Capítulo 22

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Lucero se assustou e estremeceu ao ouvir a voz de Manuel, mas se era pelo celular de Nathan e ele se dirigindo a ela era porque algo grave tinha acontecido ao amigo.

− O que aconteceu? – Lucero perguntou em um fio de voz.

− O Nathan me convidou para vir a uma balada com ele, mas na entrada, tinha uns caras que começaram a soltar piadinhas homofóbicas, você sabe que ele é esquentado, logo revidou e os caras deram uma bela surra nele. Eu ainda tentei ajudar, mas éramos dois contra quatro e a polícia só interviu depois que o Nathan estava desacordado.

Lucero ouvia a tudo que Manuel falava com os olhos marejados. Não era possível que com a tecnologia e os conhecimentos das pessoas ao longo do tempo, ainda existisse homofobia e o pior era que Nathan, seu amigo, tinha sido só mais uma vítima entre tantas que até chegaram a perder a vida e nunca tiveram uma punição para o crime, tanto era que continuava acontecendo com frequência.

− Como ele está? Onde vocês estão? – Lucero perguntou com a voz embargada.

− Eu ainda não sei como ele está, mas tenho o nome do hospital.

Manuel falou o nome do hospital e Lucero recordou rapidamente onde ficava, era perto da sua casa.

− Eu sei onde fica. Estou chegando.

− Vem com cuidado.

FIM DA LIGAÇÃO

Lucero estava tão preocupada com Nathan que nem se tocou que pela primeira vez depois de tanto tempo, Manuel estava se importando com ela e ele não fez nenhuma questão de manter sua pose fria com ela, não era o momento, pois ele sabia como ela era ligada ao amigo e seu cuidado com ela simplesmente saiu de forma natural, afinal lhe dava medo que Lucero dirigisse sozinha àquelas horas e ainda nervosa, além de saber que aquela era a única coisa que ela não sabia fazer muito bem.

− O que foi, Lucero?! – Vitória perguntou assustada ao ver o estado de Lucero.

− Aconteceu uma coisa horrível. – Lucero falou ofegante e tentou se acalmar para continuar. – O Nathan apanhou feio na porta de uma boate e agora não sabemos como ele está.

− Mas como?! Por quê?!

− Foi um caso grave de homofobia. – Lucero respirou fundo, passando a mão no rosto. – Eu estou indo para lá, não sei que horas volto. Cuida da Lorena e não conta nada para ela, eu mando notícias quando puder.

Só deu tempo de Lucero ver Vitória assentir antes de sair correndo apartamento à fora. Ela desceu a escada a tropeços por conta do salto que não trocou e continuou correndo sem enxergar nada pela frente até chegar ao carro, onde entrou, jogando a bolsa e o celular no banco ao lado e dando partida. A mulher não sabia como conseguiu chegar ao hospital, além de não saber dirigir direito, ela foi o caminho inteiro tentando conter o choro. Nada podia acontecer a Nathan, ela não sabia o que faria sem as palhaçadas e conselhos do melhor amigo e guardião, tantas vezes que ele a protegeu e a defendeu de tudo e ela não esteve quando ele mais precisou. Quando deu por si, Lucero já tinha chegado ao hospital e estacionou o carro de qualquer jeito, entrando correndo e pedindo informação ao recepcionista que lhe indicou o caminho do corredor dos quartos, onde ela encontrou apenas Manuel encostado à parede com as mãos no bolso da calça.

− Manuel, eu vim o mais rápido que eu pude. Alguma notícia? – Lucero se aproximou nervosa.

Manuel observou Lucero de cima a baixo. Como era possível que a mulher ficasse ainda mais bonita a cada dia que se passava?

− Hã... Não, ninguém ainda veio falar comigo.

− Meu Deus, como essas coisas podem continuar acontecendo no mundo?! As pessoas não aprendem a respeitar as outras. – Lucero colocou as mãos no rosto.

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