falou sem tira os olhos do microscópio

O Dr. Michael entrou, ficou observando o jeitinho delicado em que sua filha manuseava as placas de vidro no microscópio, ele a amava, amava tanto que seria capaz de qualquer coisa por ela e Passar por cima de anos de estudo pra satisfazer a filha estava sendo algo duro, mas tinha que ser feito.

— Eu estive pensando, filha... – Cabisbaixo com as mãos nos bolsos do jaleco ele manteve-se parado na entrada da sala, um tanto pensativo. — Não há nada que eu não faria por você.... e você sabe, então... Faça como achar melhor, minha confiança em você é total.

Olívia não esperava por isso, ela tinha sonhado com tais palavras só que se tratando do Dr.Michel era algo fora de cogitação. Conhecia o pai “Turrão” que ela tinha e mesmo que ela soubesse o quão importante a cobaia era para o pai e principalmente pra ela própria, jamais deixaria aquele ser permanecer por mais tempo naquele estado, se ele não permitisse que ela o fizesse, ela iria fazer contra a sua vontade.

— Pai, só quero que entenda que mesmo que eu goste da minha vida; mesmo que eu goste de viver, não posso de formas nenhuma continuar existindo as custas de uma outra vida. Havia um mar inteiro de sinceridade e compaixão no olhar da pequena moça.
— Não quero parecer ingrata, eu só estou tentando ser a pessoa a qual você me ensinou, estou sendo justa com alguém que não possui ninguém para protegê-la. Quero fazer por ela o mesmo que você faz por mim.

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