O Poder Do Amor

Capítulo 2

NO OUTRO DIA

Como sempre, Lucero chegou cedo ao trabalho para dar início às gravações. Depois de horas conversando com Manuel, ela tinha certeza de que eles também se dariam bem em cena. Na recepção, ela deu logo de cara com o homem sentado em um sofá, lendo seu roteiro, concentrado, enquanto poucas pessoas andavam pela empresa, afinal ainda não era a hora em que todos iniciavam o expediente, mas ela sempre preferia chegar mais cedo para não pegar trânsito e adiantar o que dava no dia.

− Bom dia, Manuel. – Lucero cumprimentou se aproximando.

− Bom dia, Lu. – Manuel respondeu sem tirar o olhar do papel.

No dia anterior, Lucero disse que Manuel poderia lhe chamar pelo apelido como todo mundo chamava. Apesar dele ter respondido normalmente, ela estranhou o seu comportamento, pois pelo pouco que o conheceu, sabia que ele não costumava ser desatencioso com os outros daquele jeito. A verdade era que a insegurança tinha batido nele, ele nunca foi ator, onde estava com a cabeça para aceitar àquele papel? E pior ainda, atuar como par romântico de uma artista como Lucero, no mínimo tinha que ser alguém à altura dela e ele tinha medo de não chegar nem aos pés.

− Está tudo bem? – Lucero perguntou, franzindo o cenho.

− Está, me desculpe, eu não quis parecer indelicado. – Manuel falou sem graça, deixando o roteiro de lado, e Lucero assentiu, indicando que não tinha problemas. – É que eu estou meio nervoso para esse filme, não sei se levo jeito.

Lucero suspirou, se sentando em frente à Manuel. Quando ela iniciou no meio artístico, ela também se sentia insegura cada vez que começava um novo projeto, mas achava isso normal entre todas as pessoas, o medo de experimentar coisas diferentes. Ela contou com a ajuda de muita gente para perder o medo e confiar em si mesma e naquele momento percebeu que tinha chegado a sua hora de ajudar quem estava precisando.

− Ei, é normal se sentir assim. Você acha que eu, com todos esses anos de carreira, até hoje não fico nervosa quando vou começar algo novo? É claro que eu fico, mas é isso que a gente ama fazer e no final, tudo sempre dá certo. – Lucero se esticou para segurar a mão de Manuel.

Como de costume, Lucero tremeu ao toque de Manuel e daquela vez ele percebeu, mas mesmo assim apertou a mão da mulher.

− Mas eu não sei se eu tenho talento para atuação. Não sei onde eu estava com a cabeça para aceitar a proposta da minha equipe em me fazer conquistar um novo público.

− Você já vai saber como vai se sair e eu posso apostar que vai dar tudo certo. Se você quiser, eu posso te ajudar. – Lucero sorriu, se soltando de Manuel devagar e ajeitando sua posição.

− Como? – Manuel encarou Lucero, confuso.

− Respondendo suas dúvidas, demonstrando alguma coisa, sei lá. – Lucero sorriu sem graça. – Vamos lá para a sala, aqui tem muita gente. – ela se levantou e Manuel a acompanhou.

Lucero e Manuel entraram na sala de reuniões e se sentaram por lá mesmo, começando uma conversa onde o homem se pôs a perguntar tudo sobre atuação e Lucero conseguiu responder de maneira clara e até dava exemplos de acordo com o que já viveu. Mas tinha restado uma única dúvida em que Manuel estava morrendo de vergonha de perguntar.

− Lu, só tem mais uma coisa que eu queria perguntar, mas não sei se devo. – Manuel desviou o olhar, passando a mão na testa.

− Pergunta. Estou aqui para qualquer dúvida. – Lucero sorriu.

− Como se dá beijo técnico? – Manuel perguntou de vez e olhou para Lucero, envergonhado.

Lucero parou de sorrir aos poucos e se levantou, indo para longe de Manuel e ficando de costas. Realmente era uma pergunta bastante embaraçosa, mas ela tinha que agir como profissional, afinal era isso que ela era e foi ela que se prontificou a ajudá-lo com suas dúvidas, então ela que lidasse com cada uma.